Há 73 anos, no dia 08 de maio, a Segunda Guerra Mundial foi
encerrada na Europa. As tragédias que este conflito provocou causarão
assombro na mente das pessoas para sempre e um dos pontos mais infames
de toda a guerra foi o funcionamento dos campos de concentração. E houve
uma princesa que sofreu na pele as desventuras de ser enviada para um
desses lugares. Esta é a história que prova que as mazelas da guerra
também afetaram as cabeças coroadas e, nesse caso em particular,
pertencer a uma família real foi mais um fardo do que um benefício.
Mafalda Maria Elisabetta Anna Romana de Savóia, Princesa da Itália,
nasceu no dia de finados de 1902, o que foi considerado sinal de mau
augúrio por muitas pessoas. Segunda filha do Rei Vítor Emanuel III e da
Rainha Elena, recebeu uma primorosa educação, com enfoque nas artes e na
música. Muito bonita e próxima de sua mãe, Mafalda era a companheira
mais constante da Rainha durante as visitas aos hospitais de feridos na
Primeira Guerra Mundial.
Em 1925 Mafalda se casou com o Príncipe
Philipp, Landgrave de Hesse, um sobrinho do Kaiser Guilherme II, e se
mudou para a Alemanha. Contudo, Philipp, da mesma forma que seu irmão
Christoph, se tornou um membro muito ativo do Partido Nazista. Isso fez
com que Mafalda passasse a ser vista como uma intermediária entre o
Terceiro Reich e a Itália dominada pelo fascismo, posição que ela nunca
desempenhou de fato.
Isso tanto é verdade que, durante a Segunda
Guerra Mundial, Hitler disse que ela era o membro mais podre da Casa
Real Italiana, justamente porque ela não incentivava suas políticas
racistas de extermínio judeu. Joseph Goebbels, na mesma linha de
raciocínio, só que bem mais vulgar, disse que ela era a maior “cuzona”
em toda a Casa Real da Itália. Há menções de que ele escreveu em seu
diário que ela era a pior puta italiana.
A gota d’água veio
quando as forças italianas se renderam aos aliados. Quando isso
aconteceu, Mafalda estava na Bulgária, participando do funeral de seu
cunhado, Boris III. Ali ela recebeu uma ligação de Karl Hass, do alto
comando alemão, dizendo que seu marido estava em prisão domiciliar na
Bavária e que seus filhos haviam sido enviados ao Vaticano, que
oferecera refúgio. Karl disse ainda que o marido de Mafalda tinha uma
mensagem importante para ela, que deveria ir até a embaixada.
Contudo, quando chegou à embaixada alemã, Mafalda foi presa,
supostamente por estar envolvida em atividades subversivas. O que
acontece, contudo, é que ela foi feita refém para impedir que o seu pai,
Vítor Emanuel III, se opusesse aos interesses alemães na guerra.
Mafalda era um trunfo. A princesa foi levada para Munique para ser
interrogada, depois para Berlim e, finalmente, para o campo de
concentração de Buchenwald. Quando o governo nazista percebeu que Vítor
Emanuel III pouco podia fazer para evitar a caída da Itália nas mãos
aliadas, decidiu então que Mafalda deveria ser tratada com um rigor
maior que o normal. E ela sofreu por quase um ano no campo de
concentração.
No dia 24 de agosto de 1944 os aliados bombardearam
uma fábrica dentro de Buchenwald. Mafalda ficou gravemente ferida e
suportou várias queimaduras em um dos braços. Rapidamente, as
queimaduras provocaram uma violenta infecção. A princesa foi submetida a
uma cirurgia dois dias depois, para amputação do membro, mas morreu em
decorrência de uma violenta hemorragia e das péssimas condições de
higiene no local..
A duas prisioneiras italianas que estavam com
ela, disse logo após o bombardeio: "Lembrem-se de mim não como uma
princesa italiana, mas como uma irmã italiana". Seus familiares só
souberam de sua morte após o término da guerra.
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