quarta-feira, 9 de maio de 2018

HAILE SELASSIE: O REI DOS REIS, O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ, O DEUS RASTAFÁRI

No dia 05 de maio de 1941, o Imperador Haile Selassie I da Etiópia retornou para seu país e foi aclamado pelo povo nas ruas de Addis Abeba. Durante os últimos cinco anos ele havia morado na Europa, durante a ocupação italiana da Etiópia. Nascido em 1892 e batizado como Tafari Makonnem, ele era um Rás (Príncipe, em aramaico). Casou-se com uma filha do Imperador Menelik II aos 19 anos e tornou-se regente do país aos 25. Aos 38, tornou-se Imperador e Rei dos Reis da Etiópia, Leão Conquistador da Tribo de Judá e Eleito de Deus, com o nome de Haile Selassie I. Membro da Casa de Salomão, ele era considerado descendente direto do Rei Salomão e da Rainha de Sabá.
Enquanto ainda era regente, Haile Selassie aboliu a escravidão no país. Quando a Itália ocupou a Etiópia, em 1935, o Imperador comandou seus exércitos na linha de frente e fez um emocionado discurso na Liga das Nações contra as armas de destruição em massa, que os italianos haviam utilizado no país.
Embora tenha promulgado uma Constituição em 1955, criado o sufrágio universal na Etiópia e dado ao país sua primeira universidade, Haile Selassie era um monarca com poderes absolutos e maneiras excêntricas. Tinha um pequeno cachorrinho cujo hábito mais famoso era urinar nos pés dos visitantes, que, por educação, não podiam esboçar qualquer reação; um dos empregados, então, percorria os salões com um pano, enxugando os pés dos convidados.
De baixa estatura, Haile Selassie tinha uma formidável coleção de almofadas que eram colocadas sob os seus pés quando se sentava no Trono, para que eles não ficassem balançando no ar. Também falava baixo, no ouvido de um de seus ajudantes de ordens; este ajudante era o encarregado de transmitir suas ordens aos demais, o que gerava um efeito muito bom, pois se a notícia agradasse ao povo, era um sinal da bondade infinita do monarca, mas se desagradasse, certamente isso seria um erro do ajudante de ordens, que não entendeu direito o que Sua Majestade havia dito.
Considerando-se a si mesmo o Leão da Tribo de Judá, Haile Selassie tinha vários leões em seu palácio. Tais animais eram muito bem cuidados e recebiam a visita frequente, quase diária, do Imperador. Um desses momentos pode ser visto abaixo.
Haile Selassie sangrava os cofres de seu pais com visitas às províncias. Isso porque, a cada vez que ele se deslocava, todas as cidades do caminho precisavam ser “maquiadas” e renovadas para sua passagem, a fim de ocultar a fome e a pobreza da Etiópia. Respeitado internacionalmente, o Imperador não conseguiu levar adiante um conjunto de reformas eficiente para a Etiópia e nem evitou a disseminação da miséria no país. Paralelamente, os estudantes da nova universidade passaram a ter ideias liberais e a se manifestarem publicamente contra o regime, o que implicou numa severa perseguição estatal.
Haile Selassie foi o primeiro Chefe de Estado estrangeiro a conhecer Brasília, logo após sua inauguração, em 1960. Quando estava aqui, em visita oficial, foi alvo de uma tentativa de golpe fracassada. Em setembro de 1974, um novo golpe militar foi bem sucedido. O idoso Imperador, então com 82 anos, foi mantido preso em seu palácio até a morte, em agosto do ano seguinte. Provavelmente morreu acreditando que tudo não passava de uma brincadeira de seus generais e que ele ainda detinha o poder.
Quanto ao movimento Rastafári, este surgiu na Jamaica, na década de 1920. Ali, o missionário Marcus Garvey levou ao conhecimento dos recentemente libertados escravos jamaicanos a imagem de um soberano negro e poderoso, símbolo de resistência, encarnação da Tribo de Judá. Não foi preciso muito para que ele passasse a ser adorado como um deus.

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