No dia 05 de maio de 1941, o Imperador Haile Selassie I da Etiópia
retornou para seu país e foi aclamado pelo povo nas ruas de Addis Abeba.
Durante os últimos cinco anos ele havia morado na Europa, durante a
ocupação italiana da Etiópia. Nascido em 1892 e batizado como Tafari
Makonnem, ele era um Rás (Príncipe, em aramaico). Casou-se com uma filha
do Imperador Menelik II aos 19 anos e tornou-se regente do país aos 25.
Aos 38, tornou-se Imperador e Rei dos Reis da Etiópia, Leão
Conquistador da Tribo de Judá e Eleito de Deus, com o nome de Haile
Selassie I. Membro da Casa de Salomão, ele era considerado descendente
direto do Rei Salomão e da Rainha de Sabá.
Enquanto ainda era
regente, Haile Selassie aboliu a escravidão no país. Quando a Itália
ocupou a Etiópia, em 1935, o Imperador comandou seus exércitos na linha
de frente e fez um emocionado discurso na Liga das Nações contra as
armas de destruição em massa, que os italianos haviam utilizado no país.
Embora tenha promulgado uma Constituição em 1955, criado o sufrágio
universal na Etiópia e dado ao país sua primeira universidade, Haile
Selassie era um monarca com poderes absolutos e maneiras excêntricas.
Tinha um pequeno cachorrinho cujo hábito mais famoso era urinar nos pés
dos visitantes, que, por educação, não podiam esboçar qualquer reação;
um dos empregados, então, percorria os salões com um pano, enxugando os
pés dos convidados.
De baixa estatura, Haile Selassie tinha uma
formidável coleção de almofadas que eram colocadas sob os seus pés
quando se sentava no Trono, para que eles não ficassem balançando no ar.
Também falava baixo, no ouvido de um de seus ajudantes de ordens; este
ajudante era o encarregado de transmitir suas ordens aos demais, o que
gerava um efeito muito bom, pois se a notícia agradasse ao povo, era um
sinal da bondade infinita do monarca, mas se desagradasse, certamente
isso seria um erro do ajudante de ordens, que não entendeu direito o que
Sua Majestade havia dito.
Considerando-se a si mesmo o Leão da
Tribo de Judá, Haile Selassie tinha vários leões em seu palácio. Tais
animais eram muito bem cuidados e recebiam a visita frequente, quase
diária, do Imperador. Um desses momentos pode ser visto abaixo.
Haile Selassie sangrava os cofres de seu pais com visitas às províncias.
Isso porque, a cada vez que ele se deslocava, todas as cidades do
caminho precisavam ser “maquiadas” e renovadas para sua passagem, a fim
de ocultar a fome e a pobreza da Etiópia. Respeitado internacionalmente,
o Imperador não conseguiu levar adiante um conjunto de reformas
eficiente para a Etiópia e nem evitou a disseminação da miséria no país.
Paralelamente, os estudantes da nova universidade passaram a ter ideias
liberais e a se manifestarem publicamente contra o regime, o que
implicou numa severa perseguição estatal.
Haile Selassie foi o
primeiro Chefe de Estado estrangeiro a conhecer Brasília, logo após sua
inauguração, em 1960. Quando estava aqui, em visita oficial, foi alvo de
uma tentativa de golpe fracassada. Em setembro de 1974, um novo golpe
militar foi bem sucedido. O idoso Imperador, então com 82 anos, foi
mantido preso em seu palácio até a morte, em agosto do ano seguinte.
Provavelmente morreu acreditando que tudo não passava de uma brincadeira
de seus generais e que ele ainda detinha o poder.
Quanto ao
movimento Rastafári, este surgiu na Jamaica, na década de 1920. Ali, o
missionário Marcus Garvey levou ao conhecimento dos recentemente
libertados escravos jamaicanos a imagem de um soberano negro e poderoso,
símbolo de resistência, encarnação da Tribo de Judá. Não foi preciso
muito para que ele passasse a ser adorado como um deus.
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