terça-feira, 28 de agosto de 2018

Achados de mais de 48 mil anos revelam primeiros sinais do homem moderno.

Um “giz de cera”, miçangas feitas de concha, ossos esculpidos e outros tantos objetos que datam de mais de 48 mil anos. Esses foram os tesouros achados por arqueólogos da Universidade Nacional da Austrália no sítio de Panga ya Saidi, caverna localizada em Mombasa, no Quênia.

Os mais de 30 mil artefatos pré-históricos encontrados permitiram que os pesquisadores conhecessem melhor o período da Idade da Pedra Tardia, época que teve início há 67 mil anos e está associada ao surgimento do comportamento e à cultura do homem moderno na África.

“Começamos a ver ossos decorados, miçangas feitas de conchas marinhas ou de cascas de ovos de avestruz, ferramentas de pedra em miniatura e ossos esculpidos em objetos, tais como pontas de flechas”, afirma o arqueólogo Ceri Shipton, autor do estudo, ao EurekAlerta. “Esses objetos datam ao período mais antigo em que esse comportamento moderno é observado”, completa.

De acordo com os pesquisadores, a caverna de Panga ya Saidi remonta a 78 mil anos e é o único sítio arqueológico em todo o litoral da África Oriental que contém registros de habitação humana moderna. Todos os outros estão localizados na África do Sul e no Vale do Rift, ao leste do continente.

“Esse é o sítio arqueológico mais bonito em que eu já trabalhei. Logo que o vi, sabia que era especial”, explica o pesquisador Shipton. “Ele contém incríveis níveis de preservação com muitos artefatos em ótimas condições.”

Outra particularidade da caverna de Panga ya Saidi é que ela está localizada dentro de uma floresta tropical. Naquela época, os Homo sapiens costumavam viver em áreas mais abertas e caçavam animais maiores.

Em contrapartida, ao morar em áreas de vegetação fechada, os indivíduos deveriam optar por se alimentar de bichos menores, como pequenos macacos e veados – animais que, segundo Shipton, exigem ferramentas mais sofisticadas para serem caçados.

“O que é surpreendente nesses artefatos encontrados são as inovações tecnológicas e materiais, e a habilidade de utilizá-los em ambientes de florestas e savanas. Foi esse tipo de flexibilidade comportamental que permitiu que nossa espécie povoasse o resto do mundo, além da África”, afirma o arqueólogo.

Durante a expedição, também foram realizados estudos de datação arqueomagnética dos sedimentos da caverna, cujos resultados indicam que as ferramentas de pedra mais eficientes foram criadas durante um período glacial particularmente frio e seco.

Fonte: O estudo foi publicado no periódico científico Nature.

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