segunda-feira, 31 de julho de 2017

Vista aérea da Praça Joaquim Gaudêncio - Serra Branca - PB


O Faraó Tutancâmon.

Um dos maiores “crimes” da arqueologia continua sem solução. O faraó Tutancâmon, que viveu no século 14 a.C., teria sido traído e assassinado com uma pancada na cabeça aos 19 anos por alguém de sua inteira confiança. Ou não.
Quem matou Tutancâmon? http://abr.ai/UBWTQ0

No dia 31 de julho de 1903, é fundada a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB).

A IPIB é uma igreja que tem suas raízes na Reforma Protestante do século XVI com orientação calvinista. Foi fundada por um grupo de sete pastores liderados pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira de Magalhães (1856-1923).
As causas que levaram à criação da Igreja Presbiteriana Independente remonta aos anos finais do século XIX. Questões missionárias e educacionais levaram o Rev. Eduardo Carlos Pereira a entrar em conflito com os missionários norte-americanos.
Em 1886 ele apresentou um Plano de Missões Nacionais com a intenção de tornar a igreja brasileira auto-suficiente o mais rápido possível para sustentar pastores, professores e evangelistas.
Na imagem, Sínodo de 1903 em São Paulo.


domingo, 30 de julho de 2017

Antigo Desfile Cívico de Serra Branca - PB


Igreja Nossa Senhora da Conceição - Serra Branca - PB


Antigo Casarão serra-branquense.


Vivien Thomas, pioneiro da cirurgia cardíaca, em 1940.

Vivien foi um técnico cirúrgico americano que auxiliou no desenvolvimento de procedimentos importantes. Com um limitado grau de educação formal e sem nunca ter cursado uma faculdade, Thomas lutou contra a pobreza e o racismo para se tornar um pioneiro na área da cirurgia cardíaca e um professor para estudantes que se tornariam os melhores cirurgiões dos Estados Unidos. Em meio a uma época extremamente racista nos EUA, Vivien Thomas recebeu o título de Doutorado Honorário.

sábado, 29 de julho de 2017

No dia 28 de março de 1968, durante o período da ditadura militar brasileira, morreu em confronto com a polícia o estudante Édson Luís no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro.

Temendo que a polícia sumisse com o corpo, os estudantes não permitiram que o levassem para o Instituto Médico Legal (IML). Seu enterro mobilizou mais de 50 mil pessoas no Rio.
A morte de Edson Luís desencadeou uma grande mobilização de universitários e estudantes contra a Ditadura Militar, até a promulgação do Ato Institucional n. 5 (AI-5)

A história bizarra que deu origem à Síndrome de Estocolmo

Há 43 anos, em Estocolmo, na Suécia, um assalto a banco deu origem ao nome da síndrome. Na ocasião estavam um assaltante, Jan-Erik Olsson, um presidiário e quatro funcionários da agência bancária, que permaneceram juntos durante seis dias e, com o passar do tempo, acabaram desenvolvendo uma forte relação afetiva.

Prof. Juca e os alunos da Escola Estadual Senador José Gaudêncio participantes do Projeto: Racismo? Tô Fora! Somos Todos Iguais.


A Inquisição no Brasil.

Entre os séculos 16 e 18, a Inquisição da Igreja Católica investigou o Brasil, à época colônia portuguesa. Prendeu mais de mil pessoas e mandou 29 para a fogueira.

História: O matriarcado de Santa Rosa,quem foi dona Adriana de Oliveira Lêdo.

É certo que a Paraíba, em especial o Cariri, constituí um caso excepcional da História. Não sei se constitui uma exceção à toda regra ou o que a História Social anda pregando é falso. Bom, é sabido que no Brasil e em suas escolas, prega-se constantemente que o passado brasileiro, em especial tudo que anteceda à Nova República era caótico, ríspido, corrupto, ridículo e antiquado. Em especial a política, a ordem social e a predominância do sexo masculino. Falo das reportagens, livros de história e constantes manifestações e argumentações que afirmam que a história do Brasil e do Nordeste foi marcada pela opressão feminina e sua falta de voz expressiva na sociedade. A mulher era incapaz, não era dona de si, pois não votava, não possuía trabalho fora de casa, não gerenciava sua vida ou a vida da casa, vivia em função da figura "opressora" do marido. Para bem dizer, é verdade na grande maioria dos casos. A mulher, em especial a dos setecentos e oitocentos (séc. XVIII-XIX) não era propriamente dona de si. Casava sob arranjo, cedo, em geral, com um homem mais velhos, rapidamente era engravidada, vivia para as muitas gestações. Lembro de minha genealogia em que minha avó esteve grávida 23 vezes, meu bisavô teve 17 filhos com três mulheres diferentes, das quais a primeira teve dez do total e faleceu aos trinta e seis anos. Quer dizer, estas mulheres passaram a maior parte de suas vidas grávidas. Isto é um ponto crítico de uma mentalidade de uma época inteira, não fruto de um conflito entre os sexos, uma pena aos olhos de hoje, verdadeiramente triste para todos nós, porém não podemos julgá-los, isto fez parte da cultura. Assim como daqui a 100 anos ou mais a sociedade que nos sucederá, poderá achar um absurdo a quantidade de tempo que passamos usando dispositivos eletrônicos, filmando, registrando e compartilhando problemas de nossa época enquanto eles ficam sem solução na rua. Bom, isto é algo a se pensar.
              Seja como for, parece que houveram aquelas mulheres que possuíram personalidades fortes, mulheres empreendedoras e verdadeiramente espíritos livres. A simples existência do Solar de Sancta Roza ou Solar de Adriana é exemplo do que estou me referindo. Porém, suas raízes são bem mais profundas que isto.
              O genealogista Antônio Pereira de Almeida já havia levantado a hipótese de que Custódio de Oliveira Lêdo, pai do Capitão-Mor Teodósio, havia sido filho de Bartolomeu Lêdo, o oleiro do Morgado do Cabo de Santo Agostinho com a mameluca Anna Lins (1). Embora sempre a história refira-se a Anna Linss como mameluca, pois sua mãe era a índia tapuia Felipa Roiz Rodrigues, seu pai foi Rodrigo Linss Von Dorndorf da nobreza plutocrata teuto-lusitana, que há muito habitava Portugal vindos do Sacro Império Romano Germânico (2). Assim, Anna Linss, estudou na escola para meninas de Dona Branca Dias Coronel, onde recebeu educação da corte e mais tarde travou uma enorme delação contra a católicos que praticavam a religião judaica em segredo ao Tribunal do Santo Ofício. Bem, até aqui parecia que estes fatos estavam velados aos historiadores e genealogistas paraibanos como Francisco de Assis Ouriques Soares e Tarcízio Medeiros Dinoá. Embora estes tenham feito trabalho meticuloso, foi um empreendimento genealógico sobre os Lins do Rio Grande Sul que revelaram estes fatos. Anna Linss travou uma longa batalha de delações com as filhas de Branca Dias, sendo acusada de ter envenenado seu pai, porém, ao passo que caminhou a história,, a denúncia foi infundada, culminando com a exumação do corpo de Dona Branca sua transposição à Portugal para execução de um auto de fé, além é claro de suas filhas também terem sido levadas ao Tribunal na Europa para caminhamento do processo.
             Adriana de Oliveira Lêdo, foi bisneta de Anna Linss (ou Hanna, em alemão). Filha de Teodósio, foi ela quem assumiu o legado do seu pai na região que se chamava Vale do Santa Rosa. Teodósio fundara a fazenda, porém a concedera à sua filha e genro, o Capitão Agostinho Pereira Pinto que faleceu deixando a esposa e três filhos. Adriana poderia ter contraído núpcias novamente, no entanto, tomou para si o gerenciamento de seu Solar de onde partiu toda sua fama. Surpreendentemente a edificação ainda estava de pé quando Epaminondas Câmara escreveu "Municípios e Freguesias da Paraíba", quase trezentos anos depois, descrevendo-o como:

           "o nome da soberba Casa-Grande de Agostinho Pereira Pinto, em Santa Rosa, transmitiu-se, como título honorífico, a toda família, cujos membros presumiam possuir credenciais de uma espécie de fidalguia ou nobreza peninsular" (CÃMARA, 1999:51) (3)

       
   E de fato o eram, como descrevi anteriormente, sobre as leis de nobreza e fidalguia que prevaleciam em todo território português e seu Império Ultramarino (4). Sendo assim, é possível, inferir que se tratou de uma ironia de Epaminondas Câmara que posteriormente relembra ao leitor:

           "(...) uma vez construídas, não passavam mais por reforma para melhorar. Seus proprietários, tão cuidadosos em arranjar o maior número possível de escravos e obter patentes das ordenanças e das milícias montadas, descuidavam-se do conforto das mesmas e da educação dos filhos. As casas, mesmo as mais prósperas, tinham muito a desejar para a época."
           O exemplo dos grandes solares da Várzea não os impressionava. Bastavam as honras de capitão e sargento-mor, a posse dos lati-fúndios, a promiscuidade das senzalas, os campos cheios de gado e o dinheiro de ouro e prata enterrado, ou escondido no baú de couro... o mais era fantasia que não enchia barriga de ninguém. Móveis de jacarandá, tapeçarias, serviços de prata, brocados, correntões de ouro, gibões, almofas, serpentinas, etc., eram luxo do "povo lá de baixo". Interior era interior e gente "Lorde" não andava por aqui". (CÂMARA, 1998:21)(3)

            Enganou-se o mestre Câmara neste quesito, por falta de articulação de documentação e livros especializados da época. Sabemos hoje que nem mesmo a família real na corte de Dom João VI teve estrutura para toda a pompa que mantinha na Europa, sendo necessário o uso do "palácio" do Conde dos Arcos, que, na verdade, era um Solar com o de Várzea, outras casas e propriedades e também o Convento das Carmelitas. Não haviam palácios com torres no Brasil, em lugar nenhum. No "Carery", como se escrevia no séc. XVIII, não foi diferente.  Embora houvessem pequenos solares mimosos aos olhos que vê, como a casa de Teodósio em Olivedos, a qual apresenta-se com estilo colonial, próprio de hotéis turísticos portugueses como o Casa da Várzea. É verdade que nossos solares era construídos de pau à pique e outros de tijolos e cal, porém eram grandes casas, de duas e quatro águas com grandes terraços para amenizar o calor, grandes currais e nenhuma senzala. A escravidão foi esparsa no Carery, sendo exatamente a região de Boa Vista conhecida pelos "galegos", pessoas loiras, devido a endogamia (3), que consistia no casamentos entre aparentados, primeiramente por falta de pessoas para casar, lembrando que os sertões eram praticamente inabitados e que um rapaz vindo de Pernambuco ou Portugal era muito disputado com dotes e terras (2), segundo porque a interação com os indígenas ainda era complicada, principalmente depois da Guerra dos Bárbaros, além é claro de que o trabalho agrícola e de criação de gados não requeria tanta mão de obra. Por fim, acredito que Paulo de Araújo Soares fora um grande senhor na região, correspondeu-se com ninguém menos que José Bonifácio de Andrade, cavaleiro da Ordem de Cristo, Regente do Brasil, durante a menoridade de Dom Pedro II. Finalmente, sobre Adriana consta que após a viuvês, não só tomou para si a gerência do Solar de Sancta Roza como também a regências das terras de criação de gado na sesmaria que fora de seu pai e cedida à seu marido, invocando assim a boa vontade do Rei Sol Português, Dom João V:

              "Nº 326 de 22 de Fevereiro de 1744

            D. Adriana de Oliveira Ledo, viuva que ficou de Agostinho Pereira Pinto, moradora e senhora do sitio Santa Rosa do sertão do Cariry, termo desta capitania, o qual houve por legitima de sua defunta mãi Izabel Paes, cujo sitio é de crear gados, e porque nelle lhe não cabem os que possue, e nas suas ilhargas pelo riacho chamado Santa Rosa acima, donde vem o nome ao dito sitio, se acham umas sobras que pela parte do nascente entestão com os sitios chamados as Antas e S. Pedro, e pela do poente com os sitios chamados Riacho do Padre e Caifaz, e pelo dito riacho de Santa Rosa acima até entestar com a provida Dona Cosma Tavares Leitão, e para a supplicante poder possuir as ditas sobras com seos filhos Dona Izabel Pereira de Almeida e Agostinho Pereira Pinto, que tambem possuem seos gados, lhe é necessario tirar carta de sesmaria, na forma das ordens reaes, das ditas sobras com todas as vertentes dos mais riachos que correm para o dito sitio da supplicante, que por falta d'agua se acham devolutos e desaproveitados e nunca foram povoadas por pessôa alguma, pedia, portanto, em conclusão, que lhe fosse concedida em sesmaria as ditas sobras com as confrontações acima declaradas para a supplicante e seos herdeiros poderem melhor accommodar seos gados. Foi feita a concessão de tres leguas de comprimento e uma de largura, no governo de Pedro monteiro de Macedo."
(2)

                Não tardou para que ainda neste século, surgissem mais propriedades e fazendas da mesma estirpe que o solar e sob a sombra e influência de Dona Adriana. Casa-Grande da Boa Vista, Casa-Grande do Matumbo, Casa-Grande do Logradouro, Casa-Grande do Olho D'Àgua, Casa-Grande da Barra da Malhadinha, Casa-Grande do São Joãozinho, Casa-Grande do Caluête, etc. Todas fundadas por filhos, filhas e genros da matriarca. Assim, o Vale de Santa Rosa passou a ser dividido entre os descendentes de Dona Adriana e de Teodósio de Oliveira Lêdo, pois como não haviam constituído morgado, coube que seus descendentes rasgaram o mapa do Cariri entre retalhos para a fundação de muitas outras famílias que hoje constituem o interior da Paraíba. Também não tardou para que o esforço feminino fosse recompensado, pois sob seu comando, conseguiu reunir em torno de quatorze grandes fazendas. Digno de um senhorio europeu, um pequeno baronato, sob o qual a matriarca exercia influência com o espírito de uma verdadeira baronesa. Em seu inventário, declarou possuir cerca de treze mil réis, desejável fortuna para a época. Além também de ter negociado nove mil cabeças de gado. Sendo assim, Dona Adriana de Oliveira Lêdo, fora sem dúvida a herdeira do primeiro núcleo familiar construído em pedra, fazendo dela verdadeira fidalga de solar e linhagem, como também a maior criadora de gado do Cariri, que segundo Caio Prado Júnior:

        "Em meados do séc. XVIII o sertão do Nordeste alcança o apogeu do seu desenvolvimento. O gado nêle produzido abastece sem concorrência todos os centros populosos do litoral desde o Maranhão até a Bahia".(3).

            Pode ser que Dona Adriana não tenha herdado o prestígio dos títulos de seu pai, no entanto, foi sem dúvida sua herdeira principal, regendo suas posses, gado, descendentes e transmitindo a influência política e riqueza à seu neto o Sargento-mor Paulo de Araújo Soares. Não houve títulos que  coubessem à uma mulher nos Sertões entre as fronteiras do rio Piranhas, Piancó e do Cariri, nem mesmo morgado para lhe ser transmitido, mas coube a Adriana, ser o varão de saias dos Oliveira Lêdo, uma vez que Francisco, seu irmão não deixara descendência (6). Foi ela a responsável pela manutenção do nome e da história da formação do interior paraibano.
Imagem
Provável aspecto do que fora o Solar de Sancta Roza.
Imagem
Casa de Teodósio de Oliveira Lêdo em Olivedos-PB.
Referências Bibliográficas:

(1) –Antônio Pereira de Almeida.  “Os Oliveira Lêdo – De Teodósio de Oliveira Lêdo à Agassiz Pereira de Almeida” vol. 1.
(2)-Tarcízio Medeiros Dinoá. "Ramificações Genealógicas do Cariri Paraibano". Cergraf.
(3)- Francisco de Assis Ouriques Soares. "Bôa Vista de Sancta Roza". Da fazenda à municipalidade. Epgraf.
(4)-WIEDERSPAHN, Henrique Oscar. Lins (LynsenLinnsLinss). ... Vol. II. São Paulo: [Instituto Hans Staden], 1962. p315

Arco do Triunfo em Paris.

Em 29 de julho de 1836 foi inaugurado o Arco do Triunfo em Paris. A obra começou em 1806, por ordem de Napoleão
Bonaparte; foi suspensa com a restauração da monarquia; e
retomada, então, em 1825.

Antiga Praça Dom Adauto, hoje Praça Joaquim Gaudêncio - Serra Branca - PB


sexta-feira, 28 de julho de 2017

A cobra vai fumar! - A participação do Brasil na Segunda Guerra.

“É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra.” Comentários desse gênero se espalharam pelo País no começo dos anos 1940. Fazia todo o sentido. O governo Getúlio Vargas não se decidia. Algumas vezes, pendia para o lado da Alemanha nazista. De outras, parecia inclinado a favor dos Estados Unidos.
Enquanto a calmaria vigorava no Atlântico Sul, Getúlio conseguiu fazer o jogo duplo. À frente de uma ditadura – o Estado Novo –, manteve no Ministério simpatizantes dos dois extremos do conflito. Ao mesmo tempo, tentava fechar acordos comerciais com quem oferecesse mais. A situação mudou depois que navios mercantes brasileiros começaram a ser atacados.

Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 1964.

Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas ocorridas entre 19 de março e 8 de junho de 1964 no Brasil em resposta à suposta "ameaça" comunista representada pelo discurso em comício realizado pelo então presidente João Goulart em 13 de março daquele mesmo ano. No contexto da Guerra Fria e da polarização entre os Estados Unidos e a União Soviética, estas idéias foram vistas como um passo em direção à implementação de uma ditadura socialista.
Vários grupos sociais, incluindo o clero, o empresariado e setores políticos diversos se organizaram em marchas, levando às ruas mais de um milhão de pessoas com o intuito de derrubar o governo Goulart. Ela foi organizada por grupos como Campanha da Mulher pela Democracia (CAMDE), União Cívica Feminina (UCF), Fraterna Amizade Urbana e Rural, Sociedade Rural Brasileira, dentre outros grupos, recebendo também o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)e do controverso Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Na ocasião, foi distribuído o "Manifesto ao povo do Brasil" pedindo o afastamento de Goulart da presidência.
Após a deposição do presidente pelos militares em 1 de abril, as marchas passaram a se chamar "Marchas da Vitória".

José Francisco de San Martin proclama i Independência do Peru.

No dia 28 de julho de 1821, No contexto dos movimentos de independência das colônias Íbero-Americanas, o general argentino José Francisco de San Martín y Matorras - mais conhecido como San Martín - proclama a INDEPENDÊNCIA DO PERU.
Na imagem, San Martín proclama a independência do Peru, tela de Juan Lepiani.

Garimpo de ouro em Serra Pelada (PA), no início da década de 1980


Professor Juca e as alunas do 3° C da Escola Estadual de Ensino Médio Senador José Gaudêncio - Serra Branca - PB - 28/07/2017.


quarta-feira, 26 de julho de 2017

O Código de Hammurabi.

O Código de Hammurabi é o famoso conjunto de diretrizes que, entre outras, expõe a lei de talião: "olho por olho, dente por dente".
O imperador que dá nome ao código foi um conquistador temido e político habilidoso. Hammurabi usava suas vitórias militares para impor a ordem na Mesopotâmia, apoiado no conjunto de leis que marcou a história do Direito: http://abr.ai/1pNsGYa

Juscelino Kubitschek.

Imagine um país que fosse campeão mundial em esportes e ganhasse todos os grandes prêmios do cinema. Pense numa economia em que os dólares não parassem de entrar. E imagine ainda que essa terra tivesse uma nova capital, construída do zero, e que ela fosse a cidade mais moderna do planeta inteiro.
Esse país, acredite, existiu: era o Brasil. Entre 1955 e 1960, Juscelino Kubitschek fez o país acreditar que estava entrando no Primeiro Mundo. O que foi que deu errado? http://abr.ai/1pNr3JY

Nefertiti.

Poucas vezes nos quase 10 mil anos da história da humanidade a pessoa mais poderosa do mundo foi uma mulher. No Egito, no entanto, uma bela rainha liderou o maior império do século 14 a.C.

No dia 26 de julho, celebra-se o aniversário do início da Revolução Cubana.

Em Cuba, as grandes mudanças têm data certa para ocorrer: 1º de janeiro. Foi nesse dia, em 1899, que a bandeira da Espanha desceu dos mastros do país, e subiu o símbolo dos novos donos da ilha: os Estados Unidos. Foi também em 1º de janeiro, no ano de 1959, que Fidel Castro derrubou Fulgêncio Batista - e sua influência americana - e subiu ao poder após uma longa luta: http://abr.ai/1pNvsN0


Maurício de Souza, em 1964, com as filhas Maria Angela, Mônica e Magali.


segunda-feira, 24 de julho de 2017

Santos Dumont

HOJE NA HISTÓRIA: Há 82 anos, morria Santos Dumont. Muito antes de Pelé e Ayrton Senna, ele foi o primeiro a conseguir projeção internacional empunhando a bandeira verde e amarela. Muitos conhecem a saga do “pai da aviação”, mas pouca gente sabe realmente quem foi o personagem que se aventurou a desbravar os céus.

Simón Bolívar .

Hoje (24/7), o líder político sul-americano Simón Bolívar (1783-1830) faria aniversário! Filho de aristocratas espanhóis, Bolívar é considerado herói, revolucionário e libertador na América Latina por ter comandado as revoluções que promoveram a independência da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
Conheça mais sobre a trajetória política de Bolívar em:
- Uma estrada rumo ao Pan-americanismo (http://bit.ly/1OvC6o8)
- Os feitos políticos X as crenças pessoais de líderes da América Latina (http://bit.ly/1LBjS4w

24 de julho de 1911 Descoberta de Machu Picchu Situada a mais de 2.000 metros de altura na cordilheira dos andes, Machu Picchu é uma das cidades incas melhor conservadas

Tal como hoje em 1911 o arqueólogo americano hiram bingham encontrou a cidade inca de Machu Picchu. Bingham, professor de história na Universidade de Yale, foi colocado na frente de uma expedição patrocinada por essa universidade, a fim de encontrar a cidade inca de vilcabamba. Conhecedor do interesse de bingham na cultura inca, o então reitor da Universidade de Santo António Abade de cuzco, o Dr. Giesecke, informou-o sobre a existência de ruínas incas na zona de mandor. Na manhã de 24 de julho, graças ao guia de um camponês e duas crianças, bingham conseguiu alcançar as ruínas de Machu Picchu. Embora o americano tenha sido o primeiro a descrever o lugar em sua obra Machu Picchu. A Citadel of the incas, os especialistas acreditam que outros estudiosos antes dele, como o alemão Augusto Berns, poderiam ter visitado antes o lugar fabuloso.

O Arqueólogo americano Hiram Bingham.

Em 24 de julho de 1911 o americano Hiram Bingham acha MACHU PICCHU, a cidade perdida dos incas, no Peru. Um dos pontos mais visitados do país, a cidade é considerada Patrimônio Cultural pela Unesco.

domingo, 23 de julho de 2017

D. Pedro II

Em 23 de julho de 1840, aos 14 anos de idade, PEDRO II aceita assumir o governo brasileiro e presta juramento diante da Assembleia Geral. O chamado “golpe da maioridade” dava início ao Segundo Reinado.

sábado, 22 de julho de 2017

Múmias do Atacama: as mais antigas do mundo Uma cultura pré-histórica da América do Sul que mumificava seus mortos dois mil anos antes dos egípcios. Conheça os Chinchorros, o povo do deserto de Atacama.

O deserto de Atacama, no norte do Chile estendendo-se até o sul do Peru, é considerado o mais seco e, segundo alguns especialistas, o mais velho do planeta. Ali foram descobertas as múmias mais antigas do mundo: as múmias da cultura Chinchorro, com mais de 7 mil anos de idade. Elas vieram à luz em 1917 graças ao trabalho de Federico Max Uhle, arqueólogo alemão que realizou importantes escavações no Peru, Chile, Equador e Bolívia. Mais recentemente, em outubro de 1983, a companhia de água Arica, ao realizar perfurações no deserto, encontrou um cemitério com 96 múmias Chinchorro: 27 do múmias mulheres, 20 do sexo masculino, 7 indeterminadas e 42 de crianças. As múmias Chinchorro, no Atacama A múmia de uma criança Chinchorro, enterrada no Vale do Camarones, ao sul de Arica, foi datada por radiocarbono em 5050 a.C. Isso a torna dois mil anos mais velha do que a mais antiga múmia do Egito Antigo. O que chama a atenção dos especialistas, é o fato dos Chinchorro realizarem mumificações em todos os membros de sua sociedade, independentemente da idade ou status – homens, mulheres, jovens, idosos, crianças, bebês e até fetos abortados – o que permite observações arqueológicas significativas sobre essa cultura. Das 282 múmias encontradas até agora, 29% delas eram resultado do processo natural de mumificação favorecido pelas condições ambientais: solo rico em nitratos combinado com a aridez do deserto. Os demais corpos, foram mumificados artificialmente seguindo uma técnica que variou ao longo do tempo. Foram encontrados grupos de até seis pessoas, possivelmente membros da mesma família, deitados lado a lado. Múmia de bebê Chinchorro. Múmia de bebê Chinchorro. Processo de mumificação dos Chinchorros Durante mais de três mil anos, os Chinchorros mumificaram seus mortos. Mas ao longo desse tempo (de 5050 a.C. a 1800 a.C.) o processo tornou-se mais complexo. A técnica mais antiga (5000 a 3000 a.C.), chamada de mumificação preta, o corpo era seco ao calor e tinha a carne e órgãos removidos, incluindo o cérebro, usando-se facas e espátulas de pedra. Mãos e pés eram preservados. Retirava-se a pele com cuidado e talvez ficasse imersa em água do mar para mantê-la macia e flexível, pois seria reutilizada. O esqueleto era desmembrado, limpo e novamente remontado. Para estabilizar o esqueleto, amarravam galhos e juncos nos ossos; uma vara reta prendia o crânio à coluna vertebral. Uma pasta feita de cinzas, grama, pelos, sangue de leão marinho, ovos de aves ou cola de peixe cobria todo o esqueleto dando-lhe volume. A pasta servia também para modelar os órgãos sexuais e para uma máscara com olhos, nariz e boca que compunham os traços faciais do morto. Em seguida a pele era recolocada, às vezes completada com pele de leão marinho. A pele era pintada com manganês preto o que dava a sua cor. Uma peruca de cabelo humano era colada no crânio. A partir de 3000 a.C., o manganês preto, talvez mais difícil de ser encontrado, foi substituído pelo ocre vermelho, muito comum nas rochas perto de Arica. A mumificação vermelha tinha uma técnica diferente: em vez de desmontar o corpo, faziam-se muitas incisões para remover os órgãos internos e secar a cavidade do corpo. O corpo era preenchido com vários materiais para lhe dar volume. As incisões eram costuradas com cabelo humano e utilizando um espinho de cacto como agulha. A peruca tinha cabelos mais longos, com até 60 cm de comprimento. Todo corpo era pintado de ocre vermelho. Algumas múmias apresentam várias camadas de tinta, indicando que elas receberam retoques periódicos devido ao desgaste. A terceira e última técnica de mumificação, realizada a partir de 2000 a.C. era a cobrir todo o corpo com uma espessa camada de argila, areia e cola de peixe. O corpo era conservado intacto, mantendo-se, inclusive, os órgãos internos. Processo de mumificação Chinchorro Processo de mumificação Chinchorro. O que as múmias revelam sobre os Chinchorros Os Chinchorros vieram dos Andes, descendo os rios da cordilheira até o mar. Estabeleceram-se na costa desértica do Chile e Peru por volta de 7000 a.C. atraídos pela abundância de recursos: anchovas, solha, corbina, algas, mexilhões, caranguejos, focas, leões marinhos, pelicanos, gaivotas e outros pássaros. Ao contrário do que se supunha inicialmente, os Chinchorros não eram nômades. Eles construíram aldeias permanentes de pesca onde viviam em torno de 30 a 50 pessoas. Estabelecidos em um lugar, eles puderam construir cemitérios onde realizavam ritos funerários possivelmente de veneração aos ancestrais. O cuidado com as múmias era um ritual que visava obter a proteção dos antepassados. Análises dos ossos e do conteúdo dos intestinos das múmias mostraram que os Chinchorro mantiveram a mesma dieta por cinco mil anos. Grande parte dela (75%) derivava da pesca marinha. O peixe era comido cru ou parcialmente cozido conforme atesta a presença de tênia no intestino de 19% das múmias. A dieta era completada com guanaco e veado caçados, e a coleta de tomates silvestres e hortelã. A expectativa média de vida dos Chinchorros era de cerca de 25 anos. Alguns adultos, contudo, atingiram os 30 anos e, uns poucos, chegaram aos 50 anos, uma longa vida para qualquer um na pré-história. Múmia de mulher Chinchorro. Múmia de mulher Chinchorro. Ao analisar os crânios, observou-se um alto índice de exostose auditiva (crescimento ósseo anormal) devido aos repetidos mergulhos, sem proteção auditiva, na água fria. Quase todos eram adultos do sexo masculino, o que indica que a pesca marinha era trabalho dos homens. Cerca de 18% deles tinham fraturas na parte inferior das costas ou artrite da coluna vertebral ocasionadas, possivelmente, por escorregões dos mergulhadores na costa rochosa. Entre as múmias mulheres, uma em cada cinco sofreu fraturas por compressão das vértebras, resultado do declínio da densidade óssea. Numerosas e seguidas gestações (a julgar pelo número de crianças) debilitaram as mães por tomaram-lhes cálcio e outros nutrientes do seu sangue e ossos. A difícil conservação das múmias As múmias Chinchorro estão guardadas no Museu Arqueológico San Miguel de Azapa, vinculado à Universidade de Tarapacá, na província de Arica, no norte do Chile. Extraídas de seu local de origem e expostas a danos por manuseio e de mudanças de clima, muitas múmias deterioraram-se mais na última década do que nos 5000 anos anteriores. O armazenamento adequado é caro e difícil. As múmias são frágeis, uma pequena batida no braço ou perna pode parti-lo em pedaços. Precisam de um ambiente com rigoroso controle de luz, temperatura e umidade. Sem essa proteção, uma das coleções arqueológicas mais surpreendentes da América pode virar pó antes que as múmias revelem mais segredos de nossos ancestrais. Múmia de criança Chinchorro. Múmia de criança Chinchorro. Fonte ARRIAZA, Bernardo. Beyond Death: The Chinchorro Momies of Ancient Chile. Washington: Smithsonian Press, 1995. _________. Chile’s Chinchorro Mummies. National Geographic, março 1995.

Obrigado por compartilhar. Lembre-se de citar a fonte: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/mumias-atacama-mais-antigas-do-mundo/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
O deserto de Atacama, no norte do Chile estendendo-se até o sul do Peru, é considerado o mais seco e, segundo alguns especialistas, o mais velho do planeta. Ali foram descobertas as múmias mais antigas do mundo: as múmias da cultura Chinchorro, com mais de 7 mil anos de idade. Elas vieram à luz em 1917 graças ao trabalho de Federico Max Uhle, arqueólogo alemão que realizou importantes escavações no Peru, Chile, Equador e Bolívia. Mais recentemente, em outubro de 1983, a companhia de água Arica, ao realizar perfurações no deserto, encontrou um cemitério com 96 múmias Chinchorro: 27 do múmias mulheres, 20 do sexo masculino, 7 indeterminadas e 42 de crianças. As múmias Chinchorro, no Atacama A múmia de uma criança Chinchorro, enterrada no Vale do Camarones, ao sul de Arica, foi datada por radiocarbono em 5050 a.C. Isso a torna dois mil anos mais velha do que a mais antiga múmia do Egito Antigo. O que chama a atenção dos especialistas, é o fato dos Chinchorro realizarem mumificações em todos os membros de sua sociedade, independentemente da idade ou status – homens, mulheres, jovens, idosos, crianças, bebês e até fetos abortados – o que permite observações arqueológicas significativas sobre essa cultura. Das 282 múmias encontradas até agora, 29% delas eram resultado do processo natural de mumificação favorecido pelas condições ambientais: solo rico em nitratos combinado com a aridez do deserto. Os demais corpos, foram mumificados artificialmente seguindo uma técnica que variou ao longo do tempo. Foram encontrados grupos de até seis pessoas, possivelmente membros da mesma família, deitados lado a lado. Múmia de bebê Chinchorro. Múmia de bebê Chinchorro. Processo de mumificação dos Chinchorros Durante mais de três mil anos, os Chinchorros mumificaram seus mortos. Mas ao longo desse tempo (de 5050 a.C. a 1800 a.C.) o processo tornou-se mais complexo. A técnica mais antiga (5000 a 3000 a.C.), chamada de mumificação preta, o corpo era seco ao calor e tinha a carne e órgãos removidos, incluindo o cérebro, usando-se facas e espátulas de pedra. Mãos e pés eram preservados. Retirava-se a pele com cuidado e talvez ficasse imersa em água do mar para mantê-la macia e flexível, pois seria reutilizada. O esqueleto era desmembrado, limpo e novamente remontado. Para estabilizar o esqueleto, amarravam galhos e juncos nos ossos; uma vara reta prendia o crânio à coluna vertebral. Uma pasta feita de cinzas, grama, pelos, sangue de leão marinho, ovos de aves ou cola de peixe cobria todo o esqueleto dando-lhe volume. A pasta servia também para modelar os órgãos sexuais e para uma máscara com olhos, nariz e boca que compunham os traços faciais do morto. Em seguida a pele era recolocada, às vezes completada com pele de leão marinho. A pele era pintada com manganês preto o que dava a sua cor. Uma peruca de cabelo humano era colada no crânio. A partir de 3000 a.C., o manganês preto, talvez mais difícil de ser encontrado, foi substituído pelo ocre vermelho, muito comum nas rochas perto de Arica. A mumificação vermelha tinha uma técnica diferente: em vez de desmontar o corpo, faziam-se muitas incisões para remover os órgãos internos e secar a cavidade do corpo. O corpo era preenchido com vários materiais para lhe dar volume. As incisões eram costuradas com cabelo humano e utilizando um espinho de cacto como agulha. A peruca tinha cabelos mais longos, com até 60 cm de comprimento. Todo corpo era pintado de ocre vermelho. Algumas múmias apresentam várias camadas de tinta, indicando que elas receberam retoques periódicos devido ao desgaste. A terceira e última técnica de mumificação, realizada a partir de 2000 a.C. era a cobrir todo o corpo com uma espessa camada de argila, areia e cola de peixe. O corpo era conservado intacto, mantendo-se, inclusive, os órgãos internos. Processo de mumificação Chinchorro Processo de mumificação Chinchorro. O que as múmias revelam sobre os Chinchorros Os Chinchorros vieram dos Andes, descendo os rios da cordilheira até o mar. Estabeleceram-se na costa desértica do Chile e Peru por volta de 7000 a.C. atraídos pela abundância de recursos: anchovas, solha, corbina, algas, mexilhões, caranguejos, focas, leões marinhos, pelicanos, gaivotas e outros pássaros. Ao contrário do que se supunha inicialmente, os Chinchorros não eram nômades. Eles construíram aldeias permanentes de pesca onde viviam em torno de 30 a 50 pessoas. Estabelecidos em um lugar, eles puderam construir cemitérios onde realizavam ritos funerários possivelmente de veneração aos ancestrais. O cuidado com as múmias era um ritual que visava obter a proteção dos antepassados. Análises dos ossos e do conteúdo dos intestinos das múmias mostraram que os Chinchorro mantiveram a mesma dieta por cinco mil anos. Grande parte dela (75%) derivava da pesca marinha. O peixe era comido cru ou parcialmente cozido conforme atesta a presença de tênia no intestino de 19% das múmias. A dieta era completada com guanaco e veado caçados, e a coleta de tomates silvestres e hortelã. A expectativa média de vida dos Chinchorros era de cerca de 25 anos. Alguns adultos, contudo, atingiram os 30 anos e, uns poucos, chegaram aos 50 anos, uma longa vida para qualquer um na pré-história. Múmia de mulher Chinchorro. Múmia de mulher Chinchorro. Ao analisar os crânios, observou-se um alto índice de exostose auditiva (crescimento ósseo anormal) devido aos repetidos mergulhos, sem proteção auditiva, na água fria. Quase todos eram adultos do sexo masculino, o que indica que a pesca marinha era trabalho dos homens. Cerca de 18% deles tinham fraturas na parte inferior das costas ou artrite da coluna vertebral ocasionadas, possivelmente, por escorregões dos mergulhadores na costa rochosa. Entre as múmias mulheres, uma em cada cinco sofreu fraturas por compressão das vértebras, resultado do declínio da densidade óssea. Numerosas e seguidas gestações (a julgar pelo número de crianças) debilitaram as mães por tomaram-lhes cálcio e outros nutrientes do seu sangue e ossos. A difícil conservação das múmias As múmias Chinchorro estão guardadas no Museu Arqueológico San Miguel de Azapa, vinculado à Universidade de Tarapacá, na província de Arica, no norte do Chile. Extraídas de seu local de origem e expostas a danos por manuseio e de mudanças de clima, muitas múmias deterioraram-se mais na última década do que nos 5000 anos anteriores. O armazenamento adequado é caro e difícil. As múmias são frágeis, uma pequena batida no braço ou perna pode parti-lo em pedaços. Precisam de um ambiente com rigoroso controle de luz, temperatura e umidade. Sem essa proteção, uma das coleções arqueológicas mais surpreendentes da América pode virar pó antes que as múmias revelem mais segredos de nossos ancestrais. Múmia de criança Chinchorro. Múmia de criança Chinchorro. Fonte ARRIAZA, Bernardo. Beyond Death: The Chinchorro Momies of Ancient Chile. Washington: Smithsonian Press, 1995. _________. Chile’s Chinchorro Mummies. National Geographic, março 1995.

Obrigado por compartilhar. Lembre-se de citar a fonte: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/mumias-atacama-mais-antigas-do-mundo/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
O deserto de Atacama, no norte do Chile estendendo-se até o sul do Peru, é considerado o mais seco e, segundo alguns especialistas, o mais velho do planeta. Ali foram descobertas as múmias mais antigas do mundo: as múmias da cultura Chinchorro, com mais de 7 mil anos de idade. Elas vieram à luz em 1917 graças ao trabalho de Federico Max Uhle, arqueólogo alemão que realizou importantes escavações no Peru, Chile, Equador e Bolívia. Mais recentemente, em outubro de 1983, a companhia de água Arica, ao realizar perfurações no deserto, encontrou um cemitério com 96 múmias Chinchorro: 27 do múmias mulheres, 20 do sexo masculino, 7 indeterminadas e 42 de crianças. As múmias Chinchorro, no Atacama A múmia de uma criança Chinchorro, enterrada no Vale do Camarones, ao sul de Arica, foi datada por radiocarbono em 5050 a.C. Isso a torna dois mil anos mais velha do que a mais antiga múmia do Egito Antigo. O que chama a atenção dos especialistas, é o fato dos Chinchorro realizarem mumificações em todos os membros de sua sociedade, independentemente da idade ou status – homens, mulheres, jovens, idosos, crianças, bebês e até fetos abortados – o que permite observações arqueológicas significativas sobre essa cultura. Das 282 múmias encontradas até agora, 29% delas eram resultado do processo natural de mumificação favorecido pelas condições ambientais: solo rico em nitratos combinado com a aridez do deserto. Os demais corpos, foram mumificados artificialmente seguindo uma técnica que variou ao longo do tempo. Foram encontrados grupos de até seis pessoas, possivelmente membros da mesma família, deitados lado a lado. Múmia de bebê Chinchorro. Múmia de bebê Chinchorro. Processo de mumificação dos Chinchorros Durante mais de três mil anos, os Chinchorros mumificaram seus mortos. Mas ao longo desse tempo (de 5050 a.C. a 1800 a.C.) o processo tornou-se mais complexo. A técnica mais antiga (5000 a 3000 a.C.), chamada de mumificação preta, o corpo era seco ao calor e tinha a carne e órgãos removidos, incluindo o cérebro, usando-se facas e espátulas de pedra. Mãos e pés eram preservados. Retirava-se a pele com cuidado e talvez ficasse imersa em água do mar para mantê-la macia e flexível, pois seria reutilizada. O esqueleto era desmembrado, limpo e novamente remontado. Para estabilizar o esqueleto, amarravam galhos e juncos nos ossos; uma vara reta prendia o crânio à coluna vertebral. Uma pasta feita de cinzas, grama, pelos, sangue de leão marinho, ovos de aves ou cola de peixe cobria todo o esqueleto dando-lhe volume. A pasta servia também para modelar os órgãos sexuais e para uma máscara com olhos, nariz e boca que compunham os traços faciais do morto. Em seguida a pele era recolocada, às vezes completada com pele de leão marinho. A pele era pintada com manganês preto o que dava a sua cor. Uma peruca de cabelo humano era colada no crânio. A partir de 3000 a.C., o manganês preto, talvez mais difícil de ser encontrado, foi substituído pelo ocre vermelho, muito comum nas rochas perto de Arica. A mumificação vermelha tinha uma técnica diferente: em vez de desmontar o corpo, faziam-se muitas incisões para remover os órgãos internos e secar a cavidade do corpo. O corpo era preenchido com vários materiais para lhe dar volume. As incisões eram costuradas com cabelo humano e utilizando um espinho de cacto como agulha. A peruca tinha cabelos mais longos, com até 60 cm de comprimento. Todo corpo era pintado de ocre vermelho. Algumas múmias apresentam várias camadas de tinta, indicando que elas receberam retoques periódicos devido ao desgaste. A terceira e última técnica de mumificação, realizada a partir de 2000 a.C. era a cobrir todo o corpo com uma espessa camada de argila, areia e cola de peixe. O corpo era conservado intacto, mantendo-se, inclusive, os órgãos internos. Processo de mumificação Chinchorro Processo de mumificação Chinchorro. O que as múmias revelam sobre os Chinchorros Os Chinchorros vieram dos Andes, descendo os rios da cordilheira até o mar. Estabeleceram-se na costa desértica do Chile e Peru por volta de 7000 a.C. atraídos pela abundância de recursos: anchovas, solha, corbina, algas, mexilhões, caranguejos, focas, leões marinhos, pelicanos, gaivotas e outros pássaros. Ao contrário do que se supunha inicialmente, os Chinchorros não eram nômades. Eles construíram aldeias permanentes de pesca onde viviam em torno de 30 a 50 pessoas. Estabelecidos em um lugar, eles puderam construir cemitérios onde realizavam ritos funerários possivelmente de veneração aos ancestrais. O cuidado com as múmias era um ritual que visava obter a proteção dos antepassados. Análises dos ossos e do conteúdo dos intestinos das múmias mostraram que os Chinchorro mantiveram a mesma dieta por cinco mil anos. Grande parte dela (75%) derivava da pesca marinha. O peixe era comido cru ou parcialmente cozido conforme atesta a presença de tênia no intestino de 19% das múmias. A dieta era completada com guanaco e veado caçados, e a coleta de tomates silvestres e hortelã. A expectativa média de vida dos Chinchorros era de cerca de 25 anos. Alguns adultos, contudo, atingiram os 30 anos e, uns poucos, chegaram aos 50 anos, uma longa vida para qualquer um na pré-história. Múmia de mulher Chinchorro. Múmia de mulher Chinchorro. Ao analisar os crânios, observou-se um alto índice de exostose auditiva (crescimento ósseo anormal) devido aos repetidos mergulhos, sem proteção auditiva, na água fria. Quase todos eram adultos do sexo masculino, o que indica que a pesca marinha era trabalho dos homens. Cerca de 18% deles tinham fraturas na parte inferior das costas ou artrite da coluna vertebral ocasionadas, possivelmente, por escorregões dos mergulhadores na costa rochosa. Entre as múmias mulheres, uma em cada cinco sofreu fraturas por compressão das vértebras, resultado do declínio da densidade óssea. Numerosas e seguidas gestações (a julgar pelo número de crianças) debilitaram as mães por tomaram-lhes cálcio e outros nutrientes do seu sangue e ossos. A difícil conservação das múmias As múmias Chinchorro estão guardadas no Museu Arqueológico San Miguel de Azapa, vinculado à Universidade de Tarapacá, na província de Arica, no norte do Chile. Extraídas de seu local de origem e expostas a danos por manuseio e de mudanças de clima, muitas múmias deterioraram-se mais na última década do que nos 5000 anos anteriores. O armazenamento adequado é caro e difícil. As múmias são frágeis, uma pequena batida no braço ou perna pode parti-lo em pedaços. Precisam de um ambiente com rigoroso controle de luz, temperatura e umidade. Sem essa proteção, uma das coleções arqueológicas mais surpreendentes da América pode virar pó antes que as múmias revelem mais segredos de nossos ancestrais. Múmia de criança Chinchorro. Múmia de criança Chinchorro. Fonte ARRIAZA, Bernardo. Beyond Death: The Chinchorro Momies of Ancient Chile. Washington: Smithsonian Press, 1995. _________. Chile’s Chinchorro Mummies. National Geographic, março 1995.

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As Guerras.

A guerra, tal como conhecemos hoje, tem data de aniversário: 3º milênio antes de Cristo. Foi nessa época que surgiram os primeiros estados, e, em consequência, os exércitos, que passaram a ser fundamentais para a conquista de terras, mudando para sempre os rumos da humanidade.
A partir daí, fronteiras começaram a ser estabelecidas – e germinava a semente do conceito de nação:

O cantor Santana e o prof. Juca no Bar e Restaurante Copo Fino. 27/06/2014.


Em 22 de julho de 1839 durante a Guerra dos Farrapos, GIUSEPPE GARIBALDI toma Laguna, em Santa Catarina. Quatro meses depois, o local foi retomado e os farroupilhas iniciaram a retirada por terra.


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Soldado aliado brincando de Hitler, na Alemanha destruída, em 1945. Logo após a queda de Hitler, soldados brincam imitando-o, na varanda da Chancelaria do III Reich.


Padre Cícero: De maldito a santo.

Um padre que viveu sob o signo da controvérsia e morreu proscrito, condenado pelo Santo Ofício. Esse foi sacerdote brasileiro Cícero Romão Batista, acusado no fim do século 19 de proclamar falsos milagres, de incentivar o fanatismo popular e de se beneficiar financeiramente da devoção extremada de seus milhões de seguidores.
Em decorrência das acusações de que era um rebelde, um desobediente à hierarquia católica e um semeador de fanatismos, ele foi alvo de um inquérito eclesiástico que terminou por proibi-lo de rezar missas, de confessar fiéis e de ministrar sacramentos como o batismo e o matrimônio. Tornou-se, então, um pária da fé. Apesar de idolatrado pelos cerca de 2,5 milhões de peregrinos que acorrem todos os anos à cidade cearense de Juazeiro do Norte para reverenciar sua memória, Cícero foi um padre maldito, renegado pela Igreja Católica.
Fazedor de milagres

Toda a história pessoal de Cícero Romão Batista está permeada de mistérios, ambiguidades e contradições. Amado e odiado em igual medida por seus contemporâneos, depois de morto - e talvez ainda mais a partir daí - ele continua a provocar sentimentos idênticos de adoração e repulsa.

Nascido na cidade cearense do Crato em 1844, ordenado padre em 1870, Cícero viveu e cresceu na confluência de dois mundos. De um lado, o universo mágico do misticismo sertanejo, no qual a crença em lobisomens, almas penadas e mulas-sem-cabeça convivia com a festiva devoção aos santos padroeiros e com as advertências apocalípticas dos profetas populares, que pregavam o fim dos tempos. Do outro lado, o mundo da fé ritualizada, da disciplina clerical e da submissão cristã com a qual foi educado e doutrinado no seminário. Com um pé no maravilhoso, outro na ascese, Cícero protagonizou uma biografia acidentada, recheada de episódios mirabolantes que mais parecem beirar a ficção.

Entretanto, até os 45 anos de idade, sua vida nada teve de extraordinária. Em 1889, Cícero era um simples padre de aldeia, rezando missa numa minúscula capelinha do então povoado do Juazeiro, a 600 quilômetros de Fortaleza, quando um fenômeno misterioso chamou a atenção dos sertanejos, da Igreja e da imprensa. Ao ministrar a comunhão a uma beata - a humilde costureira e doceira Maria de Araújo -, a hóstia consagrada teria se transformado em sangue. "Não posso duvidar, porque vi muitas vezes", escreveu Cícero a dom Joaquim José Vieira, bispo do Ceará.

Os jornais abriram manchetes para noticiar o fenômeno e os sertanejos caíram de joelhos diante do proclamado milagre. A Igreja, porém, acusou Cícero e a beata de fraude. "Se Maria de Araújo recebe realmente provas do céu, que as vá gozando só, sem perturbar a boa ordem da diocese", desdenhou o bispo Vieira.

Fato ou embuste, o caso é que o padre e seus adeptos evocaram em sua defesa uma série de fenômenos mais ou menos semelhantes, devidamente chancelados pelo Vaticano sob a classificação genérica de "milagres eucarísticos". Mas uma frase atribuída ao então reitor do Seminário da Prainha, o padre Pierre-Auguste Chevalier, revelaria a dificuldade do clero tradicional em aceitar as manifestações da fé popular: "Jesus Cristo não iria sair da Europa para fazer milagres no sertão do Brasil", teria tripudiado o francês.

Chefe político

O episódio da hóstia que diziam se transformar em sangue rendeu a Cícero a admiração dos milhares de peregrinos, que desde então não nunca pararam de chegar a Juazeiro para testemunhar a suposta maravilha. Mas também significou para o padre uma longa via-crúcis de indisposições perante as autoridades eclesiásticas da época.

Banido pelo clero, Cícero passou a ocupar a posição de mártir no imaginário coletivo, ao mesmo tempo que começou a desfrutar de uma enorme notoriedade e de um imenso poder junto ao povo mais simples do sertão, vítimas históricas da seca e do descaso governamental. Aquela gente, sem perspectivas, sem dinheiro e sem chão, cada vez mais se identificava com o sacerdote que nunca foi propriamente um grande orador, mas em compensação sabia falar a mesma língua deles, chamando-os de "amiguinhos", ouvindo-lhes as queixas, distribuindo prédicas e conselhos.

Moralista severo, Cícero pregava contra os amancebados, os festejos pagãos e o desregramento das famílias. Numa terra em que imperava a lei do punhal e do bacamarte, seu lema mais famoso conclamaria os pecadores ao arrependimento: "Quem bebeu não beba mais, quem roubou não roube mais, quem matou não mate mais", costumava dizer.
Estátua no Juazeiro do Norte em homenagem ao Padre / Wikimedia Commons

Quando não pôde mais celebrar batismos, ele próprio aceitou apadrinhar inúmeras crianças, vindo daí o título de "padrinho padre Cícero", que na corruptela da linguagem popular resultou Padim Pade Ciço.

"Em cada casa um oratório, em cada quintal uma oficina", pregava ele, atraindo trabalhadores, agricultores e artesãos de todo o Nordeste, que passaram a se fixar e aos poucos transformaram o arrabalde em um importante centro manufatureiro. O povoado virou cidade autônoma e, em 1911, Cícero foi nomeado o primeiro prefeito de Juazeiro. Líder religioso, tornou-se também chefe político, igualmente polêmico e contraditório. Ao mesmo tempo que pregava aos "náufragos da vida", como se referia aos menos favorecidos, estabeleceu alianças com as elites poderosas.

A Santa Sé delibera

Entre 2001 e 2006, uma comissão multidisciplinar de estudos se debruçou sobre a vasta documentação relativa ao padre, em arquivos do Brasil e do Vaticano. Coordenada pelo bispo do Crato, dom Fernando Panico, tal comissão foi composta por especialistas de várias áreas do conhecimento: antropologia, filosofia, história, psicologia, sociologia e teologia. A finalidade era trazer à luz novos documentos que servissem para tentar responder a uma questão que sempre acompanhou o nome de Cícero: quem afinal foi esse homem, acusado de espertalhão por muitos, aclamado como visionário por outros tantos?

O relatório final da comissão foi entregue em maio de 2006 na Santa Sé. Junto, uma coleção de 11 volumes reunia as transcrições das centenas de cartas trocadas entre os principais personagens da história do padre. Um volume à parte levava cerca de 150 mil assinaturas de populares em prol da reabilitação, às quais se somava um abaixo-assinado no qual se lia o nome de 253 bispos brasileiros favoráveis à causa. Em complemento à papelada, a carta de dom Fernando ao papa: "Venho com toda esperança e humildade suplicar a Vossa Santidade que se digne reabilitar canonicamente o padre Cícero Romão Batista, libertando-o de qualquer sombra e resquício das acusações por ele sofridas",
Em setembro de 2008, a igreja de Nossa Senhora das Dores - o templo que Cícero construiu em Juazeiro e no qual depois se viu impedido de rezar missa - foi elevado pelo Vaticano à categoria de basílica. Com isso, o brasão de Bento XVI foi sintomaticamente colocado à porta de entrada, bem à vista dos romeiros que chegam para louvar o Padim. No templo em que o padre está enterrado, a capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, também em Juazeiro, foi autorizada a instalação de um vitral multicolorido em que se destaca a imagem de Cícero, ao lado de outros santos oficiais.
Em 2015, finalmente, o perdão se tornou 100% oficial. O bispo Dom Fernando Pânico, declarou sua reabilitação em 13 de dezembro. Esse é o primeiro passo para uma posterior beatificação, ou seja, o reconhecimento canônico de que o homem Cícero Romão Batista teria vivido na plenitude das virtudes cristãs, sendo um "bem-aventurado", resultou na consequente autorização para o culto público a seu nome. Devido às milhares de graças que os romeiros dizem ter alcançado por intercessão do padre Cícero - cegos que teriam voltado a ver, aleijados que andaram novamente, loucos que teriam recuperado o juízo -, o caso, ainda pode evoluir da simples beatificação para a efetiva canonização, quando então ele seria elevado à honra dos altares de toda a Igreja. Esse processo burocrático, como ocorreu com Frei Galvão (1739-1822), o primeiro santo nascido no Brasil e durou vários anos.

Santo sertanejo
A polêmica trajetória de Padre Cícero
1844: Cícero Romão Batista nasce na cidade do Crato (CE).

1870: Cícero é ordenado padre, apesar das reservas do reitor do seminário, que o julgava um aluno "teimoso" e "dono de ideias confusas".

1872: Sem ter recebido nenhuma paróquia, o jovem padre aceita o convite de moradores para rezar a missa de Natal no pequeno povoado de Juazeiro, vizinho ao Crato. Segundo ele, um sonho faz com que continue a morar ali para sempre. Jesus teria pedido a Cícero que "tomasse conta" dos pobres do local.

1889: 1 de março, sexta-feira da Quaresma, o padre Cícero oferece a comunhão à beata Maria de Araújo e a hóstia se transforma em sangue. O fenômeno teria ocorrido por semanas seguidas, até 15 de agosto, dia da Ascensão de Nossa Senhora. Os paninhos manchados de sangue são adorados como relíquias sagradas. O milagre vira notícia na imprensa de todo o país.
➽ 1891: O bispo do Ceará, dom Joaquim José Vieira, censura Cícero e o monsenhor Monteiro por proclamarem milagres ainda não investigados pela Santa Sé. Cria uma comissão de inquérito eclesiástico, formada pelos padres Francisco Antero e Clycério da Costa Lobo. A ordem é desmascarar um possível embuste.
1892: O padre Antero viaja ao Vaticano em defesa de Cícero. O Santo Ofício examina o caso. Em agosto, o bispo cearense proíbe Cícero de rezar missas, pregar aos fiéis, confessar e ministrar sacramentos.
➽ 1894: o Santo Ofício condena os fatos como "prodígios vãos e supersticiosos. Os padres adeptos do milagre se retratam. Menos Cícero.
1898: Cícero vai ao Vaticano se defender. É interrogado e depois recebido pelo papa Leão XIII. O Santo Ofício absolve Cícero das censuras, desde que ele guarde silêncio sobre o caso. O padre jura submissão, mas segue suspenso das ordens sacerdotais. Os paninhos sujos de sangue são roubados da matriz do Crato e desaparecem por vários anos.

1908: Atraído por notícias da existência de uma valiosa mina de cobre na região, chega a Juazeiro um baiano misterioso: Floro Bartolomeu. Médico, rábula e garimpeiro, ele passa a ser o principal braço político de Cícero.

1909: Começa a circular O Rebate, primeiro jornal de Juazeiro, fundado para defender a tese da emancipação do povoado em relação ao Crato. Floro Bartolomeu é um dos editores.

1910: Morre misteriosamente o professor José Marrocos, um ex-seminarista que exerce grande influência sobre Cícero. Floro é acusado de tê-lo envenenado, mas nunca se prova nada a esse respeito.

1911: Juazeiro se emancipa. Cícero, filiado ao Partido Republicano Conservador, é nomeado primeiro prefeito do novo município. Permanecerá quase duas décadas no cargo, sendo reeleito seguidamente. Na data da posse, sela um pacto de paz com os principais coronéis da região, no qual todos prometem parar as animosidades mútuas.

1913: Em acordo com o governo federal e com o aval de Cícero, Floro viaja ao Rio de Janeiro para tramar a queda do então presidente (cargo igual ao de governador) do Ceará, Franco Rabelo. De volta, Floro depõe as autoridades municipais e instala uma Assembleia estadual paralela para caracterizar a duplicidade de poderes e provocar uma intervenção federal.

1914: O governo estadual reage. Manda tropas para atacar Juazeiro. Cícero segue o conselho de um sobrevivente de Canudos e pede aos moradores que cavem um fosso gigantesco em torno da cidade: o "Círculo da Mãe de Deus". Com isso, o ataque fracassa. Juazeiro parte para a ofensiva. Comandado por Floro, um exército de jagunços e cangaceiros toma o Crato e várias outras cidades cearenses, cercando Fortaleza. O governo federal decreta a intervenção no Ceará. Cícero é nomeado vice-presidente do estado.
1916: A Santa Sé declara que Cícero, aos 72 anos, por ainda alimentar o "fanatismo", está excomungado. Mas ele jamais saberia disso. Temendo pela saúde do velho padre, o bispo do Crato, Quintino Rodrigues, evita aplicar a excomunhão e exige dele uma retratação pública. O Santo Ofício revê a pena, mas mantém suspensas as ordens sacerdotais.

1926: A Coluna Prestes entra no Ceará. Cícero escreve carta aberta a Prestes, conclamando-o à rendição. Floro tem a ideia de convocar Lampião para integrar o chamado "Batalhão Patriótico", organizado para dar combate à Coluna. É quando o cangaceiro recebe a patente de capitão e passa a assinar "Capitão Virgulino". No mesmo ano, Cícero é eleito deputado federal, mas não assume o cargo, por causa da idade avançada.

1930: Vitória da revolução que leva Getúlio Vargas à Presidência da República. Cícero escreve uma carta aberta ao povo, classificando os revolucionários de "mensageiros de Satanás".

1934: Morre Cícero Romão Batista. No testamento, ele deixa a maior parte dos bens para a Igreja. Após o falecimento do padre, os paninhos manchados de sangue reaparecem em poder de uma beata. Por ordens do novo bispo do Crato, de acordo com o que determinara o Santo Ofício, eles são destruídos e queimados.
2001: O cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, reabre o processo que culminou na suspensão de Cícero.
2005: Ratzinger é eleito papa. No ano seguinte, recebe a documentação de uma comissão interdisciplinar de estudos que sugere a anistia, post-mortem, do padre.
2015: O padre Cícero é perdoado das punições impostas e reconciliado com a Igreja Católica. O processo de beatificação passa a ser possível.

1944: Atentado de Stauffenberg contra Hitler

O conde Claus Philip Maria Schenk von Stauffenberg é um dos principais personagens da conspiração que culminou no fracassado atentado contra Adolf Hitler em 20 de julho de 1944. Nascido na Suábia em 15 de novembro de 1907, Stauffenberg foi um patriota alemão conservador, que a princípio simpatizou com os aspectos nacionalistas e militaristas do regime nazista.
Mas, desde cedo, começou a questionar não só o genocídio de judeus, poloneses, russos e outros grupos da população estigmatizados pelo regime de Hitler, como também a forma, em sua opinião "inadequada", de comando militar alemão. Mesmo assim, como muitos outros militares, preferiu no começo manter-se fiel ao regime.
Em 1942, junto com seu irmão Berthold e outros membros da resistência, ele ajudou a elaborar uma declaração de governo pós-queda de Hitler. Os conspiradores defendiam a volta das liberdades e direitos previstos na Constituição de 1933, mas rejeitavam o restabelecimento da democracia parlamentar.
Claus Graf Schenk von Stauffenberg mit seinen Kindern Stauffenberg ao lado de seus filhos
Ferimentos na África
Em março de 1942, Stauffenberg havia sido promovido a oficial do Estado Maior da 10ª Divisão de Tanques, com a incumbência de proteger as tropas do general Erwin Rommel, após o desembarque dos Aliados no norte da África. Num ataque aéreo em 7 de abril de 1943, Stauffenberg perdeu um olho, a mão direita e dois dedos da mão esquerda.
Após recuperar-se dos ferimentos, aliou-se ao general Friedrich Olbricht, Alfred Mertz von Quinheim e Henning von Treskow na conspiração, que passaram a chamar de Operação Valquíria. Oficialmente, a operação pretendia combater inquietações internas, mas, na realidade, preparava tudo para o período posterior ao planejado golpe de Estado.
Os planos do atentado que mataria Hitler foram elaborados com a participação de Carl-Friedrich Goerdeler e de Ludwig Beck. Os conspiradores mantinham, além disso, contatos com a resistência civil. Os planos visavam a eliminação de Hitler e seus sucessores potenciais – Hermann Göring e Heinrich Himmler. A primeira tentativa de atentado em Rastenburg (hoje Polônia), no dia 15 de julho, fracassou.
Explosão causou quatro mortes
Na manhã de 20 de julho de 1944, Stauffenberg voou até o quartel-general do Führer "Wolfsschanze", na Prússia Oriental. Com seu ajudante Werner von Haeften, ele conseguiu ativar apenas um dos dois explosivos previstos para detonar. Mais tarde, usou uma desculpa para entrar na sala de conferências, onde depositou a bolsa com explosivos ao lado do ditador. Incomodado pela bolsa, Hitler a colocou mais longe de si. A explosão, às 12h42, matou quatro das 24 pessoas na sala. Hitler sobreviveu.
Na capital alemã, os conspiradores comunicaram, por telefone, por volta das 15 horas, convencidos do êxito da missão: "Hitler morreu!" Duas horas mais tarde, a notícia foi desmentida. Na mesma noite, Stauffenberg, Haeften, Quirnheim e Friedrich Olbricht foram executados. No dia 21 de julho, os mortos foram enterrados em seus uniformes e condecorações militares. Mais tarde, Himmler mandou desenterrá-los e ordenou sua cremação. As cinzas foram espalhadas pelos campos.