quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O assassinato de Mahatma Gandhi

O "pai da nação indiana" é assassinado em 30 de Janeiro de 1948 em Nova Deli com três tiros desferidos pelo extremista hindu Nathuram Godse, durante uma oração pública. Godse reprovava em Gandhi o facto de ser muito tolerante com os indianos muçulmanos. Durante 78 anos, Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como Mahatma Gandhi, tinha professado a não-violência radical, a “ahimsa” e a resistência passiva contra o ocupante britânico. Gandhi tinha escolhido fazer-se ouvir pelo jejum político até obter a satisfação das suas reivindicações. Dois milhões de indianos assistiram ao seu funeral.
Gandhi, o líder político e espiritual do movimento de independência indiano, nascido em 1869, era filho de um funcionário indiano. A mãe de Gandhi, profundamente religiosa, desde cedo introduziu-o no jainismo, uma religião indiana moralmente rigorosa que defendia a não-violência. Gandhi era um estudante comum, mas em 1888 foi-lhe dada a oportunidade de estudar direito em Inglaterra. Em 1891, retornou à Índia, tendo aceite em 1893 um contrato para trabalhar na África do Sul.
Lá submeteu-se às leis racistas sul africanas que restringiam os direitos dos trabalhadores indianos. Gandhi lembrou-se mais tarde de um incidente, quando foi obrigado a sair de um compartimento de primeira-classe e deixar o comboio. Quando o seu contrato expirou, decidiu permanecer no país, lançando uma campanha pelo direito de voto dos indianos. Fundou o Congresso Indiano de Natal, chamando a atenção internacional para o pleito. Em 1906, o governo do Transvaal buscou restringir direitos adicionais dos indianos o que levou Gandhi a organizar a primeira campanha da satiagraha, ou seja, desobediência civil em massa. Após sete anos de protestos negociou um acordo com o governo sul africano.
Em 1914, Gandhi regressou à Índia e vive uma vida de abstinência e espiritualidade, apartado da política. Defendeu o Reino Unido na Primeira Guerra Mundial, mas em 1919 lançou uma nova satiagraha em protesto contra a conscrição militar obrigatória de indianos. Milhares atenderam ao seu chamamento e em 1920 já era o líder do movimento de independência. Organizou o Congresso Nacional Indiano como uma força política, promovendo um boicote maciço aos produtos, serviços e instituições britânicos.
Em 1922, suspendeu a satiagraha quando irrompeu a violência. Um mês depois foi preso pelas autoridades britânicas por sedição, sendo libertado em 1924. Em 1928, retornou à política nacional quando exigiu um estatuto de soberania para a Índia e em 1930 lançou um protesto em massa contra a taxa do sal que atingia principalmente os pobres. Na sua mais famosa campanha de desobediência civil, Gandhi e os seus seguidores marcharam até ao Mar Arábico, onde produziram o próprio sal ao fazer evaporar a água do mar.
Em 1931, Gandhi foi libertado a fim de comparecer numa Mesa Redonda sobre a Índia em Londres como o único representante do Congresso Nacional Indiano. O encontro foi um fracasso e no retorno à Índia foi novamente preso. Mesmo na cadeia, liderou um protesto contra o tratamento dispensado aos “intocáveis”, os empobrecidos e degradados indianos que ocupavam o nível mais baixo do sistema de castas. Em 1934, deixou o partido para trabalhar pelo desenvolvimento económico dos mais pobres. Em seu lugar foi indicado Jawaharlal Nehru, que viria a ser um grande líder do país.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Gandhi defendeu a colaboração com o esforço de guerra britânico em troca da independência. Londres recusou, buscando dividir a Índia ao apoiar os conservadores e grupos muçulmanos indianos. Em resposta, Gandhi lançou o movimento "Quit India" (Retirem-se da India) em 1942, que clamava pela retirada total dos britânicos. Gandhi e outros líderes nacionalistas ficaram presos até 1944.
Com a chegada de novo governo em Londres em 1945, as negociações recomeçaram. Gandhi queria uma Índia unificada, mas a Liga Muçulmana, cuja influência havia crescido durante a Guerra, discordou. Após extensas negociações, Londres concordou em criar em 15 de Agosto de 1947, dois novos Estados independentes: a India e o Paquistão. Pouco demorou para que a violência explodisse entre os hindus e os muçulmanos.
Foi no decurso desses conflitos que ocorreu o assassinato de Gandhi. Conhecido como Mahatma, ou "A Grande Alma", os seus métodos persuasivos de desobediência civil influenciaram líderes de movimentos pelos direitos civis em todo o mundo, em particular Martin Luther King nos Estados Unidos.
Fontes: Opera Mundi

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