segunda-feira, 28 de outubro de 2019

MEMÓRIA VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA.


FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS
FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL E DA PARAIBA




MEMÓRIA VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA


JUAREZ RIBEIRO DE ARAÚJO







CAMPINA GRANDE – PB
2011
JUAREZ RIBEIRO DE ARAÚJO


MEMÓRIA VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA




Trabalho de conclusão de Curso Artigo Científico, apresentado ao Programa de Pós-Graduação Lato Senso do Curso de Especialização em História do Brasil e da Paraíba das Faculdades Integradas de Patos, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de Especialista.

Orientadora: Keila Queiroz e Silva Ramos, Drª.









Campina Grande – PB
2011.
JUAREZ RIBEIRO DE ARAÚJO


MEMÓRIA VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA

               Trabalho aprovado em ____/_____/________

               Nota: __________________________




___________________________________________
Keila Queiroz e Silva Ramos, Drª
Orientadora










Campina Grande – PB
2011.
Dedicatória
         Dedico este artigo a minha esposa Urbanita Brito e aos meus filhos Rhaman Bento Brito de Araújo e a Ana Gilda Brito de Araújo que me deram apoio e carinho nesta trajetória.




















Lista de Imagens:
Foto 1 – Serra do Jatobá
Foto 2 – Serra Branca nos tempos dos Almocreves
Foto 3 – Caminhão carregado com algodão
Foto 4 – Armazém do Povo
Foto 5 – Construção da cadeia
Foto 6 – Seu Janúncio e o motor que fornecia energia
Foto 7 – Ferreiros Trabalhando















Lista dos Entrevistados
01 – Juviniano Limeira de Araújo
02 – Vera Lúcia Maciel
03 – Celina Rodrigues de Araújo
04 – Robson Feitosa dos Santos.


















Resumo
            Este trabalho tem como objetivo analisar e conhecer algumas atividades produtivas na cidade de Serra Branca através de fotografias, mostrando a sua  importância do ponto de vista histórico, cultural, artístico e econômico. Sabemos que o trabalho é um dos pilares do capitalismo, é neste sentido que vamos conhecer o processo de organização destas atividades, como também conheceremos o universo deste trabalhadores que com sua força produtiva construíram casas, armazéns, igrejas, abrigos, delegacias, escolas e também outros produtos que fazem parte do nosso cotidiano. É importante salientar que as fotografias deixaram uma memória destas pessoas dos objetos de trabalhos que contribuíram de forma significativa para o resgate histórico destes profissionais que com a força do seu trabalho deixaram um legado cultural, muitas vezes não sendo reconhecidos economicamente, nem como agentes transformadores do nosso processo histórico. É neste contexto que vamos conhecer algumas atividades que não são mais praticadas no nosso meio, histiricizando o processo de trabalho da cidade de Serra Branca e suas manifestações em nossa sociedade, como também reconhecer o quanto estas atividades foram geradores de riquezas para uns, enquanto para outros foram geradora de explorações da maioria de nossa população que tinha apenas a força de seu trabalho para ganhar o pão de cada dia.
Palavra – chave: fotografia, trabalho, memória, desenvolvimento.









ABSTRACT
This study aims to analyze and understand some productive activities in the city of Serra Branca through photographs, showing their importance in terms of historical, cultural, artistic and economic. We know that work is one of the pillars of capitalism, is in this sense that we know the process of organizing these activities, but also know the universe of workers who built with his productive power houses, warehouses, churches, shelters, police stations, schools and also other products that are part of everyday life. It is important to note that the photographs of these people left a memory of objects that work contributed significantly to the historic rescue of these professionals with the strength of their work left a cultural legacy, often not recognized economically, or as agents of change in our political process. In this context, we know some activities that are no longer practiced in our country, histiricizando the working process of the city of Sierra Blanca and its manifestations in our society, but also recognize how these activities are creators of wealth for some, while for other farms were generating the majority of our population that had only the strength of his work to earn the daily bread.


Word - Key: photography, work, memory development.















1 . Introdução

            É com grande alegria que olharmos para as fotografias pois sabemos que elas marcam a trajetória das pessoas e do universo, que a cerca. Pois com um simples clic está registrado para posterioridade aquele objeto ou pessoa que foi fotografado.
            É mágico, fascinante você observar imagens importantes de sua vida, como por exemplo: o nascimento, a formatura, o casamento, o passeio com amigos, uma praça, uma casa etc. Além disso podemos ver o quanto a fotografia é importante para nossa sociedade, pois ela dá uma comprovação maior dos fatos.
            Neste artigo, por exemplo, pretendo analisar, numa perspectiva histórica as atividades de trabalho da cidade de Serra Branca do século XX. Com certeza, essas fotografias sugerem narrativas que se prestariam a múltiplas interpretações, algumas das quais buscaremos apontar.
            Nas fotografias observei as transformações do trabalho da cidade são frequentes vejamos um exemplo. Uma das fotografias das últimas década do século XX mostra-nos o trabalho de um ferreiro, pois essa atividade em nossa cidade não existe mais.
            Portanto o essencial é poder registrar, pois cada fotografia é única, mostra um momento especial de você, da sua cidade, do seu trabalho, do seu lazer. Com estas fotografias você estará contribuindo com o registro da nossa memória.

2. As Fotografias
            O uso das fotografias como documento de pesquisa foi, durante muito tempo, praticamente desconsiderado. Hoje, entretanto, a História percorre caminhos bem distintos. As imagens ganham significados com o passar do tempo e, relativamente, tornam-se testemunhos do passado. Por isso, acreditamos no recurso da imagem não somente como um mero suporte visual de representação daquilo que não existe mais, mas como elemento significativo de interpretação historiográfica.
            A fotografia faz um registro histórico do momento, um instante que não poderá ser reproduzido novamente, levando-se em consideração a época, os costumes e as tradições que ficam eternizados no instante fotografado. E é por isso única e de caráter documental, segundo Roland Barthes (1984).
            Nenhuma obra de arte é contemplada tão atentamente em nosso tempo como a imagem fotográfica de nós mesmos, de nossos parentes próximos, de nossos seres
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amados escreveu LichtWark (1907).
            Dentro destas valorização da imagem, se tem um objeto de destaque: a fotografia. Nesse sentido, nos perece estratégico analisar as fotografias, visando analisar as transformações no trabalho da cidade de Serra Branca e apontar os elementos significativos e visíveis, que por sua vez, constroem uma memória da cidade.

3 – PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS

            Este artigo tem como tema central a discussão sobre a Memória Visual do Trabalho em Serra Branca. Entretanto o recorte espaço temporal é o Brasil e, em especial, Serra Branca. Proponho conhecer as particularidades e as consequência da Memória e do trabalho entre os anos 1930 – 1978, como também pesquisar pessoas que vivenciaram este momento, fazendo com que possamos ter uma compreensão do processo produtivo e com isto registrar estas manifestações que são extremamente importante para nossa sociedade, vista que grande parte de nossa história encontra-se nas fotografias e nas fontes orais.
            Para tanto, neste artigo são apresentado apenas algumas fotografias, aquelas que ilustram melhor a transformação do trabalho em Serra Branca.
4 – Serra Branca

Foto 1 – Serra do Jatobá. Fonte: Inaldo Fotografias.
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Antes da colonização portuguesa viviam em nossa região os índios sucurus que eram nômades e se distribuíam entre o planalto da Borborema e o rio Taperoá, diversos sítios arqueológico representam a presença dos mesmos na nossa região. A economia era baseada na caça e na coleta, os índios eram ligados a natureza, valentes e hábeis oleiros. Muitos desses foram mortos através das guerras justas, os que sobreviveram tornaram-se escravos ou foram levados para as missões ou reduções jesuítas, foram catequizados facilitando desta maneira o processo de colonização portuguesa.
            A partir do ano 1820 surgiu o primeiro núcleo de povoamento com o nome de Jericó, posteriormente outros fazendeiros se fixaram na região através de sesmarias que eram lotes de terras doados pela Coroa portuguesa e também através de compras. Com a criação de gado houve um grande desenvolvimento econômico, possibilitando melhores condições para a região.
            Em 1892, Jofily descreveu a sua passagem por Jericó já com a denominação de Serra Branca: Serra Branca tem boa casaria, uma sofrível feira, casa de mercado, pequeno capela; é um dos centros produtores na comarca de São João. Os vales dos seus rios e riachos estão quase cheios de cercados para a lavoura, onde o algodão produz admiravelmente, apesar das poucas chuvas que caem no sertão.
            O distrito foi criado em 15 de novembro de 1921 e o município em 27 de abril de 1959. Em 1943 o topônimo foi mudado para Itamorotinga que em tupi significa pedra-mó-toda-branca ou simplesmente pedra branca alusão a serra do Jatobá. Com o antigo nome de Serra Branca em 1947 foi fixada a sede do município, situação que permaneceu até 1951, ocasião em que voltou para São João do Cariri. Porem mediante a nova politica que vem fragmentando os municípios, atualmente Serra Branca conta somente com dois distritos Santa Luzia do Cariri e Sucuru.









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Foto 2 Serra Branca nos tempos dos Almocreves Fonte:Reprodução Inaldo Fotografias
A industrialização representou uma mudança social profunda na medida  em que transformou a vida dos homens, implicando elevados custo sociais e ambientais.
            Uma das primeiras transformações diz respeito ao próprio significado da palavra trabalho. O que antes significava o castigo divino pelo pecado original implicando dor e humilhação passou a designar uma condições básica para salvação perante seus, que poderia propiciar riqueza e dignidade. O trabalho passou a dignificar o homem e a qualidade tornando-se um indicador de posição social. (Myrian Becho p. 118).
            Neste contexto iremos analisar e conhecer uma atividade bastante importante nas primeiras décadas do século XX. Os almocreves eram pessoas que conduziam animais com mercadorias de um lugar para outro. Numa época de comunicação limitada, os almocreves eram importantes como agentes de comunicações comunitária, além de serem indispensáveis ao abastecimento de bens às vilas e cidades.
            Encontramos o senhor Juviniano Limeira de Araújo¹, mais conhecido como seu Juvino nasceu em Maio de 1916, no Bairro do Ahú na cidade de Serra Branca. Filho de Inácio Limeira e Maria Limeira, cuja união desencadeou o nascimento de dez filhos, seu Juvino trabalhava com o pai como almocreve desde os vinte anos.
1-Entrevista concedida ao autor no dia 19 de Agosto de 2011
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Ele é hoje o último dos almocreve ainda em vida na cidade de Serra Branca.
Ele nos conta que depois que o pai adoeceu continuou o trabalho de almocreve, tinha uma tropa de cinco burros e nesta época estes animais eram muito caros. O burro era um dos meios de transporte mais usados em nossa região no inicio do século XX e era através dele que se vendia cereais e outros produtos como: milho, feijão, arroz, farinha, algodão e etc.
Nas suas viagens faziam paradas para alimentar-se e dormir em acampamentos e em casas de conhecidos e também para descansar e alimentar os animais. Levava em média quatro dias de viagem de Serra Branca a Campina Grande, vendia e comprava os produtos na feira central, havia outras cidades onde fazia compras com São José do Egito, São José dos Cordeiros, Coxixola e etc. Sempre andava em grupo com outros almocreves: Pedro Jacó, Cícero Jacó, João Menino, Cícero Limeira e José Felizardo. Nesta atividade trabalhou por mais de quarenta anos, gostava bastante do que fazia e nos disse que era uma vida boa aperreada.
Com o tempo a cidade ia se desenvolvendo, mas somente no início do século XX foi que mudanças econômicas e mudanças nas condições de vida vieram a realmente acontecer de forma significativa.
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Foto 3 – Caminhão com algodão – fonte: Reprodução Inaldo Fotografias             13

            O algodão no início do século XX foi para Serra Branca a principal atividade responsável pelo crescimento da cidade.
            Além de beneficiar os produtores, os agregados e os meeiros, também contribuiu para utilização de um meio de transporte onde pudesse escoar a produção para Campina Grande. É nesse sentido que vão atuar os transportadores de algodão, ou seja os caminhoneiros. Profissionais que vão desempenhar uma importante atividade para o desenvolvimento de Serra Branca.
            Entrevistamos a senhora Vera Lúcia Maciel², filha do caminhoneiro Waldemar Torreão Maciel que nos contou que seu pai criou toda família com o trabalho no caminhão, tinha uma família de seis filhos. Transportava algodão de toda a zona rural para a usina de beneficiamento do senhor Bento Ribeiro de Assis onde o algodão e o caroço era transportado para Campina Grande, o maior núcleo de compra de algodão da Paraíba. Na volta de Campina Grande o caminhão voltava cheio de mercadorias dos comerciantes da cidade de Serra Branca. Além de transportar o algodão , mercadorias, casaca de angico, transportava também feirantes da cidade de Serra Branca para as cidades circunvizinhos. Neste contexto temos o meio de transporte o caminhão, que contribuiu para o desenvolvimento da rainha do cariri, maneira carinhosa de mencionar Serra Branca.









2 – Entrevista concedida ao autor no dia 22 de Agosto de 2011.                                                         14
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Foto 4 – Armazém do Povo. Fonte: Reprodução Inaldo fotografias.
Com a riqueza gerada pelo ouro branco, forma pela qual o algodão era chamado, a cidade começou a desenvolver o comercio, onde a partir das primeiras décadas do século XX, comerciantes começaram a abrir seus negócios onde vendiam tecidos, louças, chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas, ferragens, produtos alimentícios etc. Entre as principais casas comerciais deste período merecem destaques: Casa Gaião, Wamberto Torreão e o Armazém do Povo.
            Este ultimo foi fundado no inicio do século XX, pelo comerciante Antônio Bezerra que com empreendorismo, logo começou a desenvolver chegando a ser um dos grandes comerciantes da região.
            Neste período o Armazém do Povo tinha em torno de 25 funcionários que eram divididos em vários departamentos. Na sua maioria mulheres, uma das características do inicio do processo industrial, onde a maioria dos comerciantes dava preferencia a essa mão-de-obra por ser mais barata.
            Conversamos com uma das funcionárias do Armazém do Povo, a senhora Celina Rodrigues de Araújo³, que começou a trabalhar na década de 1950 com 12 anos de idade como fiscal na seção de tecidos com o passar dos anos começou a trabalhar de balconista no setor onde vendia linhas, botões, agulhas, riri e etc, depois passou para o
3 – Entrevista concedida ao auto no dia 26 de Agosto de 2011.                                                             15
setor de estivas onde vendia açúcar, sabão, querosene, vinagre, farinha, feijão, rapadura, pães etc. As compras eram feitas no Recife e em Campina Grande. No Armazém do povo os produtos ficavam nas prateleiras e o empregado ia pegar o pedido do cliente, as embalagens eram feitas com papel de embrulho. Faziam as contas na ponta do lápis e na hora do pagamento faziam diretamente ao balconista que repassava ao proprietário o senhor Antônio Bezerra de Sousa e quando era fiado anotava-se numa caderneta para pagar por mês. Além dos clientes da cidade tinham os clientes da zona rural, os agricultores que compravam suas feiras todos os sábados e tinha a balconista de sua preferencia. Além de Dona Celina trabalharam Arlinda, Lurdinha do Ahú, Marinete Oliveira, Socorro Oliveira, Nevinha, Apolônio Bernardo, Agostinho Oliveira, Severino Limeira, Zé Bolinha, João Higino entre outros. Trabalharou neste estabelecimento aproximadamente por 15 anos e recebiam por comissão. Era um estabelecimento comercial onde de tudo vendia: Tecidos, miudeza, estivas, cereais, produtos de limpezas, chapéus três x, cosméticos, perfumaria etc.
            Observamos neste período que a cidade mantinha sua vocação para o comercio, pois era neste setor onde mais as pessoas podiam trabalhar. E também os centros comerciais de Serra Branca eram muito procurados pelos comerciantes das cidades vizinhas para realizarem suas compras e revenderem nas suas cidades.









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Foto 5 – Construção da Cadeia  Fonte: Reprodução Inaldo Fotografias.
A cadeia pública de Serra Branca foi fundada na segunda metade do século XX, no governo de José Américo de Almeida. Neste sentido o poder público promove intervenções voltadas para área de segurança.
            Percebemos que a cidade começa a se desenvolver com as construções de casarões, casas comerciais, escolas, armazéns e cadeia.
            A partir deste crescimento no espaço urbano, vamos constatar o aumento dos problemas sociais, como por exemplo a criminalidade, que é um produto das desigualdades sociais.
            Neste contexto a cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios que cada comarca terá, a fim de resguardar o interesse de administração da justiça criminal e a permanência de preso em local próximo ao seu meio social e familiar.
            É notório que essas construções públicas geram um grande numero de empregos, proporcionando  assim trabalho e renda para um grande  numero de trabalhadores.
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            Na construção da cadeia pública de Serra Branca foram utilizados aproximadamente 26 profissionais dentre pedreiros, carpinteiros, serventes, mestres de obra etc. fazendo com que a cidade se desenvolvesse  e seus habitantes tivessem  uma fonte de trabalho para suprir as suas necessidades.
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Foto 6 – Seu Januncio e o motor que fornecia energia. Fonte: Reprodução Inaldo fotografias
A iluminação pública e privada de Serra Branca teve seu inicio em 1936, a partir de um motor de caminhão. Algum tempo depois, a energia passou a ser gerada por vapor à lenha, pertencente ao senhor Francisco Moreira de Albuquerque, instalado num salão À rua José Morais, vizinho à casa do senhor Gedeão Maracajá. Depois voltou  a ser fornecido por motor de caminhão. Foram operadores desses motores o senhor Raul da Costa Leão, que ligava das 18:00 horas às 23:00 horas, às 22 e 30 horas era dado um sinal, avisando que meia hora depois, a luz ia se apagar. Todas as pessoas que estavam na rua, inclusive as moças, já sabiam que tinha que voltar para suas casas, pois após às 23:00 horas, a cidade estava escura e silenciosa. A energia era cobrada pelo número de lâmpada que tivesse em cada residência. Outro operador de motor foi o senhor Januncio Rodrigues de Sousa que trabalhou no motor até a sua substituição pela energia elétrica vindo da hidrelétrica de Paulo Afonso.
            No governo do prefeito Álvaro Gaudêncio Filho (1964-1969) a cidade de Serra Branca atravessou uma fase de plena modernização. Neste período construiu o mercado público, o hospital e Maternidade Alice Gaudêncio, grupos escolares do Pilão,
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Várzea Nova e Serrinha. Implantou o calçamento em várias ruas, eletrificações da cidade através da hidrelétrica de Paulo Afonso, doações de terrenos a família carentes e a construções de moradias.
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Foto 7 – Ferreiros trabalhando. Fonte: reproduções Inaldo fotografias.
Ferreiro é o profissional que trabalha com metais. Os metais são substância compostos por elementos químicos, que tem características parecidas, como por exemplo, a condutibilidade, a maleabilidade e a tenacidade, além de suas especificidades. O ferreiro é o responsável por moldar os metais, consertar e produzir objetos do material. O ferreiro trabalha sempre com metais, com seu manuseio, com a produção de peças e consertos. Pode trabalhar como aprendiz, em oficinas de outro ferreiros, por conta própria em sua oficina, em associações com outro profissionais como em cooperativas ou até mesma em grandes fábricas de peças de metais.
            Na segunda metade do século XX, vamos ter em Serra Branca um número significativo destes profissionais, chegando a ter nome de rua com o nome de um dos objetos feitos pelos mesmo que era o beco da foice, hoje a rua chama-se Bento Ribeiro de Assis.

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            Entrevistamos o senhor Robson Feitosa dos Santos4 que é filho de um dos mais destacado profissionais deste oficio que era o senhor João Gonçalves mais conhecido por Ti vila. Ele nos contou que todos os filhos de Ti vila, no total 12, foram criados trabalhando de ferreiro, pois existia muito trabalho para ferreiro, o trabalho era valorizado e os custos eram poucos. Basicamente para um ferreiro, o trabalho precisa de um ajudante e a matéria prima era metais que se arrumava nas sucatas e o carvão de jurema preta era feito pelo próprio ferreiro, pois ele sabia a hora certa de apagar a fogueira, geralmente com areia, pois muitas vezes não tinha água no lugar que tinha jurema.
            A jurema preta era a escolhida, pois da um fogo de alta temperatura e não deixa cinzas. As ferramentas utilizadas em sua oficina eram principalmente o fole, a bigorna, martelos de diferentes pesos e formatos e limas. O seu trabalho era basicamente fabricar foices, enxadas, machados, chocalhos, marca para ferrar animais, chibancas, picaretes, alavancas e até mesmo a fabricações de espingardas sovaqueiras, mas o melhor momento e que se ganhou muito dinheiro foi quando começou a fabricação de esporas, pois na região não tinha ninguém para concorrer. A fabricação de esporas gerou bastante emprego, chegando no melhor momento, a tenda (assim chamava-se a oficina),
a trabalharem com dez a doze homens amolando esporas por produção.
 Toda essa fabricação de esporas era levada para Campina Grande na feira central, pois o comprador já era certo. Nessa época o seu ajudante de confiança era Maurício Fernandes mais conhecido por Mauricio de Azougue, pois só ele segundo seu João sabia de todo o traquejo para malhar o ferro. Uma técnica bastante usada por seu João e que chamava atenção até mesmo dos outros ferreiros era a de caldear, ele emendava as peças quando as duas partes estavam incandescentes. Hoje para emendar utiliza-se a solda elétrica.
            Robson Feitosa dos Santos mais conhecidos por Cacá foi quem deu continuidade a profissão de ferreiro, isso em 1976, começando dos 10 anos a puxar o fole, mais tarde começou a fazer serviço de serralharia, pois os serviços de ferreiro estavam extintos. Nos dias de hoje a tenda ainda existe e quem toma conta é Maurilio Fernandes (naninhas) o filho do ajudante Mauricio Fernandes.
4 – Entrevista – concedida ao auto no dia 31 de agosto de 2011.                                                   20
5 – Considerações Finais
            É notário constatar as mudanças e o desenvolvimento ao longo dos anos evidenciados através destas fotografias, mostram uma cidade em constante movimento através da força do trabalho, e também pela dinâmica proporcionada pela efervescência e surgia no âmbito do desenvolvimento de uma cidade.
            Por fim, mostramos que as fotografias são importantes fontes de imagens, de registro temporais e espaciais para a compreensão da história das cidades.
















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7 – REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Juarez Ribeiro (org) Projeto Matimoré. Serra Branca: Escola Estadual Ensino Fundamental e Médio Senador José Gaudêncio, 2005.
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica Arte e política. São Paulo Brasiliense, 1994.
DINIZ, Ariosvaldo da Silva: A Maldição do Trabalho. João Pessoa: Manufatura, 2004.
MOTA, Myrian Becho. Das cavernas ao terceiro milênio: São Paulo: Moderna, 2005
SOUSA, Estelita Antonino de Fatos Históricos de Serra Branca. Serra Branca: 2008.













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