O dia 9 de julho se tornou feriado no Estado de São Paulo no ano 
1997, por força da Lei 9.497, promulgada pelo então Governador Mário 
Covas. Entretanto, muitos cidadãos paulistas desconhecem o que é 
comemorado nesse dia.
 O dia 9 de julho é considerado a data magna de
 nosso Estado, ocasião em que se comemora a Revolução Constitucionalista
 de 1932. 
 Pois bem. Vamos entender de forma simples o que aconteceu e porque essa data é tão importante para o Estado de São Paulo.
 Em 1930 Getúlio Vargas, que era gaúcho, assumiu o poder da nação, 
depondo o então presidente Washington Luis e impedindo que Júlio 
Prestes, paulista, assumisse o governo. 
 Vargas destituiu o congresso e retirou poderes dos Estados.
 Muitos paulistas acreditavam que Getúlio convocaria uma assembleia 
constituinte e eleições presidenciais, fatos que não ocorreram, gerando 
revolta no Estado.
 Na busca de um regime constitucional e com apoio 
de comerciantes, profissionais liberais, maçons e estudantes 
universitários, em 23 de maio de 1932 ocorreu um grande ato político na 
cidade de São Paulo pedindo a realização de eleições. 
 Os estudantes
 Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza
 e Antonio Camargo de Andrade, que participavam do ato, foram mortos 
durante tentativa de invasão a um local que se concentravam apoiadores 
do regime de Getúlio Vargas.
 Surge aí a sigla M.M.D.C., referente à 
forma como os estudantes eram conhecidos – Martins, Miragaia, Dráusio e 
Camargo. Mais tarde acrescentou-se a letra A ao final da sigla, 
referente ao jovem Alvarenga, também morto no conflito.
 Surge também
 a partir daí, já no dia 9 de julho, uma grande revolta armada, na qual 
os paulistas exigiam a saída de Vargas do poder, a realização de 
eleições e a elaboração de uma nova Constituição.
 Utilizando os 
meios de comunicação existentes na época – rádios e jornais – foram 
mobilizados mais de 200 mil voluntários, dos quais cerca de 60 mil 
atuariam em combate. 
 As tropas paulistas, incluindo-se o efetivo da
 então Força Pública, atual Polícia Militar – que participou com cerca 
10 mil combatentes, 4 aviões, 5 trens blindados e diversos veículos 
também blindados – imaginavam que poderiam contar também com o apoio de 
militares mineiros, mato-grossenses e gaúchos, mas o apoio não chegou.
 Cerca de 100 mil soldados aliados do governo federal partiram para o enfrentamento com os paulistas.
 Após quase 90 dias de intenso combate e cercadas por tropas federais, 
as tropas paulistas, com necessidades de alimentação e armamento, se 
renderam ao governo federal.
 Batalha perdida em campo e vencida na política. Vitoria moral para os paulistas.
 Embora dados não oficiais indiquem a morte de cerca 2 mil soldados 
paulistas, o objetivo seria alcançado, já que em 1934 ocorreria a 
promulgação de uma nova Constituição, que ficaria em vigor até 1937, 
quando Vargas fechou o Congresso Nacional, cassando a nova Constituição.
 Vargas ficou no poder até 1945, quando foi finalmente deposto. 
 Em homenagem aos paulistas mortos na revolução, foi construído no 
Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 
32. Maior monumento de São Paulo, com 72 metros de altura, abriga os 
restos mortais de mais de 700 combatentes, com destaque especial para 
Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (M.M.D.C.).
 Entre várias inscrições existentes no monumento, a que mais se destaca é a constante de sua base:
 "Viveram pouco para morrer bem,
 morreram jovens para viver sempre."
 Orgulho dos paulistas, a Revolução de 1932 jamais deverá ser esquecida,
 como forma de honrar a memória daqueles que lutaram e deram suas vidas 
por um Brasil mais justo e perfeito.
 Por Ivan César Belentani
 Capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

 
Nenhum comentário:
Postar um comentário