domingo, 7 de outubro de 2018

Nossa espécie conviveu com neandertais, denisovanos, o Homo Erectus, o Homo Naledi e talvez mais. Por que nós sobrevivemos e eles não?

Quando nossos ancestrais saíram da África para povoar o resto do planeta, não acharam um mundo vazio. Eles eram apenas os últimos numa longa fila de primatas bípedes e inteligentes que cruzaram o Sinai (ou talvez o Mar Vermelho) em direção à Ásia e à Europa.

Logo no começo do caminho estavam os neandertais. E, diferente do estereótipo, eles não eram brutamontes sem capacidade de pensar. Muito pelo contrário: estudos mais recentes afirmam que o neandertal era tão inteligente e capaz quanto o Homo sapiens. Exemplos disso não faltam.

Seus próprios hábitos alimentares revelam sua capacidade de organização e planejamento: em bando, os neandertais caçavam animais como bisões, rinocerontes e até ursos. São bichos enormes, de modo que caçá-los exigia coordenação e comunicação entre membros do grupo. Além disso, eles armazenavam alimentos em buracos na terra, indicando que se preparavam para o futuro.

Outros comportamentos também sugerem padrões culturais modernos, entre eles o fato de enterrarem seus mortos. A análise de cerca de 30 esqueletos espalhados pela Europa Ocidental revelou jazigos cavados e corpos cobertos por camada de terra suficiente para proteger o falecido de animais e de qualquer fenômeno da natureza.

Padrões modernos

Mas não era só com os mortos que eles se preocupavam. Há diversos registros que comprovam que os neandertais cuidavam de parentes doentes e idosos, incluindo cegos, amputados ou com dificuldade de locomoção. Também usavam joias, como pulseiras e colares, outra semelhança com o comportamento do Homo sapiens.

Escavações pela Europa, em especial na Croácia, revelam adornos feitos de ossos de animais e garras de águia. Ou seja, não dá para dizer que um era mais inteligente do que o outro, porque, ao menos pelo registro arqueológico, eles pareciam estar fazendo a mesma coisa.

Os neandertais não foram os únicos que esbarraram com o Homo sapiens: pela Ásia central, nossos ancestrais encontraram outros primos – os denisovanos. Trata-se de uma espécie sobre a qual se sabe pouco, conhecida apenas por fragmentos da caverna de Denisova, Rússia. Mas, pela forma como seu DNA parece ter alterado o nosso, viviam viajando.

Enquanto os neandertais espalharam se pelo oeste, estabelecendo-se no Oriente Médio e na Europa, os denisovanos foram para o leste há aproximadamente 50 mil anos. Nessa época se miscigenaram com humanos que se expandiam da África pela costa do sul da Ásia, deixando resquícios de sua presença na Sibéria, no Sudeste Asiático e nas ilhas do Pacífico. Talvez tenham colonizado a Austrália. Ainda hoje há resquícios de seu DNA em homens da Oceania.

Assim desde sempre

Antes de se encontrar com neandertais e denisovanos, o Homo sapiens se deparou com um tipo bem mais simples que ele, o Homo naledi. Diferente dos nativos da caverna de Denisova, sobre o naledi sabemos algumas coisas. Seu cérebro era do tamanho de uma laranja. A altura máxima, cerca de 1,50 metro. Viveu entre 236 mil e 335 mil anos atrás na África.


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