domingo, 29 de julho de 2018

Lampião.

Crato. Madrugada de 28 de julho de 1938. O sol ainda não tinha nascido. O grupo de cangaceiros, tendo à frente Virgulino Ferreira, o Lampião, e sua mulher, Maria Bonita, tinha acabado de rezar o ofício de Nossa Senhora e se preparava para tomar o primeiro café-da-manhã, quando os estampidos de rifles e metralhadoras quebraram o silêncio da madrugada e a tranquilidade da Grota do Angico, no Estado de Sergipe, onde os cangaceiros estavam escondidos.
“De repente, o refúgio virou um inferno”, descreveu o cangaceiro “Sereno”, um dos sobreviventes da tragédia.
Depois de 15 minutos de tiroteio, 11 cangaceiros estavam mortos: Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro, Quinta-feira, Elétrico, Mergulhão, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Dos 35 cangaceiros que estavam acampados, 24 fugiram.
Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, 40 anos, foi abatido com três tiros: um na cabeça, um no peito esquerdo, outro no abdômen. Maria Bonita, sua mulher, foi baleada e morta a facadas enquanto implorava pela vida.
O soldado Adrião Pedro de Souza, o grande herói esquecido do combate de Angicos, completava a dúzia de vítimas. Dois outros cangaceiros gravemente feridos morreriam dois dias depois na fazenda de um coiteiro — nome dado a quem acolhia os cangaceiros —, que ficava nas proximidades.
No dia seguinte, os jornais de todo o País, e até do exterior, estamparam a sensacional notícia nas suas primeiras páginas. A do New York Times dizia: “Foi morto Lampião cego de um olho, um dos mais temíveis bandidos do mundo ocidental!”. Terminava a incrível história de um menino que nasceu no Sítio Passagem de Pedras, a 42 quilômetros de Serra Talhada, em Pernambuco. Era o fim do cangaço.
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Matéria de Antônio Vicelmo, para o Diário do Nordeste

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