A cachoeira de Uputunduva é visitada pelos índios desta região,
porque o rio aí dá vau. Até agora, porém, nem sequer vestígios temos visto.
Segundo contam nossos camaradas, esses índios, chamados xavantes, são
inimigos de toda a gente cristã. Por vezes tem-se procurado chamá-los: fazem
sinal com a mão que nada querem conosco e agitam como ameaça os
arcos e flechas. Pelo menos avisam. Entretanto, nem sempre obram assim,
sobretudo quando sabem que não são pressentidos. Convém, pois, não se
meter pelo mato adentro, a fim de não desafiar alguma flechada mortal.
Ainda há poucos anos, mataram um infeliz remador de uma monção que
por ali passava. O desgraçado demorara-se em terra para acender o cigarro
e quando quis saltar na sua canoa, foi varado por uma flecha: morreu três
horas depois.
Chamam-se xavantes a todos os índios que aparecem na parte
ocidental da província de São Paulo e para lá do Tietê. Tenho escassas
indicações a respeito deles; creio, porém, que são pouco numerosos e errantes
na vasta zona de terreno entre Curitiba, o Tietê e o Paraná até as Sete
Quedas, país que não foi explorado senão por uma expedição, a qual subiu
algumas léguas pelo Paranapanema acima, na procura de negros quilombolas.
Contarei no fim deste diário de que modo descobriu-se o valhacouto
desses negros na margem de rio tão distante e pouco conhecido. A narração
é interessante. Florence
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