quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O capitão da seleção sul-africana de Rugby, François Pienaar, recebendo o troféu pela vitória na Copa do Mundo de Rugby das mãos de Nelson Mandela, em 1995.

Durante quase todo o século XX a sociedade sul-africana foi marcada pela segregação racial. Oficialmente, os negros eram proibidos até de pertencer às seleções nacionais de qualquer modalidade esportiva. Por essa razão a África do Sul foi banida completamente da FIFA por João Havelange, em 1974 e também pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
As modalidades mais praticadas no país sempre foram o Rugby, o futebol e o boxe. Entretanto, o Rugby sempre esteve vinculado à dominação branca, uma vez que era praticado pela elite. O futebol, praticado em sua maior parte pelos negros, esteve sempre em segundo plano, pouco incentivado pelo governo.
Com o fim do Apartheid, em abril de 1994 realizaram-se as primeiras eleições livres e multirraciais do país, com a vitória de Nelson Mandela, advogado preso durante quase três décadas por defender a igualdade racial.
No ano seguinte, pela primeira vez o país era aceito em uma competição internacional, a Copa do Mundo de Rugby, que seria disputada em sua própria casa. Antes de Mandela, o time de Rugby da África do Sul, conhecido como Springboks, era quase um ícone do Apartheid, com maioria de jogadores brancos. Na verdade, os negros inclusive costumavam torcer contra o time.
Mandela lutou pelo sucesso da desacreditada equipe nacional, já que percebia o quanto o esporte podia unificar uma nação dividida. Assim, antes divididos, os sul-africanos passaram a torcer pelo time, porém com desconfiança: além de ninguém se esquecer de que os Springboks recordavam o Apartheid, a seleção era composta apenas por brancos. Tal situação mudou quando o negro Chester Williams foi convocado às pressas para substituir um companheiro lesionado, se tornando fundamental para a vitória da Copa.
Essa conquista foi um marco para a história da África do Sul e o Rugby foi responsável por isso. Pela primeira vez o país era legitimamente representado em nível internacional por uma seleção multirracial.
A união dos sul-africanos e a euforia em torno da vitória na Copa, foram demonstradas pelo então capitão da seleção, François Pienaar que, ao receber o troféu das mãos de Nelson Mandela, disse: “Hoje não são apenas os 60 mil aqui do estádio a comemorar o título, mas sim os 43 milhões de sul-africanos!”.
Anos mais tarde, já ex-presidente e agraciado com o prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela disse que a África do Sul não seria a mesma caso os Springboks não tivessem vencido a Copa de 1995.
Fonte: Livro Conquistando o Inimigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário