quarta-feira, 17 de maio de 2017

A sobrevivência do veado-catingueiro na caatinga do Nordeste.

Muito se tem reclamado das secas no Sertão do Nordeste, principalmente pela mortandade dos animais domésticos, principalmente de bovinos, ovinos e caprinos. Por outro lado, temos uma fauna rica em espécies que sobrevivem a essas calamidades quase que sem sofrer quaisquer danos. Uma dessas espécies é o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira). Sua maior ameaça é a caça indiscriminada. O veado-catingueiro é uma espécie de pequeno porte de ocorrência em todo o território nacional, contudo em algumas regiões do Brasil, principalmente no Nordeste, essa espécie vem a cada dia sendo pouco observada. Essa espécie ocorre em diferentes tipos de vegetação, como florestas, savanas, matas e áreas de cerrado e caatinga.
Nas caatingas do Nordeste o veado-catingueiro prefere as áreas de formação de pastagens, onde se alimenta de brotos, gramíneas e leguminosas da caatinga, principalmente dos frutos, além do consumo das cactáceas no período de seca.
O veado-catingueiro alimenta-se, basicamente de mandacaru, xiquexique e outros pequenos cactos da caatinga como o rabo de raposa, o caroá, etc. Não há registro de que as secas tenham afetado esses animais, visto que, eles só consomem água se encontra disponível, caso contrário, obtém a água que precisa das plantas da caatinga.
Enquanto nossos criadores de caprinos e ovinos do Sertão vêm a cada dia alterando a genética de seus rebanhos com raças importadas, pouco adaptadas a nossas condições, o veado-catingueiro continua firme e forte na convivência com a seca.
Infelizmente não temos estudos onde as características de rusticidade desses animais possam ser repassadas para os nossos rebanhos capacitando-os as adversidades climáticas da região. Nada ou quase nada mudou da colonização até agora, isto é, os colonizadores pouco tiveram interesse pela fauna do Sertão, mais priorizaram a introdução de espécies exóticas, como o caprino.
Hoje, o que temos é a continuidade dessa politica com a introdução constante de novas raças de caprinos e ovinos para os Sertões do Nordeste. Assim, uma pergunta fica sem resposta, se o veado consegue sobreviver às secas sucessivas do Nordeste, porque nossos criadores tem que esperar a mão protetora do Estado para salvar seus rebanhos no período de seca?
Texto e Foto: Nilton de Brito Cavalcante

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