terça-feira, 21 de março de 2017

Crânio encontrado em Minas pode mudar história da migração das Américas

Hoje, quase todos os cientistas concordam que os primeiros humanos chegaram nas Américas há cerca de 15 mil anos e se dispersaram pelo continente. Mas a história não é tão simples assim.
Em 1988, ao estudar Luzia, o fóssil mais antigo da América (encontrado em 1974), o pesquisador Walter Neves percebeu que a ossada era bem diferente da dos índios brasileiros atuais. Assim, os cientistas começaram a desconfiar que, além da primeira, uma segunda onda migratória, com traços mais asiáticos, poderia ter ocorrido há cerca de 12 mil anos.
"Quando você olha para os dados genéticos contemporâneos, a sugestão, particularmente para a América do Sul, era de uma onda de migração e que os povos indígenas sul-americanos eram todos descendentes dessa onda. Mas os nossos dados sugerem que existiram ao menos duas, senão mais ondas de pessoas entrando na América do Sul", afirmou ao jornal O Globo a antropóloga Noreen von Cramon-Taubadel, da Universidade de Buffalo, nos EUA, e coordenadora do estudo publicado na revista Science Advances.
A prova vai poder ser tirada agora com a análise de um crânio encontrado no sítio arqueológico Lapa do Santo, em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte.
"Pela morfologia, encontramos uma variedade humana muito diferente desses nativos mais recentes. O crânio que analisamos data de entre dez mil e oito mil anos. Existem indícios de que populações dessas duas ondas migratórias coexistiram, mas esse não foi o tema do estudo", explica o paleantropólogo brasileiro André Strauss, professor na Universidade de Tubinga, na Alemanha, e coautor do estudo. O trabalho continua.

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