quarta-feira, 8 de março de 2017

Chica da Silva: Um mito brasileiro

Existem duas mulheres cujo nome tem o mesmo som, mas grafias e significados diferentes.
Uma é Xica com xis. A escrava que venceu todo o tipo de dificuldades para se tornar uma das mais poderosas mulheres da América a seu tempo. A devoradora de homens que, por meio de sua irresistível magia sexual e pura força de caráter, pôs de joelhos um dos homens mais poderosos de era da mineração. Através do que conseguiu inimagináveis privilégios – como uma igreja só para ela, quando foi, pela sua cor, barrada da capela local. Uma mulher imporia sua aceitação pela sociedade branca, numa vingança, exibindo a força de uma sensualidade que as europeias não tinham.
E há a Chica com ch. A figura histórica, não a fantasia de carnaval. Assim como seu nome respeita a ortografia da língua portuguesa, seria uma figura inserida nas regras da sociedade colonial do século 18. Não uma contestadora, nem uma vítima, mas um figura de sua época cuja história seria usada para construir um mito, parte importante a própria identidade da nação brasileira. Mas um mito que precisa ser revisado.

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