quinta-feira, 2 de abril de 2020

Serra Branca: Um pouco de sua história.

"... Serra Branca, linda povoação, edificada em terreno baixo e arenoso, onde se juntam os dois riachões Hau, que nasce na serra do mesmo nome em distância de quatro léguas, e Poção que tem cinco léguas de curso. Os dois formam o rio Matinoré, que daí por diante, depois de um curso de quatro léguas, lança-se no Taperoá, ...". Serra Branca foi o nome dado pelos portugueses a uma serra, denominada pelos índios de Matinoré, hoje mais conhecida como Jatobá, que segundo descrição de Joffily trata-se de um enorme rochedo de forma arredondada, despido de vegetação e de grande alvura.
       Apesar de situada em zona semi-árida, Serra Branca foi, porém, beneficiada pelo rio Matinoré ou Serra Branca, afluente do rio Taperoá que recebe vegetação mais abundante e de maior fertilidade.
        Tais condições, na década de vinte do século XIX,  atraíram criadores de gado que lá estabeleceram duas fazendas: a primeira implantada aproximadamente em 1820, foi denominada Jericó; a segunda mais ou menos em 1825, fundada pelo sr. José Pequeno, recebeu o nome de Serra Branca.
        Estas fazendas constituíram o núcleo inicial da ocupação dessa área. A elas seguiram-se muitas outras, cujos proprietários haviam comprado terras pela maior facilidade de fazer cacimbas e bebedouros para os rebanhos, bem como pela maior fertilidade das terras úmidas do vale. Consequentemente, em torno dessas fazendas, concentrou-se um contingente populacional, um pequeno povoado.
        Com o crescimento desse povoado, como era de costumes entre os colonizadores portugueses, necessitava-se construir uma capela, marca registrada da associação Estado-Igreja e presença obrigatória no processo colonizatório, desde seus primórdios. Conforme o costume já consagrado, cabia a grandes proprietários locais ceder um lote de terras para a Igreja. Neste sentido, em 1889, solicitou-se ao fazendeiro-pioneiro José Pequeno a doação do terreno necessário. Mediante a recusa do referido proprietário, o senhor Francisco José Limeira, outro pioneiro da ocupação local, procedeu a doação do patrimônio onde foi construída  igreja, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.
         Em 1921 Serra Branca foi elevada à condição de distrito, pertencendo a São João do Cariri. Aliás, este vínculo político-administrativo apenas referendou a ligação criada pelo processo comum da formação histórica dos dois povoados e pela ocupação da mesma fisiográfica.
         Mediante o rápido desenvolvimento de sua atividade agrícola e pastoril, Serra Branca logo destacou-se entre os municípios de São João, como o maior e mais próspero de todos.
         O crescimento econômico de Serra Branca, inter-relacionado às questões políticas entre as principais oligarquias locais, desencadearam uma acirrada disputa entre ela e São João.
          Em 1943 Serra Branca teve seu nome mudado para Itamorotinga, recuperando sua antiga denominação apenas em 1947, ocasião em que foi elevada à cidade e promovida a sede do município, submetendo, portanto, São João do Cariri.
          A partir de então, ocorreu o acirramento das disputas entre as duas principais oligarquias locais. Em consequência, iniciou-se um período de vai-e-vem da sede do município; ora para uma, ora, para a outra cidade, à medida que predominava uma ou outra das oligarquias locais.
          Assim, Serra Branca permaneceu como sede municipal de 1947 até 1951, ocasião em que esta voltou para São João. Porém, por pouco tempo, logo em seguida Serra Branca recupera a sede, mantendo-a até 1960.
           Em 1959 foi promulgada a lei n° 2.065 que promoveu sua emancipação política, sendo instalado oficialmente o município de Serra Branca, desmembrando de São João, constando de 4 distritos: o da sede, Coxixola, Santa Luzia do Cariri e Sucuru.
           Porém, mediante a nova política que vem fragmentando os municípios, atualmente Serra Branca somente conta com dois distritos: Santa Luzia do Cariri e Sucuru.
          
Fonte: O Cariri Paraibano: Conhecendo um pouco de sua História. Eliete de Queiroz Gurjão.

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