A escravatura era uma tradição dos povos germânicos que se fixaram na Península Ibérica no século V, embora já fosse praticada entre as civilizações clássicas.
Para os romanos, por exemplo, o escravo era o cativo de guerra, ficando à mercê do vencedor, que decidia então o seu destino. Era, por assim dizer, uma propriedade ou um objecto do seu senhor.
Os visigodos continuaram a usar o nome romano servi, mas
a sua definição de escravo era distinta da dos romanos. Para este povo, eram escravos os filhos de mães escravas e também os filhos resultantes de uniões entre escravos e homens livres. Eram tidos como pessoas civis; contudo, podiam perfeitamente ser doados
ou vendidos.
No período da Reconquista Cristã, o nascimento é a origem da escravatura, mas ela pode surgir também pelo cumprimento de penas judiciais. Para além disso, surgem muitos escravos de origem mourisca. Nos séculos IX e X, o servo ascendeu a uma nova categoria, a de colono adscrito, e o liberto passa a ser um homem livre. No século seguinte, o servo não tem possibilidade de abandonar a gleba e, passado um século, o adscrito passa à categoria de colono livre. Numa época em que era preciso gente para se proceder ao repovoamento do território,
somente os escravos
mouros continuaram a
perpetuar a condição
servil.
Em 1341,
no reinado de D. Afonso IV, atingiram-se as Canárias,
um arquipélago disputado entre Portugal
e Espanha, onde se fizeram cativos entre os nativos, os guanches. A colonização da Madeira e a produção de açúcar levaram ao aparecimento de escravos oriundos das Canárias, os quais tiveram um papel importante nestas ilhas;
todavia, fora delas
não tiveram grande
desempenho, pois os
espanhóis ocuparam o
arquipélago canário após luta feroz com os portugueses.
Em 1441,
chegaram a Portugal
continental os primeiros escravos negros
que aqui desempenharam
trabalhos agrícolas e
domésticos. Já nas
ilhas Atlântica, e
depois no Brasil, foram empregados nas plantações de açúcar.
Embora não tenham sido os inventores da escravatura, os portugueses
usaram-na com muita
frequência no período
dos Descobrimentos, altura em que desenvolveram amplamente este
tipo de tráfico. Todos os países colonialistas recorreram à
mão de obra escrava para trabalhar nos seus impérios, pois era simultaneamente
barata e muito lucrativa.
Com a
descoberta do Brasil,
a costa ocidental africana foi parcialmente
despovoada, porque a
sua população era encaminhada para as Américas. Portugal, Espanha
e outras potências
marítimas envolveram-se assim neste tráfico vital para as suas economias.
A escravatura só veio a terminar no decurso do século XIX, com o triunfo da ideologia da Revolução Francesa aliado ao avanço do capitalismo e à acção de alguns ideólogos muito interventivos.
Durante o
governo de Pombal,
os índios do Brasil já tinham sido considerados livres.
Certas leis decretaram,
entretanto, a restrição
crescente da escravatura no império português e deram aos africanos direitos iguais aos dos portugueses. As razões não eram filantrópicas, mas práticas: era necessário prender os escravos negros no Brasil, incentivá-los a ficar.
Aquando da assinatura do Tratado de Viena em 1815, Portugal e Inglaterra acordaram regulamentar este tráfico.
Contudo, a intervenção
mais importante foi
a do visconde de Sá da Bandeira, que, por decreto de 10 de Dezembro de 1836, proibiu a transacção de
escravos nas colónias
portuguesas a sul do Equador.
O Barão
de Ribeira Sabrosa
continuou as negociações com a Inglaterra e, em 1842, o duque de Palmela e Lorde Howard de Walden, embaixador britânico
em Lisboa, acordaram
abolir o tráfico de escravos nas possessões dos dois países, apesar dos prejuízos que tal medida iria acarretar sobre a economia ultramarina.
Contudo, só a 25 de Fevereiro de 1869 seria decretada a extinção da escravatura em todo o território português.
A 23
de Agosto, comemora-se
o Dia Internacional
de Recordação do Tráfico de Escravos e da sua Abolição.
Abolição do Tráfico de Escravos. In
Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2013.
Abolição da escravatura (1869). In
Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2013.
wikipedia (Imagem)
Público (imagem)
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