A descoberta é importante para se entender um período crucial na evolução dos cetáceos. O mamífero de quatro metros, batizado de Peregocetus pacificus , ilustra o momento intermediário anterior ao que as baleias se adaptaram completamente à vida marinha. O anúncio foi feito nesta quinta-feira por cientistas do Real Instituto Belga de Ciências Naturais.
Com quatro patas que lhe permitiam sustentar seu corpo em terra, o Peregocetus poderia ser capaz de sair do mar para dar à luz ou para descansar, estimam os cientistas. Mas seus membros tinham um formato que favorecia o nado e que possivelmente lhe dificultava a locomoção em terra.
Com um focinho alongado e dentes robustos, o Peregocetus era capaz de capturar presas aquáticas de tamanho médio.
"Acreditamos que ele se alimentava na água, e que sua locomoção era mais fácil nela do que fora", afirmou o paleontólogo Olivier Lambert, que liderou a pesquisa, publicada no periódico especializado "Current Biology".
Ele também explicou que algumas vértebras da região da cauda "têm muita semelhança com a de mamíferos semi-aquáticos como as lontras, o que indica que ela era usada predominantemente para deslocamento subaquático".
A evolução das baleias era pouco entendida até a década de 1990, quando os fósseis das baleias mais antigas foram encontrados.
Diversos fósseis mostraram que as baleias se desenvolveram há pouco mais de 50 milhões de anos, onde atualmente estão o Paquistão e a Índia, a partir de mamíferos que vagavam em terra, parentes distantes dos hipopótamos, mas com o tamanho de um cão de porte médio. Eles levaram milhões de anos para se espalhar pelo mundo.
O Peregocetus descoberto pelos belgas é o esqueleto de baleia quadrúpede mais completo fora da Índia e do Paquistão, e o primeiro na região do Pacífico e no hemisfério sul.
Sua presença no Peru, afirma Lambert, sugere que as baleias quadrúpedes se espalharam do Sudeste Asiático para o Norte da África, atravessando de lá o Atlântico Sul rumo às Américas.
Ao longo do tempo, os membros frontais dos cetáceos evoluíram para nadadeiras, e os traseiros tornaram-se meros vestígios. A linhagem das baleias tornou-se completamente marítima há cerca de 40 milhões de anos.
Fonte: O Globo
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