O dia 10 de maio de 1933 marcou o auge da perseguição dos nazistas
aos intelectuais, principalmente aos escritores. Em toda a Alemanha,
principalmente nas cidades universitárias, montanhas de livros (ou suas
cinzas) se acumulavam nas praças. Hitler e seus comparsas pretendiam uma
"limpeza" da literatura.
Tudo o que fosse crítico ou desviasse
dos padrões impostos pelo regime nazista foi destruído. Centenas de
milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo
diretório nacional de estudantes.
Albert Einstein, Stefan Zweig,
Heinrich Heine e Thomas Mann, Sigmund Freud, Erich Kästner, Erich Maria
Remarque e Ricarda Huch foram algumas das proeminências literárias
alemãs perseguidas na época.
O poeta nazista Hanns Johst foi um
dos que justificou a queima, logo depois da ascensão do nazismo ao
poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã de
elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".
Assim
como desde a pré-história, se acreditava nos poderes purificadores do
fogo, o regime do mestre da propaganda – Joseph Goebbels – pretendia
destruir todos os fundamentos intelectuais da por ele tão odiada
República de Weimar.
A opinião pública e a intelectualidade
alemãs ofereceram pouca resistência à queima. Editoras e distribuidoras
reagiram com oportunismo, enquanto a burguesia tomou distância, passando
a responsabilidade aos universitários. Também os outros países
acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a
queima como resultado do "fanatismo estudantil".
Entre os poucos
escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição esteve Thomas
Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele
emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos.
Quando a
Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn lhe cassou o título de
doutor honoris causa, ele escreveu ao reitor: "Nestes quatro anos de
exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se
tivesse ficado na Alemanha ou retornado, talvez já estivesse morto.
Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da
nacionalidade, vivendo desta maneira!"
Também Ricarda Huch
retirou-se da Academia Prussiana de Artes. Na carta ao seu presidente,
em 9 de abril de 1933, a escritora criticou os ditames culturais do
regime nazista: "A centralização, a opressão, os métodos brutais, a
difamação dos que pensam diferente, os autoelogios, tudo isso não
combina com meu modo de pensar", justificou. Em 1934, a "lista negra"
incluía mais de três mil obras proibidas pelos nazistas. Como disse o
poeta Heinrich Heine:
"Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas."
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