Hebert José de Souza, conhecido como Betinho, nasceu na cidade de
Bocaiuva, Minas Gerais, em 1935. Betinho herdou da mãe a hemofilia e,
desde a infância, sofreu com outros problemas, como a tuberculose. Foi
criado em ambientes inusitados: a penitenciária e a funerária, onde o
pai trabalhava. Nesses lugares, teve os primeiros contatos com a pobreza
da sociedade. Sua formação teve grande influência dos padres
dominicanos, com os quais conheceu o drama dos necessitados que morriam
de fome pelo país, na década de 1950.
Em 1962, graduou-se em
Sociologia na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante o governo de João
Goulart, assessorou o MEC, chefiou a Assessoria do Ministro Paulo de
Tarso Santos e defendeu as Reformas de base, sobretudo a reforma
agrária, já que ele via na concentração de terras a causa da grande fome
que assolava o território nacional.
Com o golpe militar, em 1964,
mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais.
Betinho não se conformava que em um país do tamanho do Brasil e com a
riqueza que jorrava da terra, pessoas ainda morressem de fome. Com o
aumento da repressão, foi obrigado a se exilar no Chile, em 1971. Lá
assessorou Salvador Allende, até sua deposição em 1973. Conseguiu
escapar do golpe de Pinochet refugiando-se na embaixada panamenha.
Posteriormente, morou no Canadá e no México. Durante esse período, foram
reforçadas as suas convicções sobre a democracia e a cidadania – dois
conceitos que julgava inexistentes no Brasil.
De volta ao país,
Betinho continuou sua militância contra a concentração de terras e
contra a fome. Para mobilizar mais pessoas e amplificar a popularidade
da causa, o sociólogo idealizou e fundou a organização não governamental
"Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida", que
encabeçou, entre outros projetos, o famoso "Natal sem Fome", o qual
visava coletar doações de alimentos para garantir a segurança alimentar
dos brasileiros mais pobres, principalmente da região nordeste. Além da
campanha contra a fome, Betinho e seus colaboradores passaram a
pressionar os governos pós Ditadura a encabeçarem políticas sociais,
visando garantir a seguridade de condições mínimas de vida que, em tese,
diminuiriam a mortalidade infantil, a inanição e a terrível fome que
sempre assolou o Brasil.
Conhecido e amado pelos pobres, odiado por
parte significativa da elite brasileira, Herbert de Souza sempre se
posicionou a favor dos mais necessitados.
Em 1986, ele descobriu
ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era
obrigado a se submeter periodicamente devido a hemofilia. Em sua vida
pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos
direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade
civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira
Interdisciplinar de AIDS, principal instituição de fomento a pesquisas
as quais buscavam tratamento e cura para a doença. Dois dos seus irmãos,
Henfil e Chico Mário, morreram, em 1988, em consequência de
complicações decorrentes da mesma doença. Mesmo assim, não deixou de ser
ativo até o final de sua vida, dizendo que a sua condição de
soropositivo o forçava a "comemorar a vida todas as manhãs".
Cientistas Políticos e especialistas confirmam que Betinho é o membro da
sociedade civil mais importante da história do Brasil quando se pensa
em luta contra a fome e a pobreza.
Sua passagem pela vida rendeu
muitos feitos e homenagens, como a música "O Bêbado e a Equilibrista",
de João Bosco, interpretada pela grandiosa Elis Regina. Em seu velório,
um banquete de frutas, legumes e verduras foi realizado, e pessoas
pobres foram convidadas a comer e celebrar a vida com a "barriga cheia",
termo que constava na frase que Betinho costumava usar para definir o
primeiro estágio da cidadania: "Sem a barriga cheia, não há cidadania".
Grande Herbert de Souza! Grande Betinho!
"E se sentir inseguro, segure na minha mão, duas metades juntas é a melhor segurança".
"O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar
cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação,
solidariedade e liberdade."
"No Brasil não existe filantropia , o que existe é pilantropia".
"E se sentir inseguro, segure na minha mão, duas metades juntas é a melhor segurança".
"O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar
cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação,
solidariedade e liberdade."
"No Brasil não existe filantropia , o que existe é pilantropia".
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