É a festa da democracia em Atenas e todos os cidadãos, dos magnatas aos
mais humildes, foram convidados. Quem passa pela ágora, a praça do
mercado, logo vê os dez portões pelos quais entram os que vão votar. É
dia de eleição e há um clima de ansiedade no ar: o cidadão que receber 6
mil votos ou mais será expulso sumariamente da cidade e do território
em torno controlado por ela, por dez anos.
Trata-se de um pleito
de ostracismo. Os eleitores só precisam rabiscar o nome do "candidato"
ao exílio num caco de cerâmica, o chamado ôstrakon (ou ôstraka, no
plural), e depositá-lo num grande jarro.
Um grupo de camponeses
hesita perto dos portões: entrar ou não entrar? Eles não sabem escrever e
estão inseguros, mas um homem de túnica elegante se aproxima para dar
uma mãozinha. "Percebo que os senhores têm dificuldade com a escrita e
seria uma injustiça não poderem participar. Eis aqui alguns votos já
prontos", diz, enquanto oferece a eles as cédulas em que,
maliciosamente, inscreveu, provavelmente, o nome do seu inimigo.
Agradecidos, os camponeses já podem votar.
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