Francisco Vital da Silva nasceu no sertão da Bahia e, como muitos
nordestinos, migrou para São Paulo em busca de melhores condições de
vida. Junto com sua família, passou a viver em Itaim Paulista, na
violenta zona leste de São Paulo. Trabalhando de pedreiro, Vital montou
um bar, o estabelecimento era constantemente assaltado e vandalizado por
criminosos.
Cansado das extorsões, Chico passou a revidar os
abusos e colocar pessoas indesejáveis para fora de seu comércio. Sempre
munido de uma faca para a autoproteção, acabou por despertar a raiva de
muitos sujeitos perigosos.
Um certo dia, invadiram sua casa e
estupraram sua esposa e sua filha de 16 anos. Chico, revoltado com a
impunidade dos criminosos, comprou algumas armas e foi atrás de
vingança, apagou os sujeitos e deixou um recado bem claro: se a polícia
não age, eu entro em ação. Assim, Francisco Vital da Silva, um
comerciante vindo da Bahia, passou a ser Chico Pé de Pato, um justiceiro
que caçava foras da lei na região leste da Grande São Paulo.
A
fama de Chico cresceu consideravelmente, recebia da própria força
policial nomes de bandidos procurados pela justiça, os executava e
passou a ser visto pela população como um grande herói, um justiceiro
que substituiu a péssima justiça que o Estado sempre proporcionou às
classes mais pobres.
Em meados dos anos 80, a ordem da polícia era
matar criminosos nas áreas periféricas da cidade, Chico fazia boa parte
do trabalho, era, inclusive, acionado pela população mais do que o
próprio batalhão da ROTA. A fama de Pé de Pato cresceu tanto, que o
famoso jornal Notícias Populares fez uma série de reportagens para falar
sobre suas empreitadas contra criminosos, o que despertou a admiração
de pessoas de todas as partes do estado de São Paulo, além de ter
amizade e aparecer nas histórias do radialista Afanasio Jazadji, uma
espécie de Datena dos anos 80.
O destino de Chico mudaria após uma
discussão em um bar, quando, ao sacar a arma para revidar uma agressão,
matou um policial militar à paisana.
Ao saber que a vítima era
policial, Pé de Pato já sabia que não teria muito tempo de vida, pois
ele já conhecia a lei da rua, não se mata um policial e fica impune.
Pouco depois do crime, Chico fugiu em seu Opala, e foi considerado
procurado pela polícia militar.
A ROTA foi responsável pela caça ao
justiceiro, que, ao entrar em contato com Afanásio Jazadji conseguiu se
entregar no DEIC. No dia de sua prisão, mais de 500 pessoas estavam na
porta da delegacia pedindo sua soltura, um abaixo-assinado foi feito,
mas não adiantou, Chico foi julgado e condenado a 6 anos de prisão,
tempo consideravelmente baixo pela quantidade de homicídios que
protagonizou. A pena baixa, provavelmente, foi fruto da pressão das 2
mil pessoas que se encontravam na porta do Fórum no dia do julgamento.
Pé de Pato foi transferido para uma penitenciária onde, por ser
desafeto de muitos criminosos e policiais, foi morto com 91 estiletadas.
A força policial tinha medo que Pé de Pato abrisse a boca sobre os
justiçamentos que cometeu fazendo favor para homens da polícia, os
bandidos tinham uma questão de honra para acertar com ele, por isso, não
durou muito tempo dentro do sistema carcerário.
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