segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A mãe do Brasil.


Dona Leopoldina de Habsburgo-Lorena, Imperatriz do Brasil, Mãe de nossa Independência, nasceu em 1797, no Palácio de Schönbrunn em Viena, no Sacro Império Romano-Germânico (atualmente Áustria), filha do Kaiser Franz II, o último Imperador do Sacro Império.

Numa época em que as mulheres não costumavam estudar, as princesas austríacas recebiam a mais esmerada educação, sendo preparadas para o casamento com Reis e Imperadores, já que os Habsburgos eram considerados a mais alta casa da realeza ocidental. Além de teatro, canto e Artes em geral, nossa Imperatriz também estudou astronomia, botânica, matemática, física, mineralogia, história, pintura, e outras disciplinas. Ainda era poliglota e multi-instrumentista, e fazia equitação com maestria, adorava cavalgar.

Seu primeiro “contato” com o Brasil veio de um Padre jesuíta de que Leopoldina gostava imensamente. O mesmo tinha passado vários anos no, até então, domínio português nas Américas. Contava à princesa todo tipo de histórias sobre o local e também sobre a perseguição dos Jesuítas que acontecia por lá.

Leopoldina teve seu destino selado pelos interesses políticos e econômicos de austríacos e portugueses, em um casamento com o príncipe herdeiro da Casa de Bragança. O Príncipe Dom Pedro era filho do Rei Dom João VI, do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, cuja capital era o Rio de Janeiro.

Decidido o casamento, a Princesa imediatamente passou a estudar tudo o que se referia a sua futura Pátria, e quando chegou ao Brasil, já tinha bom conhecimento da História e Geografia local, bem como já sabia falar o Português.

Apesar de seu histórico de aprendizado sobre o Brasil, ela chegou a ficar muito apreensiva sobre ter de se mudar para o outro lado do Oceano; mas como Arquiduquesa da Áustria, sua educação incluía um elevado sentimento de dever e obediência: “Faço a vontade de meu amado pai e posso ao mesmo tempo contribuir para o futuro da minha amada pátria...”

É relatado por historiadores que o coração de Leopoldina se aquietou ao receber um medalhão que tinha a imagem do rosto de seu prometido noivo, o Príncipe Dom Pedro. É dito que ela passava muito tempo olhando o medalhão e tendo devaneios. Conforme relatou à sua irmã, já estava “completamente apaixonada”.

Quando Dona Leopoldina se encontrou com Dom Pedro pela primeira vez, no navio que a trouxe da Europa, eles se olharam timidamente. Ela desembarcou no Rio de Janeiro no dia 5 de Novembro de 1817 e casou-se no dia seguinte. Dom Pedro tinha 19 anos de idade e Dona Leopoldina 20 anos.

Não demorou até nascer a primeira filha do casal, Maria da Glória, futura Rainha Maria II de Portugal. Diferente de algumas famílias dinásticas, a coroa portuguesa não proibia que mulheres herdassem o trono.

Depois eles vieram a perder dois filhos, um ainda em gestação e outro bebê. Dos 7 filhos que a Imperatriz teve ao longo de sua curta vida, 4 chegaram à fase adulta.

Com a Revolução do Porto, em Portugal, foi formada uma Junta governativa, que exigiu o retorno do Rei D. João VI a Lisboa. Os portugueses não queriam mais ser governados pelo Rio de Janeiro.

Dom João VI partiu do Brasil em 1821, junto com quatro mil portugueses que retornavam à terra natal, deixando aqui como Regente o Príncipe Herdeiro. Ciente do desejo pela Independência que agitava os brasileiros, Dom João teria aconselhado ao filho para que não deixasse que a Independência do Brasil fosse feita por aventureiros, mas que ele próprio a fizesse, se necessário.

As Cortes portuguesas mostraram-se descontentes pela permanência no Brasil de Dom Pedro, ainda mais como Regente. Além disso, o Brasil tinha 82 deputados nas Cortes de Lisboa, mas apenas 46 assumiram seus postos. Desta forma, as Cortes passaram a tomar medidas que na prática recolonizavam o Brasil, e exigindo a volta de Dom Pedro à Europa.

Leopoldina sabia que, se eles partissem para Europa, como desejavam as cortes portuguesas, haveriam revoltas no Brasil, e certamente ocorreria aqui o mesmo que na América Espanhola: todo o território se dividiria em pequenas republiquetas que guerreariam entre si. Tanto Leopoldina quanto José Bonifácio sabiam que, se Dom Pedro não ficasse no Brasil, nosso país não resistiria ao furor revolucionário. Nosso país ainda era suscetível a movimentos rebeldes e independentistas que nos afundariam num caos político e social.

Leopoldina estava morando numa fazenda distante da capital por questão de segurança, pois as tensões entre portugueses e brasileiros vinham crescendo. Bonifácio foi até lá para levar a Dom Pedro um abaixo-assinado da população de São Paulo em apoio ao Príncipe Regente, e a encontrou pela primeira vez. Ela, grávida, foi ao encontro de Bonifácio cavalgando. Após se cumprimentarem, conversaram em francês, e depois em alemão. Foram realizados abaixo-assinados também no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Leopoldina disse a Dom Pedro que não poderia voltar a Portugal, pois estava grávida novamente. A viagem poderia resultar na terceira perda de um filho.

Junto à insistência de Bonifácio e ao clamor popular que não aceitaria a partida do Príncipe, a influência dela sobre seu marido foi decisiva para que ele resolvesse ficar no Brasil. No histórico Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro, no Paço Imperial, proclamou sua permanência no Brasil. Este já seria o primeiro passo para a nossa Independência.

Meses depois as cortes portuguesas tornaram a situação ainda mais grave. Exigiram o fechamento dos tribunais no Brasil, e todos os processos judiciais seriam julgados em Portugal. Para piorar, queriam rebaixar o Brasil à condição de colônia novamente. E como se não bastasse, rebaixaram Dom Pedro de Príncipe Regente para delegado temporário. Os novos representantes do governo brasileiro seriam definidos em Lisboa.

Foi então que, no dia 2 de setembro de 1822, Dona Leopoldina presidiu uma reunião do Conselho de Ministros e, com o apoio de José Bonifácio, assinou o decreto para separar o Brasil de Portugal. O Brasil não mais responderia à Lisboa, pois reconciliação não seria mais possível. Mas ainda faltava a ratificação dessa decisão pelo Príncipe Dom Pedro.

Dona Leopoldina e José Bonifácio enviaram cartas informando da reunião a Dom Pedro, que estava em São Paulo. Ambos alertaram o príncipe de que os portugueses queriam o levar à força para Portugal, e estaríamos à beira de uma guerra. Era necessário romper os laços com Portugal.

Após ler as cartas, no dia 7 de setembro, cinco dias depois da reunião do Conselho de Ministros, Dom Pedro, aos 24 anos de idade, arrancou os laços portugueses de seu uniforme, e fez o Grito do Ipiranga, confirmando a independência do Brasil.

Dom Pedro e Dona Leopoldina foram coroados, respectivamente, Imperador e Imperatriz Consorte do Brasil no dia 1 de Dezembro de 1822.

No dia 2 de dezembro de 1826 sofreria mais um aborto, dessa vez o último. O bebê tinha 3 meses de gestação. Nove dias depois, no dia 11 de dezembro de 1826, aos 29 anos, Dona Leopoldina falece de septicemia puerperal. Dom Pedro estava na província de São Pedro do Rio Grande do Sul (RS) resolvendo questões da Guerra Cisplatina.

A comoção nacional foi imensa, relata-se que pessoas bradavam nas ruas “A Mãe do Brasil está morta!”

Seus restos mortais se encontram na Cripta Imperial, no Parque da Independência, Mausoléu Ipiranga, no bairro Ipiranga, em São Paulo.

Dona Leopoldina foi a primeira mulher Chefe de Estado do Brasil.

Se não fosse por Dona Leopoldina, é possível que Dom Pedro voltasse a Portugal. E o destino do Brasil seria incerto. Provavelmente ocorreria aqui o que houve na Revolução Francesa e na América Espanhola, terror banhado a sangue.

Por isso que, ao celebrar o Dia da Independência, também devemos ficar muito gratos à Dona Leopoldina por seus esforços para com nosso povo e por nos conceder a liberdade.Fonte:Texto: Instituto Imperial Catarinense.

 

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