Na verdade, o que poderia dar aos trabalhadores mais coragem e fé em sua própria força que uma paralisação do trabalho em massa, a qual eles mesmos decidiram? O que poderia dar mais coragem para os eternos escravos das fábricas e oficinas do que a reunião de suas próprias tropas? Assim, a ideia de uma celebração proletária foi rapidamente aceita e, da Austrália, começou a se espalhar para outros países até finalmente conquistar todo o mundo proletário.
Os primeiros a seguirem o exemplo dos trabalhadores australianos foram os americanos. Em 1886 eles decidiram que o dia 1° de maio deveria ser o dia universal da paralisação do trabalho. Neste dia, 200.000 deles deixaram seus trabalhos e exigiram a jornada de oito horas diárias. Tempos depois, a polícia e o assédio legal impediram os trabalhadores por muitos anos de repetir esta manifestação [em tal magnitude]. Entretanto, em 1888 eles renovaram sua decisão e decidiram que a próxima celebração seria no dia 1° de maio de 1890.
Enquanto isso, o movimento dos trabalhadores na Europa tinha se fortalecido e se animado. A expressão mais poderosa deste movimento ocorreu no Congresso Internacional dos Trabalhadores em 1889. Neste Congresso, que contou com a presença de quatrocentos representantes, foi decidido que a jornada de oito horas deveria ser a primeira exigência. Foi então que o representante dos sindicatos franceses, o trabalhador Lavigne de Bordô, propôs que esta exigência fosse expressa em todos os países através de uma paralisação universal do trabalho. O representante dos trabalhadores americanos chamou a atenção para a decisão de seus camaradas de entrar em greve no dia 1° de maio de 1890 e o Congresso decidiu que esta data seria a da celebração universal dos proletários.
Neste caso, como há trinta anos atrás na Austrália, os trabalhadores realmente pensaram em uma manifestação que ocorresse uma só vez. O Congresso decidiu que os trabalhadores de todas as terras manifestariam-se juntos pela jornada de oito horas no dia 1° de maio de 1890. Ninguém falou de uma repetição do feriado para os próximos anos. Naturalmente, ninguém poderia prever a enorme rapidez com a qual esta ideia iria triunfar e como iria ser adotada pelas classes trabalhadoras tão rapidamente. No entanto, foi suficiente celebrar o Dia dos Trabalhadores apenas uma vez para todos entenderem e sentirem que o Dia dos Trabalhadores deveria ser uma tradição contínua e anual […].
O primeiro de maio exige a introdução da jornada de oito horas. Mas mesmo depois desse objetivo ter sido alcançado, o Dia dos Trabalhadores não foi deixado para trás. Enquanto a luta dos trabalhadores contra a burguesia e a dominação de classe continuar, enquanto todas as exigências não forem conseguidas, o Dia dos Trabalhadores será a expressão anual destas exigências. E quando melhores dias raiarem, quando a classe trabalhadora do mundo tiver ganho sua liberdade, então a humanidade provavelmente irá celebrar o Dia dos Trabalhadores em honra às mais amargas lutas e aos muitos sofrimentos do passado.
Rosa Luxemburgo
Fevereiro 1894
Primeira Edição: Primeira publicação em polonês no Sprawa Robotnicza.
Fonte: Selected Political Writings of Rosa Luxemburg, tr. Dick Howard, Monthly Review Press, 1971, pp. 315-16..
Fonte: Selected Political Writings of Rosa Luxemburg, tr. Dick Howard, Monthly Review Press, 1971, pp. 315-16..
HTML: Fernando A. S. Araújo.
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Tradução: marxists.orgDireitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.
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