Duas siglas, com significações diferentes, que merecem um estudo
especial, diante das constantes demonstrações de dúvidas, não apenas
quanto às respectivas significações, mas quanto ao uso correto de cada
uma e, face à quantidade crescente de informações sobre o tema, torna-se
interessante buscar-se um aprofundamento no assunto, visando, desta
forma, não expor-se a situações vexatórias diante daqueles que dominam o
conhecimento da origem e dos Ritos a que se subordinam.
De
conformidade com informações dadas por Maçons mais antigos, grande
parcela dos erros cometidos em relação a estas Siglas ou formas
abreviadas, é atribuída aos Secretários das Lojas, alguns dos quais,
durante a leitura do expediente, das pranchas recebidas com essas
abreviaturas, por desconhecerem a sua exata significação, pronunciavam,
de forma rápida, em relação aos três “S” (S.’.S.’.S.’.), o seguinte:
*saúde, saúde, saúde*ou, ainda, *salve, salve, salve* formas que
causavam indignação àqueles que conheciam a representação exata das
ditas letras.
Segundo José Wilson Ferreira Sobrinho, em sua obra
Legislação Maçônica, publicada pela Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda.,
foge à lógica que algum Maçom possa valer-se da repetição, por três
vezes seguidas, de um mesmo termo de significação repetitiva, em que
pese, como dizia o saudoso Castellani, os modismos e achismos que se
instalaram na Maçonaria, para corresponder a uma saudação, a um
cumprimento relativo à maneira de introitos vocativos epistolares.
Destarte, não há que se conceber válidas qualquer das traduções supra
destacadas, isto é; *saúde, saúde, saúde* ou *salve, salve, salve* e, no
entretanto, há escritores e dicionaristas maçônicos, que aprovam a
tradução ou a significação de *S.’.S.’.S.’.* como sendo *saúde, saúde,
saúde*, a exemplo de Joaquim Gervásio de Figueiredo, à p. 486, do
Dicionário de Maçonaria, editado em São Paulo, pela Editora Pensamento.
Ainda, na conformidade com José Wilson Ferreira Sobrinho, dedicando-se o
devido respeito a essa opinião do dicionarista, não é recomendável
aceitar-se tal concepção, por não corresponder a uma saudação epistolar
maçônica, mas simplesmente vulgar, e talvez criada por aqueles
secretários de que falamos, para encontrar satisfação, ainda que
aparente, da significação dos três “S”.
O dicionarista, no item 2
(dois), da explicação dicionaria, refere-se ao grau 28 (vinte e oito)
dos Graus Filosóficos, do Cavaleiro do Sol, que é uma homenagem ao Sol,
infundidor de calor da alma e da luz da inteligência, imagem tangível da
divindade. Esta imagem do Sol ocupa o centro de um triângulo inscrito
em um círculo, contendo em cada ângulo um “S”. Portanto, três “S”. Estes
“S”, significam, respectivamente, *Stella, Sedet e Soli* e, também,
*Sciencia, Sabedoria, Santidade* (idem, ibidem) sendo que a primeira
pode ser considerada pela seguinte tradução: “Da terra, a estrela está
sempre presente” e maçonicamente ela pode ser interpretada como se
enquanto o homem permanece na realidade material (terra) deve alçar-se
na direção do espiritual (estrela) ou para referir que existe um elo
entre o homem, representando a terra e a esfera metafísica,
representando a estrela. Mas estes três “S”, nada tem, pois, a ver com a
forma abreviada S.’.S.’.S.’., já que estes são uma saudação vocativa e
não verbal, enquanto as três letras “S” nos ângulos do triângulo,
corresponde, uma delas, ao verbo SEDERE, utilizado na forma verbal
SEDET, que inviabilizaria a saudação epistolar, por não ser vocativa e,
ainda, por ser uma importação dos altos Graus e que não se compatibiliza
com os Graus Simbólicos.
Infere-se, deste modo, que a
significação das três letras “S”, tem sido desviada, pela maioria dos
Maçons, da sua verdadeira significação. Nem é *saúde, saúde, saúde* e
nem *salve, salve, salve.* No julgamento de que a tradução das letras
S.’.S.’.S.’. tem sido, deturpada, desfigurada, modificada, deformada,
descaracterizada, etc., pela, pasmem vocês, maioria dos Irmãos de todos
os ritos que a usam, que as traduzem, interpretam, manifestam e as
exprimem por “saúde, saúde, saúde” e outros que as demonstram, explanam,
vertem e entendem por “salve, salve, salve”, cumpre-nos referir que a
significação real, não corresponde a nem uma e nem outra das formas
acima apresentadas.
Estas três polêmicas (porque alguns assim as
fazem) letrinhas, significam abreviadamente, a princípio, as três
colunas de sustentação do Templo Maçônico, que assim se escreviam no
antigo e maravilhoso Latim, as quais, em ordem alfabética teriam a
seguinte disposição: *SALUS, SAPIENTIA, STABILITAS.* Contudo,
considerando a hierarquia a que as colunas representativas dos
sustentáculos da Loja estão subordinadas, tais palavras da expressão
latina, passaram a ser traduzidas, na significação dos S.’.S.’.S.’., na
seguinte ordem: *SAPIENTIA, SALUS, STABILITAS.* *SABEDORIA, SAÚDE,
ESTABILIDADE*. O que podemos entender como correspondentes de cada uma
dessas palavras?:
Por SAPIENTIA, entendemos agnição, ciência,
cognição, compreensão, conhecença, conhecimento, consciência, cultura,
domínio, educação, entendimento, equilíbrio, erudição, estudo,
experiência, gnose, ilustração, informação, instrução, luz, juízo,
percepção, proficiência, razão, reflexão, saber e sensatez e tantos
outros vocábulos que traduzem a extensão do quanto se espera daquele que
representa a coluna da Sabedoria, isto é: o Venerável Mestre.
Por SALUS, entendemos bem-estar, disposição, energia, higidez,
resistência, robustez, saúde, vitalidade e mais algumas acepções que
consubstanciam a Força, ou seja: o Primeiro Vigilante.
Por
STABILITAS, entendemos, no aspecto de moral, calma, constância,
continuidade, duração, equilíbrio, estabilidade, firmeza, fixidez,
harmonia, imobilidade, impassibilidade, imperturbabilidade,
imutabilidade, invariabilidade, manutenção, permanência, preservação,
segurança, serenidade, solidez, subsistência e tranquilidade, requisitos
que caracterizam a Beleza, isto é: o Segundo Vigilante.
Daí,
infere-se que em um Templo, inteira e adequadamente composto, vemos, por
essa razão, as três colunas de Minerva, Hércules e Vênus, que
correspondem, respectivamente à Sabedoria, à Força e à Beleza, ou
SAPIENTIA, SALUS e STABILITAS e, finalmente, aos Venerável Mestre,
Primeiro e Segundo Vigilantes, representados por *S.’.S.’.S.’.*.
Como eu pratico o R.’.E.’.A.’.A.’., resta-me lembrar a todos os Maçons
que também o praticam, que estas palavras são apostas no início dos
Documentos Maçônicos e são pronunciadas, com vigor, ao se encerrar a
Cadeia de União, respeitando, na Cadeia de União, a ordem Latina, isto
é: Saúde (SALUS), Sabedoria (SAPIENTIA) e Segurança (STABILITAS).
Registre-se, outrossim, ao contrário de muitos Maçons que por
desconhecerem os ritos existentes e suas origens, usam de forma errônea
as palavras *S.’.F.’.U.’.*, que significam SAÚDE, FORÇA e UNIÃO, as
quais nunca pertenceram e não pertencem ao R.’.E.’.A.’.A.’. e sim ao
Rito de Emulação (York).
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