O Bumba Meu Boi é uma das festas folclóricas mais tradicionais do
Brasil. Nessa encenação, semelhante a um auto, misturam-se danças,
músicas, teatro e circo. Em cada parte do país, o boi tem um nome
diferente: Boi-Bumbá, no Amazonas e no Pará; Bumba-meu-boi, no Maranhão;
Boi Calemba, no Rio Grande do Norte; Cavalo-Marinho, na Paraíba; Bumba
de reis ou Reis de boi, no Espírito Santo; Boi Pintadinho, no Rio de
Janeiro; Boi de mamão, em Santa Catarina e boizinho no Rio Grande do Sul.
Pesquisadores acreditam que o festejo teve origem no nordeste no século
XVII, durante o Ciclo do Gado, quando o boi tinha grande importância
simbólica e econômica. Na época, o animal era criado por colonizadores
que faziam uso de mão de obra escrava. A lenda na qual se baseia o
Bumba-meu-boi reflete bem essa organização social e econômica.
Ela conta a história de um casal de escravos, Pai Francisco e Mãe
Catirina. Grávida, Catirina começa a ter desejos por língua de boi. Para
atender suas vontades, seu marido tem de matar o boi mais bonito de seu
senhor. Percebendo a morte do animal, o dono da fazenda convoca
curandeiros e pajés para ressuscitá-lo. Quando o boi volta à vida, toda a
comunidade celebra.
O festejo do Bumba-meu-boi surgiu nesse
contexto de fazendas de criação de gado e reuniu influências africanas,
como o boi geroa, trazidas pela população escrava e europeia, como a
tourada espanhola, festas portuguesas e francesas. O boi de Parintins
traz também forte influência indígena.
Por ser uma festa de
origem negra, o Bumba-meu-boi já sofreu perseguição das elites
nordestinas e também da polícia, chegando a ser proibido de 1861 a 1868.
Se o festival de Parintins fosse em homenagem aos animais da região
amazônica, sem dúvida, a festa coroaria a onça pintada ou a cobra sucuri
e não um boi. Mas não foi por acaso que o Boi-Bumbá é o homenageado.
Centenas de nordestinos saíram de sua terra para tentar a vida na
extração da borracha da seringueira e consigo levaram a tradição do boi.
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Matéria completa em http://bumba-meu-boi.info
ARTE: "Milagre de São João" - Xilogravura de Aírton Marinho.
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