quinta-feira, 25 de abril de 2019

25 de abril de 1857 - o Imperador D. Pedro II assina o contrato para a instalação de esgotamento sanitário da Cidade do Rio de Janeiro.

COLÔNIA E IMPÉRIO
Observada do mar, enquanto os navios se aproximavam do porto, o Rio de Janeiro era uma bela cidadezinha, perfeitamente integrada ao esplendor da natureza que a cercava...
De perto, a impressão mudava rapidamente. Os problemas eram a umidade, a sujeira e a falta de bons modos dos moradores.
Vistas de fora, as casas tinham a mesma aparência de limpeza que observava-se nas residências dos melhores vilarejos da Inglaterra... Logo, porém, que se metia os pés para dentro, constatava-se que a limpeza não passava de um efeito da cal que revestia as paredes exteriores... e que, nos interiores, habitavam a sujeira e a preguiça.
As ruas, apesar de retas e regulares, eram sujas e estreitas, a ponto de o balcão de uma casa quase se encontrar com o da casa em frente. Um estrangeiro que viajou pelo Brasil entre 1819 e 1821, ficou impressionado com o número de ratos que infestavam a cidade e seus arredores. “Muitas das melhores casas estão de tal forma repletas deles que durante um jantar não é incomum vê-los passeando pela sala”, afirmou.
A limpeza da cidade estava toda confiada aos urubus...
Naquele tempo, os moradores tinham o mau costume de lançar na rua e na “vala” todos os despejos e detritos domésticos, transformando-a em uma imensa cloaca, com insuportável mau cheiro e ondas de mosquitos – entenda-se como “vala” o sangradouro natural de um curtume instalado à beira da Lagoa de Santo Antônio.
Devido à pouca profundidade do lençol freático, a construção de fossas sanitárias era proibida. Os esgotos das casas eram acondicionados em barricas de madeiras (os cubos) nos quintais e à noite transportado por escravos para os lançamentos mais próximos, como as Praias do Peixe (Rua D. Manuel) e das Farinhas e o Campo da Aclamação (Campo de Santana).
Durante o percurso, parte do conteúdo desses tonéis, repleto de amônia e ureia, caía sobre a pele e, com o passar do tempo, deixava listras brancas sobre suas costas negras. Esses escravos e seus barris foram apelidados pelo povo de “Tigres” dos quais todos fugiam nas ruas mal iluminadas.
Devido à falta de um sistema de coleta de esgotos, os “tigres” continuaram em atividade no Rio de Janeiro até 1860, e no Recife, até 1882. O sociólogo Gilberto Freyre diz que a facilidade de dispor de “tigres” e seu baixo custo retardou a criação das redes de saneamento nas cidades litorâneas brasileiras.
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Em vista das péssimas condições sanitárias da população, surgiu a ideia de construir uma rede de esgotos. Para tal, em 25 de abril de 1857, foi assinado pelo Imperador D. Pedro II o contrato básico aprovado pelo Decreto nº 1929 de 26.04.1857 de esgotamento sanitário da Cidade do Rio de Janeiro.
A Cidade do Rio de Janeiro foi a terceira cidade do mundo a ser dotada de rede de esgotos sanitários, precedida por Londres (1815) e Hamburgo (1842). Somente Londres, como Capital se antecipou ao Rio, na construção de suas redes de esgotos.
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FONTES:
"A história do tratamento de esgoto no Rio de Janeiro" (portal Copacabana em Foco);
"1808", de Laurentino Gomes

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