"Geniosa", "exigente" e "kamikaze", a Pimentinha que emocionou o Brasil com sua voz despede-se de nós precocemente.
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No início da década de 60, Carlos Imperial trabalhava como produtor na
Continental. Foi lá que ouviu uma fita com uma cantora gaúcha e, movendo
céu e terra, conseguiu convencer o diretor artístico Nazareno de Brito a
trazer a garota de 15 anos para o Rio, a fim de gravar um disco.
Viva a Brotolândia foi o nome do LP que Carlos Imperial produziu com a
gauchinha em 1961. Ele queria fazer de Elis Regina, o nome da moça, uma
rival para Celly Campello. Colocou no disco alguns rocks engraçadinhos,
mas também uns sambinhas, fazendo do LP uma verdadeira vitamina mista.
Elis, que, apesar da pouca idade, tinha um temperamento forte, discutiu
um bocado com Imperial, pois desejava ter maior influência na escolha
do repertório. Cantava em conjunto de baile lá em Porto Alegre e estava
encantada pelos clássicos do jazz. Entretanto, Carlos falou mais alto e
fez prevalecer sua vontade de produtor.
Com o disco pronto,
Imperial levou Elis Regina à Discoteca do Chacrinha , na tentativa de
uma apresentação no programa de Abelardo Barbosa. O apresentador gostou
da menina, que Carlos apresentava como “a maior cantora do Brasil”. Ela
conseguiu sua oportunidade no programa, cantando “Mesmo de Mentira”, um
samba de autoria de Imperial.
"Diz, mesmo de mentira / Que eu sou tudo pra você / Diz, mesmo de mentira"
Porém, dessa vez o toque de Midas de Chacrinha não funcionou. Devido à
estratégia equivocada de Imperial de optar por uma cópia de Celly
Campello em vez de imprimir no disco a personalidade que a intérprete
tinha para dar e vender, Viva a Brotolândia não teve a repercussão
esperada.
Vendeu pouco, e Elis Regina acabou retornando a Porto Alegre.
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Em 1965, Elis foi a maior revelação do festival da TV Excelsior, quando
cantou "Arrastão" de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe
garantiria o convite para atuar na televisão e, pouco tempo depois, o
título de primeira estrela da canção popular brasileira, quando passou a
comandar, ao lado de Jair Rodrigues, o mais importante programa de
música popular brasileira: "O Fino da Bossa".
Em 1967, casou-se
com Ronaldo Bôscoli, então diretor do Fino da Bossa. A partir de 1972,
Elis começaria um relacionamento com César Camargo Mariano, que duraria
até 1981, em uma das mais bem sucedidas parcerias da Música Popular
Brasileira.
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Na manhã de 19 de janeiro de 1982, Elis
Regina foi encontrada caída no chão de seu apartamento no Jardim
Paulista, bairro nobre de São Paulo, pelo então namorado, o advogado
Samuel MacDowell. Levada ao vizinho Hospital das Clínicas, já chegou sem
vida. Ela estava com apenas 36 anos. O resultado da autópsia, apontando
a mistura de cocaína e álcool como causa da morte, veio dois dias
depois.
Seu corpo foi velado no Teatro Bandeirantes, em São
Paulo, mesmo local em que havia apresentado seu show mais marcante,
"Falso Brilhante", entre 1975 e 1977.
Terminava assim a vida daquela que, havia quase duas décadas, era considerada a maior cantora do Brasil.
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FONTES:
1) Matéria de Augusto Gomes - "Ultimo Segundo"
2) "Chacrinha – a biografia" - por Denilson Monteiro e Eduardo Nassife – 1a ed. – Rio de Janeiro : Casa da Palavra, 2014
3) "Elis Regina - Cantora brasileira", na Wikipédia.
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