"Durante os séculos IX e X o Al-Andalus foi assolado pelos ataques dos
piratas Majus, normalmente conhecidos por Vikings, que lançaram o terror
nas regiões costeiras. Os seus raids, de curta duração, durante os
quais pilhavam, saqueavam e faziam prisioneiros que vendiam
posteriormente como escravos, iniciavam-se com o aparecimento dos
célebres navios com cabeça de dragão, os drakkars, extremamente
manobráveis, com os quais subiam os rios para atacar as cidades situadas
nas suas margens. A grande estatura dos
guerreiros Vikings, as armas temíveis com que se muniam e os enormes
cães que corriam na vanguarda dos seus exércitos, incutiam o pânico nas
populações, e granjearam-lhes a fama de sanguinários que perdura até aos
nossos dias. Para os Árabes, o aspecto dos vikings era impressionante,
como descreve Ibn Fadlan, cronista Árabe do século IX que se encontrou
com os Russ no Rio Volga. “Nunca vi espécimes tão fisicamente perfeitos,
altos como palmeiras, louros e corados. Cada homem tem um machado, uma
espada e uma faca e mantém-nas sempre consigo. Usam tatuagens com
desenhos verde-escuros, desde as unhas até ao pescoço.” No que toca à
higiene pessoal dos Russ, Ibn Fadlan tem palavras bem menos elogiosas.
“São de todas as criaturas de Deus as mais sujas.” A primeira campanha
dos Majus no Al-Andalus dá-se nos meados do século IX. Surgiram na costa
Ocidental da península no ano de 844 e atacaram Lisboa com uma esquadra
de 80 drakkars, fazendo muitos estragos nos seus arredores. De Lisboa
dirigiram-se a Cadiz, que tomaram, e daí a Sevilha, subindo o
Guadalquivir, e ocuparam a cidade durante 42 dias." - Frederico Mendes
Paula, in Histórias de Portugal e Marrocos
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