domingo, 29 de julho de 2018

NOSSOS PARABÉNS, REDENTORA!

Às 18h30 do dia 29 de julho de 1846, no Paço de São Cristóvão, Rio de Janeiro, nasceu Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon e Bragança, Princesa do Brasil. Em 25 de maio de 1871, ela prestou juramento como regente do Império pela primeira vez, prometendo defender a Constituição e as leis, e devolver o poder ao Imperador tão logo cessasse o seu impedimento. Uma mulher comandaria o Brasil.
Durante os quase 25 anos que separaram as duas datas mencionadas acima, Isabel foi reconhecida como herdeira do trono brasileiro (em razão da morte de seus dois irmãos homens), foi educada com esmero em todas as áreas do conhecimento humano, seguindo padrões inimagináveis para as moças da época (mesmo as bem nascidas), casou-se com um príncipe francês pelo qual se apaixonou perdidamente, sofreu as incertezas e angústias de uma guerra pela qual sua pátria lutou, conheceu a Europa e seus vários soberanos e suportou uma frustração: a falta de filhos (de fato, estes só viriam mais tarde – muito tarde para os padrões da época – quando Isabel estava numa idade em que a maioria das mulheres já começava a aguardar netos). E adotou como sua uma causa muito nobre: a abolição da escravatura.
Isabel, culta e religiosa como era, tinha uma índole humana e benevolente, sendo totalmente contra a pena capital. Em sua segunda regência, no ano de 1876, escreveu: “Perdoei seis réus e comutei duas penas de morte. É uma das únicas atribuições de que gosto no tal poder”. Quis impulsionar as estradas de ferro e a industrialização do país.
Talvez nossa mente de século XXI não consiga imaginar como as coisas tenham sido difíceis na vida de Isabel. Primeiro, o preconceito por ser mulher, depois o preconceito por não agir como uma mulher deveria naquela época (leia-se: com submissão e reserva) e, por fim, o preconceito da elite por lutar a favor da classe escravizada. Aliada a políticos liberais, as vitórias aos poucos se sucederam: ventre livre, sexagenários e, finalmente, a lei áurea.
Ao saber da aprovação desta lei, Isabel perguntou ao Barão de Cotegipe, senador: “Então, senhor Barão, ganhei ou não ganhei a partida?” Ele respondeu: “Ganhou a partida, mas perdeu o trono”. Ele estava certo. A monarquia sobreviveu por apenas um ano e meio após aquele tão feliz dia 13 de maio de 1888.
Mas isso não importava. O principal estava feito. A bordo do navio Alagoas, rumando para o exílio na Europa, no dia 02 de dezembro foi celebrado o aniversário de D. Pedro II. Após um brinde à felicidade do Brasil, Isabel disse com entusiasmo ao engenheiro e abolicionista André Rebouças, que os acompanhava: “Senhor Rebouças, se houvesse ainda escravos no Brasil, nós voltaríamos para libertá-los”.
Imagem colorizada por Christiane Wittel.

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