que muitos desconhecem é que o estado do Ceará aboliu a escravidão
quatro anos antes da Lei Áurea. Em 25 de março de 1884, o presidente da
província, Satiro de Oliveira Dias, declarou a libertação de todos os escravos do Ceará, tornando o estado o primeiro a abolir a escravidão no país.
Isso foi possível graças a Francisco José do Nascimento,
também conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde. Homem de
origem humilde, jangadeiro e abolicionista, teve participação ativa no
Movimento Abolicionista no Ceará.
Francisco José era chefe dos jangadeiros e, em 1881, convenceu os
colegas jangadeiros a se recusarem a transportar para os navios
negreiros os escravos vendidos para o sul do Brasil.
A ação repercutiu no país e somada às ações dos outros abolicionistas
do Ceará, que pertenciam à elite econômica e intelectual do estado,
levou ao fim da escravidão no Ceará.
A ação iniciada pelo dragão do Mar foi tão importante que Angelo
Agostini (desenhista ítalo-brasileiro) registrou o fato na capa da
Revista Illustrada, com uma ilustração alegórica de Francisco
Nascimento, com a seguinte legenda: “À testa dos jangadeiros cearenses,
Nascimento impede o tráfico dos escravos da província do Ceará vendidos
para o sul”.
Francisco José do Nascimento virou um símbolo da resistência popular
cearense contra a escravidão, e foi homenageado pelo governo do Ceará,
com seu nome dado ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, pelo que
ele e seus colegas realizaram em nome da liberdade, em 1881, na Praia de
Iracema. Francisco faleceu em Fortaleza em 05 de março de 1914.
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