A chamada Lei Seca entra em vigor no dia 16 de Janeiro de 1920 por
força da Emenda nº 18, ela estabelecia a proibição da produção, venda,
transporte, importação e exportação de bebidas alcoólicas. Pouco depois
inclusive a venda em bares e restaurantes foi banida.
Vigente
durante treze anos, a emenda tornou-se um enorme fracasso legislativo.
Em vez de acabar com os problemas sociais atribuídos à bebida, a Lei
Seca só os estimulou. A medida desmoralizou as autoridades e tornou-se
um incentivo à corrupção. Cidades como Chicago e Nova Iorque viram a
criminalidade explodir, enquanto a máfia enriquecia com o contrabando de
álcool.
Em todo o país, movimentos contra o consumo de bebidas
estavam a surgir desde o século XIX. A campanha ganhou escala nacional
resultando na aprovação da 18ª Emenda. Meses depois aprovou-se o Acto
de Proibição Nacional, também designado Acto de Volstead, uma homenagem a
Andrew Volstead, deputado que liderou a iniciativa. Era considerada
"intoxicante" qualquer bebida que tivesse mais de 0,5% de álcool (as
cervejas mais fracas têm cerca de 2%).
Qual a razão para esta
poderosa nação ter dado tanta importância aos malefícios da bebida? A
resposta parece residir no protestantismo, predominante nos EUA, e que
fez emergir a ideia do "Destino Manifesto": os americanos seriam o povo
eleito por Deus para guiar o mundo.
Para manter a nação no
caminho certo, a sobriedade deveria ser estabelecida por decreto. A
eclosão da Primeira Guerra Mundial colocou, no entanto, o argumento
decisivo na boca dos inimigos do álcool. Segundo eles, cereais, malte e
açúcar, alimentos básicos, não poderiam ser desperdiçados no fabrico de
bebidas alcóolicas em tempos de guerra. Cerveja e vinho seriam, além
disso, produtos típicos da inimiga Alemanha , o seu consumo, portanto,
um acto pouco patriótico.
Apesar de ter o apoio de muitos
sectores da sociedade, a Lei Seca foi ignorada por milhões de
norte-americanos. Muitos iam para o Canadá e voltavam com camiões cheios
de bebida. Outros faziam no quintal o próprio uísque. Havia ainda quem
se passasse por padre ou médico para obter litros de vinho sacramental
ou de destilados medicinais.
Rapidamente esta procura de álcool
começou a ser atendida de forma organizada. Eram os gangsters da máfia
italiana ou da máfia irlandesa. Antes da Lei Seca, estes mafiosos viviam
do jogo e da prostituição. Passaram então a dominar também os
milionários negócios com bebidas, corrompendo polícias, elegendo
políticos e matando os seus concorrentes.
Em Nova Iorque, o
principal mafioso era o siciliano Joseph Bonanno, apontado como o
inspirador de O Padrinho, baseado no livro de Mario Puzo e que se tornou
um clássico do cinema. Já Dean O'Banion inundava o norte de Chicago com
cerveja e uísque vindos do Canadá, enquanto Johnny Torrio contratava
polícias para proteger os seus interesses no sul da cidade.
Mas
nenhum gangster foi tão lendário quanto Alphonse Capone. Filho de
napolitanos, nasceu em 1899, em Nova Iorque. Conheceu Johnny Torrio aos
14 anos e, com a Lei Seca, passou a auxiliá-lo no contrabando de bebidas
em Chicago.
Quando o rival O'Banion resolveu enfrentá-los, foi
morto por Al Capone. Em 1925, Torrio aposentou-se, deixando Chicago
inteira para "Al" Capone, que expandiu o seu ‘império’ para cidades como
Saint Louis e Detroit.
Em 1931, graças às investigações
conduzidas pelo agente fiscal Eliot Ness, líder dos "Intocáveis", grupo
de agentes que combatia a máfia, Capone passou cinco anos na prisão de
Alcatraz, na Califórnia.
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