domingo, 30 de abril de 2017
As Cruzadas do Norte.
Por mais de dois séculos, a cristandade esteve em guerra santa contra
diversos povos do Mar Báltico, os últimos pagãos da Europa.
As Cruzadas do Norte, conduzidas pelos Cavaleiros Teutônicos, levaram a palavra de Jesus na ponta da espada e espalharam o terror na Idade Média: http://abr.ai/1auKvUd
As Cruzadas do Norte, conduzidas pelos Cavaleiros Teutônicos, levaram a palavra de Jesus na ponta da espada e espalharam o terror na Idade Média: http://abr.ai/1auKvUd
Atentado frustado contra o Pavillhão Riocentro.
No dia 30 de abril de 1981, ocorre um atentado frustrado contra o
Pavilhão Riocentro, onde era realizado um show em homenagem ao dia do trabalhador.
Atentado do Riocentro é o nome pelo qual ficou conhecido um frustrado
ataque a bomba que seria perpetrado no Pavilhão Rio centro, no Rio de
Janeiro, na noite de 30 de abril de 1981, por volta das 21h, quando ali
se realizava um show comemorativo do Dia do Trabalhador, durante o
período da ditadura militar no Brasil.
As bombas seriam plantadas pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo então capitão Wilson Dias Machado. Por volta das 21h, com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu dentro do carro onde estavam os dois militares, no estacionamento do Rio centro. O artefato, que seria instalado no edifício, explodiu antes da hora, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado.
Na imagem, Puma destruído após detonação da bomba. Dentro dele é possível ver o corpo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu logo após a explosão.
As bombas seriam plantadas pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário e pelo então capitão Wilson Dias Machado. Por volta das 21h, com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu dentro do carro onde estavam os dois militares, no estacionamento do Rio centro. O artefato, que seria instalado no edifício, explodiu antes da hora, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão Machado.
Na imagem, Puma destruído após detonação da bomba. Dentro dele é possível ver o corpo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu logo após a explosão.
Os livros científicos dos séculos XVI e XVII, ou como a Inquisição "limpou" as bibliotecas
É a primeira sistematização da censura de livros médicos pela
Inquisição em Portugal - um dos casos expurgados foi o de uma freira que
se dizia ter engravidado no banho. Está também em marcha um inventário
dos livros de ciência nas bibliotecas dessa altura. O lugar deste
objecto na cultura científica nacional começa a ser desvendado
O "lápis" da censura nos séculos XVI e XVII era a tinta ferrogálica. Se
estivesse muito concentrada, a tinta utilizada na expurgação de uma
obra podia queimar o papel. Se fosse em menor quantidade, as palavras
censuradas voltavam a ser legíveis. De qualquer forma, esta vertente da
Inquisição afectava a leitura das obras, dando-lhes uma conotação
insidiosa de pecado e culpa. A literatura técnica e científica em
Portugal não escapou a este controlo, como os livros de Amato Lusitano,
médico judeu português que fugiu da Península Ibérica.
"Qualquer expurgação perturba a confiança na leitura de livros de ciência - um acto que passa pelo desejo de querer saber mais", defende Hervé Baudry, do Centro de História da Cultura da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O efeito que a censura teve no desenvolvimento científico e cultural do país é ainda difícil de contabilizar, diz o historiador francês, orador num workshop sobre as bibliotecas e livros científicos dos séculos XV a XVIII na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Mas Hervé Baudry está apenas no início de um projecto de investigação sobre aquilo a que chama de "biblioteca limpa", ou seja, a expurgação de livros dos séculos XVI e XVII.
O francês analisou a censura em 105 exemplares de cinco obras de medicina, que estão em bibliotecas do país, e sistematizou a forma como decorreu a censura da Inquisição, um trabalho inédito em Portugal. As obras analisadas eram de quatro autores: os portugueses Amato Lusitano e Gonçalo Cabreira, cirurgião contemporâneo de Lusitano, e dos espanhóis Andrés Laguna, médico humanista que se dedicava especialmente à farmacologia e botânica, e Oliva Sabuco, filósofa e médica.
"Essa censura foi eficaz, sistemática, tinha um lado rotineiro", explica. Os responsáveis pela expurgação não se viam como "donos" dos livros que "limpavam", seguiam uma lista de passagens proibidas.
Assim, nos textos médicos apareciam riscadas datas judaicas, casos médicos sobre sexualidade na Igreja ou dizeres que acompanhavam receitas medicinais tradicionais. "A censura é a resposta técnica, formal [da Inquisição] ao crescimento enorme do livro como veículo da heterodoxia", salienta Hervé Baudry.
Na segunda metade do século XV foram impressos na Europa entre 15 a 20 milhões de livros. No século seguinte, este valor multiplicou-se por 10. Apesar de os autos-de-fé serem os rituais mais conhecidos da Inquisição, e o seu lado mais sangrento, em que "hereges", desde judeus a sodomitas, eram mortos na fogueira, a censura livresca era intensa.
Havia listas de livros de autores proibidos, mas também havia o Índex Expurgatório, onde passagens de muitos outros livros deviam ser cortadas. Entre elas estavam as obras de Amato Lusitano, Sete Centúrias de Curas Medicinais e Matéria Médica de Dioscórides; de Gonçalo Cabreira, Tesouro de Pobres; outra de Andrés Laguna, Pedacio Dioscorides; e a quinta de Oliva Sabuco, Nueva Filosofia de La Naturaleza del Hombre. "Nas bibliotecas, quando estas obras foram publicadas e lidas cá nos séculos XVI e XVII, foram todas controladas. Quem lia sabia que estava a entrar em terreno minado", diz o investigador, considerando que um dos efeitos era um clima de medo psicológico na sociedade.
O impacto que a expurgação teve na cultura científica portuguesa é difícil de avaliar. É preciso ver livro a livro. A obra Sete Centúrias de Curas Medicinais, onde o famoso médico português relatou casos de medicina, é o exemplo de um livro bastante censurado.
Amato Lusitano era judeu, estudou em Espanha e teve de fugir da Península Ibérica para manter a sua fé. Nas Centúrias, as datas hebraicas foram cortadas. Há casos médicos sobre sexualidade descritos por Amato Lusitano que são censurados só por estarem associados à Igreja, explica Hervé Baudry. Um exemplo de uma passagem totalmente expurgada listada no Índex dizia respeito a uma freira grávida. "Uma freira, daquelas que vivem em religião longe da multidão, sentia-se mal, dizendo que alguma coisa se mexia na barriga dela. (...) Na realidade, esta mulher engravidara de sémen viril depois de ter ficado no banho", lê-se no original.
Noutro caso, que Hervé Baudry diz não estar nas listas oficias de expurgação, é censurado o comentário de Lusitano sobre a gravidez entre duas mulheres. Mas a narrativa do caso em si não está riscada: "Duas mulheres turcas vizinhas, em virtude de muitos actos de coito, íncubos e súcubos, contaminavam-se e poluíam-se. Uma era viúva e a outra tinha marido. (...) Neste trabalho do coito e abraços, o útero da viúva súcuba sorveu (...) não só o sémen da mulher íncuba, mais ainda algum sémen viril deixado antes no útero dela. Em virtude deste sémen ficou prenhe."
Os efeitos directos na discussão científica da época deste tipo de censura não são certos. Os livros que Hervé Baudry estudou só diziam respeito a casos médicos, mas o historiador argumenta que é impossível a censura não alterar a sociedade, principalmente ao durar séculos, mas é necessário estudar as obras de outras disciplinas, como a Física, a História Natural ou o Direito, para ter uma visão global.
Há, por outro lado, textos que não foram tocados. É o caso da obra emblemática De revolutionibus orbium coelestium, de Nicolau Copérnico, onde o astrónomo polaco expõe, em 1543, a teoria heliocêntrica (na época, a Igreja defendia que era o Sol que girava à volta da Terra).
Os exemplares desta obra em Portugal e na Europa, diz o historiador de ciência Henrique Leitão, não apresentam actos de censura. "As obras que eram muito pouco consultadas, por serem muito técnicas e só estarem acessíveis aos especialistas, muitas vezes não apresentam as expurgações exigidas", infere o investigador, do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) de Lisboa e um dos organizadores do workshop.
O inventário dos inventários
Sabe-se muito pouco sobre a cultura científica portuguesa dos últimos 500 anos, por que é que a sua produção foi escassa e sem nomes proeminentes, com excepções como a do matemático Pedro Nunes. A análise do lugar do livro científico permitirá compreender essa situação. "O livro tem um papel absolutamente central no estabelecimento da cultura científica. Não só acumula como transmite informação. Serve como ponto de junção de pessoas, catalisa fenómenos sociais", explica Henrique Leitão.
Na conferência, o investigador falou do livro científico em Portugal, partindo de um "paradoxo": a obsessão historiográfica em tentar compreender as causas do falhanço de Portugal em alcançar a modernidade, ao mesmo tempo que neste esforço a história da ciência é ignorada, uma falha que o investigador tenta colmatar. "Não há nenhuma noção de modernidade que não passe pela ciência. Acho estranho que os historiadores andem em torno da questão da modernidade e depois não liguem à ciência. ?? um paradoxo da historiografia portuguesa."
Henrique Leitão e Luana Giurgevich, investigadora italiana também do CIUHCT, estão a finalizar a primeira etapa do levantamento de todos os livros nas bibliotecas portuguesas desde o século XVI até 1834, quando foram extintas as ordens religiosas masculinas. Estas bibliotecas, cujos catálogos foram um instrumento-chave de pesquisa, pertenciam principalmente a mosteiros e conventos. Nalgumas, os catálogos foram feitos por vontade própria, a maioria foi uma exigência do Marquês de Pombal. Quase todos os livros estão perdidos, mas saber o que existia em cada sítio pode ajudar a revelar os círculos da cultura científica portuguesa e pode ajudar a perceber por que é que a modernização falhou.
"Nas colecções da Biblioteca Nacional, reparámos que os exemplares tinham marcas de posse de antigos conventos", diz-nos Luana Giurgevich. Foi assim que nasceu esta ideia de fazer "um inventário dos inventários" destas colecções, até agora inexistente, para "saber os hábitos de leitura" e ver "que tipo de ciência está associada a que tipo de ordem".
Ainda preliminares, os resultados (que serão publicados pela Biblioteca Nacional) indicam que haveria, nas 200 bibliotecas alvo da pesquisa, centenas de milhares de livros entre os séculos XVI e XVIII. A biblioteca do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, com cerca de 16.000 volumes, era das mais recheadas.
Os livros científicos podiam chegar entre 8 a 10% de algumas colecções. Noutras eram praticamente ausentes. Mas este trabalho mostrou que a maioria dos livros de ciência do século XVI existia em Portugal. O seu uso é desconhecido.
"Temos de fazer a radiografia dos grandes coleccionadores de livros científicos", diz por sua vez Henrique Leitão, recém-eleito membro efectivo da Academia Internacional de História das Ciências. "Até agora, o trabalho [na história de ciência] foi a análise de texto. Mas é muito interessante estudar as práticas de leitura. Quem eram os coleccionadores de livros? Quem os lia? Como é que os arranjava? Tem de se passar dos textos para as instituições e para prática a nível social."
Naquela altura, surgiram grandes pensadores, gente que revolucionou a ciência como Isaac Newton. Ao contrário de Portugal, é conhecida a cultura científica da Real Sociedade de Londres na altura, quando Newton publicou o seu Principia em 1687, onde enunciou as três leis da mecânica clássica.
"Na Real Sociedade de Londres, um grupo de cavalheiros reunia-se para fazer experiências", conta ao PÚBLICO outro orador no workshop, o britânico Adrian Johns, da Universidade de Chicago, nos EUA. "Era a primeira vez que um grupo de pessoas se intitulava filósofas experimentais e utilizava consistentemente a filosofia para chegar a uma prática experimental", diz o historiador de ciência.
Esses cavalheiros alimentavam as suas experiências científicas com leituras e discussão constantes. Em reuniões debatiam as leituras, os resultados das experiências e propunham novos procedimentos experimentais. "Estes protocolos de leitura não eram naturais, tinham de ser aprendidos e deram origem a uma investigação científica contínua", diz o britânico. Do pouco que se conhece, o cenário seria muito diferente por cá. "Não vemos verdadeiras discussões científicas", diz Henrique Leitão. "Rapidamente se tornavam em picardias pessoais e o conteúdo científico perdia-se."
Para o historiador português, este problema passa pela "fragilidade das instituições científicas", em que uma educação de má qualidade tem um efeito "devastador" na ciência e na modernidade: "Há um conjunto complexo de questões que tem de ser estudado aos poucos. Vamos tentar perceber este problema secular. Não pode ser uma razão conjectural, vemo-lo hoje, as performances das universidades portuguesas são uma vergonha, excepto honrosas excepções."
"Qualquer expurgação perturba a confiança na leitura de livros de ciência - um acto que passa pelo desejo de querer saber mais", defende Hervé Baudry, do Centro de História da Cultura da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O efeito que a censura teve no desenvolvimento científico e cultural do país é ainda difícil de contabilizar, diz o historiador francês, orador num workshop sobre as bibliotecas e livros científicos dos séculos XV a XVIII na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Mas Hervé Baudry está apenas no início de um projecto de investigação sobre aquilo a que chama de "biblioteca limpa", ou seja, a expurgação de livros dos séculos XVI e XVII.
O francês analisou a censura em 105 exemplares de cinco obras de medicina, que estão em bibliotecas do país, e sistematizou a forma como decorreu a censura da Inquisição, um trabalho inédito em Portugal. As obras analisadas eram de quatro autores: os portugueses Amato Lusitano e Gonçalo Cabreira, cirurgião contemporâneo de Lusitano, e dos espanhóis Andrés Laguna, médico humanista que se dedicava especialmente à farmacologia e botânica, e Oliva Sabuco, filósofa e médica.
"Essa censura foi eficaz, sistemática, tinha um lado rotineiro", explica. Os responsáveis pela expurgação não se viam como "donos" dos livros que "limpavam", seguiam uma lista de passagens proibidas.
Assim, nos textos médicos apareciam riscadas datas judaicas, casos médicos sobre sexualidade na Igreja ou dizeres que acompanhavam receitas medicinais tradicionais. "A censura é a resposta técnica, formal [da Inquisição] ao crescimento enorme do livro como veículo da heterodoxia", salienta Hervé Baudry.
Na segunda metade do século XV foram impressos na Europa entre 15 a 20 milhões de livros. No século seguinte, este valor multiplicou-se por 10. Apesar de os autos-de-fé serem os rituais mais conhecidos da Inquisição, e o seu lado mais sangrento, em que "hereges", desde judeus a sodomitas, eram mortos na fogueira, a censura livresca era intensa.
Havia listas de livros de autores proibidos, mas também havia o Índex Expurgatório, onde passagens de muitos outros livros deviam ser cortadas. Entre elas estavam as obras de Amato Lusitano, Sete Centúrias de Curas Medicinais e Matéria Médica de Dioscórides; de Gonçalo Cabreira, Tesouro de Pobres; outra de Andrés Laguna, Pedacio Dioscorides; e a quinta de Oliva Sabuco, Nueva Filosofia de La Naturaleza del Hombre. "Nas bibliotecas, quando estas obras foram publicadas e lidas cá nos séculos XVI e XVII, foram todas controladas. Quem lia sabia que estava a entrar em terreno minado", diz o investigador, considerando que um dos efeitos era um clima de medo psicológico na sociedade.
O impacto que a expurgação teve na cultura científica portuguesa é difícil de avaliar. É preciso ver livro a livro. A obra Sete Centúrias de Curas Medicinais, onde o famoso médico português relatou casos de medicina, é o exemplo de um livro bastante censurado.
Amato Lusitano era judeu, estudou em Espanha e teve de fugir da Península Ibérica para manter a sua fé. Nas Centúrias, as datas hebraicas foram cortadas. Há casos médicos sobre sexualidade descritos por Amato Lusitano que são censurados só por estarem associados à Igreja, explica Hervé Baudry. Um exemplo de uma passagem totalmente expurgada listada no Índex dizia respeito a uma freira grávida. "Uma freira, daquelas que vivem em religião longe da multidão, sentia-se mal, dizendo que alguma coisa se mexia na barriga dela. (...) Na realidade, esta mulher engravidara de sémen viril depois de ter ficado no banho", lê-se no original.
Noutro caso, que Hervé Baudry diz não estar nas listas oficias de expurgação, é censurado o comentário de Lusitano sobre a gravidez entre duas mulheres. Mas a narrativa do caso em si não está riscada: "Duas mulheres turcas vizinhas, em virtude de muitos actos de coito, íncubos e súcubos, contaminavam-se e poluíam-se. Uma era viúva e a outra tinha marido. (...) Neste trabalho do coito e abraços, o útero da viúva súcuba sorveu (...) não só o sémen da mulher íncuba, mais ainda algum sémen viril deixado antes no útero dela. Em virtude deste sémen ficou prenhe."
Os efeitos directos na discussão científica da época deste tipo de censura não são certos. Os livros que Hervé Baudry estudou só diziam respeito a casos médicos, mas o historiador argumenta que é impossível a censura não alterar a sociedade, principalmente ao durar séculos, mas é necessário estudar as obras de outras disciplinas, como a Física, a História Natural ou o Direito, para ter uma visão global.
Há, por outro lado, textos que não foram tocados. É o caso da obra emblemática De revolutionibus orbium coelestium, de Nicolau Copérnico, onde o astrónomo polaco expõe, em 1543, a teoria heliocêntrica (na época, a Igreja defendia que era o Sol que girava à volta da Terra).
Os exemplares desta obra em Portugal e na Europa, diz o historiador de ciência Henrique Leitão, não apresentam actos de censura. "As obras que eram muito pouco consultadas, por serem muito técnicas e só estarem acessíveis aos especialistas, muitas vezes não apresentam as expurgações exigidas", infere o investigador, do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) de Lisboa e um dos organizadores do workshop.
O inventário dos inventários
Sabe-se muito pouco sobre a cultura científica portuguesa dos últimos 500 anos, por que é que a sua produção foi escassa e sem nomes proeminentes, com excepções como a do matemático Pedro Nunes. A análise do lugar do livro científico permitirá compreender essa situação. "O livro tem um papel absolutamente central no estabelecimento da cultura científica. Não só acumula como transmite informação. Serve como ponto de junção de pessoas, catalisa fenómenos sociais", explica Henrique Leitão.
Na conferência, o investigador falou do livro científico em Portugal, partindo de um "paradoxo": a obsessão historiográfica em tentar compreender as causas do falhanço de Portugal em alcançar a modernidade, ao mesmo tempo que neste esforço a história da ciência é ignorada, uma falha que o investigador tenta colmatar. "Não há nenhuma noção de modernidade que não passe pela ciência. Acho estranho que os historiadores andem em torno da questão da modernidade e depois não liguem à ciência. ?? um paradoxo da historiografia portuguesa."
Henrique Leitão e Luana Giurgevich, investigadora italiana também do CIUHCT, estão a finalizar a primeira etapa do levantamento de todos os livros nas bibliotecas portuguesas desde o século XVI até 1834, quando foram extintas as ordens religiosas masculinas. Estas bibliotecas, cujos catálogos foram um instrumento-chave de pesquisa, pertenciam principalmente a mosteiros e conventos. Nalgumas, os catálogos foram feitos por vontade própria, a maioria foi uma exigência do Marquês de Pombal. Quase todos os livros estão perdidos, mas saber o que existia em cada sítio pode ajudar a revelar os círculos da cultura científica portuguesa e pode ajudar a perceber por que é que a modernização falhou.
"Nas colecções da Biblioteca Nacional, reparámos que os exemplares tinham marcas de posse de antigos conventos", diz-nos Luana Giurgevich. Foi assim que nasceu esta ideia de fazer "um inventário dos inventários" destas colecções, até agora inexistente, para "saber os hábitos de leitura" e ver "que tipo de ciência está associada a que tipo de ordem".
Ainda preliminares, os resultados (que serão publicados pela Biblioteca Nacional) indicam que haveria, nas 200 bibliotecas alvo da pesquisa, centenas de milhares de livros entre os séculos XVI e XVIII. A biblioteca do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, com cerca de 16.000 volumes, era das mais recheadas.
Os livros científicos podiam chegar entre 8 a 10% de algumas colecções. Noutras eram praticamente ausentes. Mas este trabalho mostrou que a maioria dos livros de ciência do século XVI existia em Portugal. O seu uso é desconhecido.
"Temos de fazer a radiografia dos grandes coleccionadores de livros científicos", diz por sua vez Henrique Leitão, recém-eleito membro efectivo da Academia Internacional de História das Ciências. "Até agora, o trabalho [na história de ciência] foi a análise de texto. Mas é muito interessante estudar as práticas de leitura. Quem eram os coleccionadores de livros? Quem os lia? Como é que os arranjava? Tem de se passar dos textos para as instituições e para prática a nível social."
Naquela altura, surgiram grandes pensadores, gente que revolucionou a ciência como Isaac Newton. Ao contrário de Portugal, é conhecida a cultura científica da Real Sociedade de Londres na altura, quando Newton publicou o seu Principia em 1687, onde enunciou as três leis da mecânica clássica.
"Na Real Sociedade de Londres, um grupo de cavalheiros reunia-se para fazer experiências", conta ao PÚBLICO outro orador no workshop, o britânico Adrian Johns, da Universidade de Chicago, nos EUA. "Era a primeira vez que um grupo de pessoas se intitulava filósofas experimentais e utilizava consistentemente a filosofia para chegar a uma prática experimental", diz o historiador de ciência.
Esses cavalheiros alimentavam as suas experiências científicas com leituras e discussão constantes. Em reuniões debatiam as leituras, os resultados das experiências e propunham novos procedimentos experimentais. "Estes protocolos de leitura não eram naturais, tinham de ser aprendidos e deram origem a uma investigação científica contínua", diz o britânico. Do pouco que se conhece, o cenário seria muito diferente por cá. "Não vemos verdadeiras discussões científicas", diz Henrique Leitão. "Rapidamente se tornavam em picardias pessoais e o conteúdo científico perdia-se."
Para o historiador português, este problema passa pela "fragilidade das instituições científicas", em que uma educação de má qualidade tem um efeito "devastador" na ciência e na modernidade: "Há um conjunto complexo de questões que tem de ser estudado aos poucos. Vamos tentar perceber este problema secular. Não pode ser uma razão conjectural, vemo-lo hoje, as performances das universidades portuguesas são uma vergonha, excepto honrosas excepções."
sábado, 29 de abril de 2017
Crianças indo trabalhar durante o inverno no turno noturno de uma fábrica, em uma noite escura e fria de dezembro
O trabalho nesse turno durava toda a noite, começando as 18 horas e as
crianças só podiam sair às 6 da manhã, na Carolina do Norte, EUA, em
1908.
Irineu Evangelista de Sousa - Mauá.
O livro Mauá-Empresário do Império, de Jorge Caldeira, mostra a política e a economia do Segundo Império vistas por intermédio da biografia de Irineu Evangelista de Sousa, barão e visconde de Mauá, um empresário exemplar.
O livro foi lançado em 2000 (o original é de 1995) e conta com 560 páginas.
>> ATENÇÃO!!! Este livro está disponível na Saraiva (http://oferta.vc/11on), por R$ 72,00. Você também encontra no Submarino (http://oferta.vc/11or), por R$ 44,72.
Ao ler, você vai conferir
* Visconde de Mauá (1813-1889) é considerado um dos empreendedores pioneiros do capitalismo no Brasil do século XIX. Pioneirismo, guerras e intrigas marcaram sua carreira
* Para montar a primeira indústria – um grande estaleiro e uma fundição em Niterói -, a primeira estrada de ferro e o primeiro banco a operar em grande escala no Brasil, ele teve de brigar contra uma sociedade provinciana.
* Além do projeto de iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro, foi responsável pela construção da ferrovia que ligou Santos e Rio Claro, atuou na indústria da fundição, construiu um estaleiro onde seus navios eram produzidos e defendeu o abolicionismo.
>> Confira livros de biografias indispensáveis: http://ow.ly/zYiGL
O livro foi lançado em 2000 (o original é de 1995) e conta com 560 páginas.
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Ao ler, você vai conferir
* Visconde de Mauá (1813-1889) é considerado um dos empreendedores pioneiros do capitalismo no Brasil do século XIX. Pioneirismo, guerras e intrigas marcaram sua carreira
* Para montar a primeira indústria – um grande estaleiro e uma fundição em Niterói -, a primeira estrada de ferro e o primeiro banco a operar em grande escala no Brasil, ele teve de brigar contra uma sociedade provinciana.
* Além do projeto de iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro, foi responsável pela construção da ferrovia que ligou Santos e Rio Claro, atuou na indústria da fundição, construiu um estaleiro onde seus navios eram produzidos e defendeu o abolicionismo.
>> Confira livros de biografias indispensáveis: http://ow.ly/zYiGL
Serra da Capivara.
Pesquisas indicam que a Serra da Capivara, no interior do Piauí, foi de fato um dos berços do homem americano.
Getúlio Vargas
No dia 29 de abril de 1938, Getúlio Vargas criou o Conselho Nacional do
Petróleo, precursor da Petrobras, para que o governo pudesse controlar o
produto.
sexta-feira, 28 de abril de 2017
O ritual canibal dos tupinambás
Os exploradores e missionários da época do descobrimento fizeram
vários relatos sobre antropofagia entre os tupis, etnia que ocupava todo
o litoral brasileiro. Eles se dividiam em duas culturas rivais, os
tupinambás e tupiniquins. Os primeiros eram aliados dos franceses, os
segundos, dos portugueses. Viviam em guerra e tratavam os cativos
europeus da mesma maneira que seus adversários indígenas: como alimento
para corpo e espírito, em sua interpretação de que, ao comer um
guerreiro, se absorvia sua força.
O ritual antropofágico foi descrito em detalhes pelo mercenário alemão Hans Staden, que naufragou na costa de São Paulo em 1550, foi pego pelos tupinambás, e presenciou todo o processo.
O próprio Staden estava destinado a virar almoço, mas conseguiu, a muito custo, convencer os tupinambás de que não era um português e até ficar amigo deles. Ele é a fonte principal desta matéria.
Um parêntesis importante aqui: alguns historiadores questionam toda a narrativa da antropofagia como uma construção colonialista. Ou ao menos alguns detalhes dela, como toda essa parte do sexo. Não há ritual semelhante em nenhum grupo indígena atual - o mais perto são os ianomâmis, que consomem seus entes queridos na forma de cinzas.
O ritual antropofágico foi descrito em detalhes pelo mercenário alemão Hans Staden, que naufragou na costa de São Paulo em 1550, foi pego pelos tupinambás, e presenciou todo o processo.
O próprio Staden estava destinado a virar almoço, mas conseguiu, a muito custo, convencer os tupinambás de que não era um português e até ficar amigo deles. Ele é a fonte principal desta matéria.
Um parêntesis importante aqui: alguns historiadores questionam toda a narrativa da antropofagia como uma construção colonialista. Ou ao menos alguns detalhes dela, como toda essa parte do sexo. Não há ritual semelhante em nenhum grupo indígena atual - o mais perto são os ianomâmis, que consomem seus entes queridos na forma de cinzas.
O Japão é forçado a romper o isolamento do resto do mundo.
Em 1854, o Japão é forçado a romper seu isolamento do resto do mundo, abrindo seus portos ao comércio com o exterior.
Era o início da modernização do Japão e do movimento que levaria ao fim do governo militar- e à extinção da classe dos samurais http://abr.ai/QNd0bQ
Era o início da modernização do Japão e do movimento que levaria ao fim do governo militar- e à extinção da classe dos samurais http://abr.ai/QNd0bQ
Como observar os filhos ajudou Darwin a compreender a evolução humana
Quando William Erasmus Darwin
nasceu, em dezembro de 1839, seu pai, Charles, começou a registrar
observações sobre o bebê meticulosamente em um caderno.
Guardado
atualmente na Biblioteca da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o
registro parece muito mais um documento de pesquisa do que um diário
escrito por um pai sobre o comportamento de seu primogênito.Algo que é bem expressado por comentários como este:
“Durante a primeira semana, bocejou e alongou com uma pessoa velha – em especial os membros superiores. Soluçou, espirrou, sugou...”
Sabemos muito sobre as teorias do naturalista britânico, mas pouco sobre como sua vida privada contribuiu para seu trabalho. Uma vasta coleção de cartas e o caderno, porém, revelam um lado intrigante do pai da evolução: Darwin como um homem de família.
Orangotango
O desenvolvimento de seus filhos colaborou para sua compreensão da evolução humana.William nasceu um ano depois de o cientista ter encontrado pela primeira vez Jenny, o primeiro orangotango do Zoológico de Londres.
“Para Darwin, o orangotango era como uma janela para as origens da humanidade”, diz John van Wyhe, da Universidade Nacional de Cingapura, diretor do projeto Darwin Online, uma coleção de todos o trabalho publicado pelo cientista.
quinta-feira, 27 de abril de 2017
As Pedras de Stonehenge.
Pesquisadores analisam a acústica do milenar círculo de pedras
Stonehenge, na Inglaterra, e concluem que o monumento gerava
interessantes efeitos sonoros: as rochas pareciam falar e o som se propagava do mesmo modo que no interior de uma sala.
Mestre João
No dia 27 de abril de 1500, Mestre João (na imagem), da frota de
Pedro Álvares Cabral, pisa em terras do Brasil onde faz observações
astronômicas.
João Faras ou João Emeneslau, mais conhecido como Mestre João, era um médico, astrônomo, astrólogo e físico espanhol presente na expedição comandada por Pedro Álvares Cabral que aportou no Brasil em abril de 1500, sendo considerado por muito tempo como a primeira a chegar em terras brasileiras. Médico da coroa portuguesa, era um dos principais tripulantes de Cabral e um dos que se sabe que eram judeus - o outro era Gaspar da Gama.
João Faras ou João Emeneslau, mais conhecido como Mestre João, era um médico, astrônomo, astrólogo e físico espanhol presente na expedição comandada por Pedro Álvares Cabral que aportou no Brasil em abril de 1500, sendo considerado por muito tempo como a primeira a chegar em terras brasileiras. Médico da coroa portuguesa, era um dos principais tripulantes de Cabral e um dos que se sabe que eram judeus - o outro era Gaspar da Gama.
No dia 28 de abril de 1500 ele teria enviado uma carta para o rei D.
Manuel I em que, como a Carta de Pero Vaz de Caminha, fazia comentários
sobre as novas descobertas. Em um dos trechos da carta, escrita na atual
Baía Cabrália, onde realizou os primeiros estudos astronômicos no
Brasil, ao identificar pela primeira vez a constelação do Cruzeiro do
Sul, sugere ao rei que peça um mapa onde veria a localização das terras
onde eles estavam, o que faria crer que os portugueses já conheciam o
território brasileiro.
quarta-feira, 26 de abril de 2017
terça-feira, 25 de abril de 2017
Olga Benário Prestes
Há 75 anos, morria, em uma câmara de gás de um campo de extermínio nazista, Olga Benário Prestes, companheira de Luís Carlos Prestes. A comunista judia foi entregue, grávida de sete meses, aos alemães nazistas pelo governo Vargas, quando este, às vésperas do golpe de Estado que o transformou em ditadura, flertou com o fascismo e perseguiu comunistas, judeus e homossexuais.
Guerra Hispano-Americana: Nasce a superpotência
m 25 de abril de 1898, os EUA declaravam guerra à Espanha, por um
incidente mal-explicado em Havana. Sairiam-se com Filipinas, Porto Rico,
Guam e (mais ou menos) Cuba. Um velho império desabava enquanto um novo
ascendia, a primeira ação dos EUA como superpotência
Getúlio Vargas
O livro Getúlio [1930-1945] – do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo, de Lira Neto, reconstitui os mandatos
de Getúlio no Palácio do Catete como chefe do Governo Provisório
(1930-1934), presidente constitucional (1934-1937) e, por fim, ditador
(1937-1945), bem como os meandros de sua vida privada. A segunda parte
da biografia monumental demonstra a astúcia calculista do gaúcho de São
Borja em sua plenitude.
O livro foi lançado em 2013 e conta com 632 páginas.
O livro foi lançado em 2013 e conta com 632 páginas.
A Revolução dos Cravos.
No dia 25 de abril de 1974, a Revolução dos Cravos derruba a ditadura
Salazarista comandada na altura por Marcelo Caetano, abrindo assim as
portas à democracia em Portugal.
Desde 1933, Portugal era comandado por um regime totalitário que teve
como maior representante Antonio Salazar, o chefe do Estado Novo
português. A revolução que acabou com o Estado Novo foi liderado pelo
Movimento das Forças Armadas, a partir de 1973.
O nome "Revolução dos Cravos" tem relação com a flor que se tornou símbolo do movimento. Segundo consta, Celeste Caeiro distribuiu cravos vermelhos para a população que entregou aos soldados. Estes colocaram os cravos nos canos das espingardas, como mostra a imagem.
O nome "Revolução dos Cravos" tem relação com a flor que se tornou símbolo do movimento. Segundo consta, Celeste Caeiro distribuiu cravos vermelhos para a população que entregou aos soldados. Estes colocaram os cravos nos canos das espingardas, como mostra a imagem.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
Genocídio Armênio: Um outro holocausto
niciado em 24 de abril de 1915, o Genocídio Armênio foi uma das piores
matanças do século 20. Uma etnia quase foi varrida do planeta numa onda
de ódio nacionalista e religioso, evento que a Turquia não apenas nega
ter acontecido, como prende quem afirmar o contrário. Conheça essa pouco
falada tragédia.
domingo, 23 de abril de 2017
Dia Mundial do Livro.
23
de abril é o Dia Mundial do Livro! A data busca conscientizar as
pessoas sobre os prazeres da leitura e a reconhecer a contribuição de
todos os autores.
Em 1962 é patenteada a máquina fotográfica do brasileiro Sebastião Carvalho Leme.
No dia 23 de abril de 1962, a máquina fotográfica 360º (imagem) de Sebastião Carvalho Leme, fotógrafo brasileiro, é patenteada.
A máquina fotográfica 360° é uma câmera fotográfica capaz de fazer uma única fotografia panorâmica completa (abrangendo toda a volta) a partir de um determinado ponto.
A câmera foi inventada por Sebastião Carvalho Leme, fotógrafo brasileiro quando residente em Marília, São Paulo. Em 1957 um empresário solicitou uma fotografia de seus prédios numa confluência de três esquinas, e o seu interesse era mostrar o conjunto dos prédios numa só foto — o que necessariamente teria de ser feito em 360 graus.
Usando então uma câmara fotográfica Rolleiflex com cabeça panorâmica foram tirados dez negativos que, ampliados e montados, resultaram na foto desejada.
Surgiu daí o desafio: Por que não tirar num só negativo uma fotografia que abrangesse 360 graus?
A máquina fotográfica 360° é uma câmera fotográfica capaz de fazer uma única fotografia panorâmica completa (abrangendo toda a volta) a partir de um determinado ponto.
A câmera foi inventada por Sebastião Carvalho Leme, fotógrafo brasileiro quando residente em Marília, São Paulo. Em 1957 um empresário solicitou uma fotografia de seus prédios numa confluência de três esquinas, e o seu interesse era mostrar o conjunto dos prédios numa só foto — o que necessariamente teria de ser feito em 360 graus.
Usando então uma câmara fotográfica Rolleiflex com cabeça panorâmica foram tirados dez negativos que, ampliados e montados, resultaram na foto desejada.
Surgiu daí o desafio: Por que não tirar num só negativo uma fotografia que abrangesse 360 graus?
sábado, 22 de abril de 2017
Pela primeira vez na história é utilizada arma química em um conflito armado.
No dia 22 de abril de 1915, pela primeira vez na historia é utilizada
armas químicas em um conflito armado, quando a Alemanha utiliza o gás
cloro (imagem) como gás venenoso contra o exército francês numa das
batalhas da Primeira Guerra Mundial.
sexta-feira, 21 de abril de 2017
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