"Os Tapayuna viviam originariamente na região do rio Arinos, próxima ao município de Diamantino, no Mato Grosso. Havia em seu território tradicional uma diversidade de recursos naturais, como seringueiras, minérios e madeiras, e por este motivo foi usurpado inúmeras vezes por seringueiros, garimpeiros e madeireiros, entre outros invasores não indígenas.
Na década de 1970, o grupo foi vítima de um envenenamento com a carne de uma anta, oferecida aos índios por invasores. Os 41 sobreviventes foram transferidos para o Parque Indígena do Xingu, vivendo primeiramente na aldeia dos Kĩsêdjê (mais conhecidos como Suyá), que também falam uma língua da família Jê.
Nos anos 1980, com a morte de um importante líder e pajé, uma parte do povo Tapayuna foi morar com os Mebengôkrê (Kayapó), na Terra Indígena Capoto-Jarina. O fato dos Tapayuna morarem em aldeias kĩsêdjê e mebengôkrê provocou o enfraquecimento da sua língua e cultura.
Em 2010, a população foi estimada em cerca de 160 pessoas que estavam distribuídas em aldeias na Terra Indígena Wawi e na Terra Indígena Capoto-Jarina.
A língua tapajúna pertence à família Jê, a qual faz parte do tronco linguístico Macro-Jê.
Conforme Seeger (1980), os Tapayuna, também conhecidos como Suyá Ocidentais, falam uma língua virtualmente idêntica à dos Kĩsêdjê, Suyá Orientais. No entanto existem evidências de que essas duas línguas são próximas, porém apresentam diferenças.
Algumas análises apontam que o Tapayuna é uma variante dialetal do Suyá. Porém devido à ausência de estudos sobre a primeira, não são totalmente conhecidas as semelhanças e diferenças entre as duas línguas.
Os Tapayuna tiveram um contato considerável com os Kĩsêjdê e com os Mebengôkrê, e assim sua língua sofreu grande influência das línguas faladas por estes povos.
Em 2008, era falada por apenas 40 Tapayuna residentes na TI Capoto-Jarina. Em 2010, havia 97 falantes na aldeia Kawêrêtxikô (na mesma TI). Além desses, a língua é falada por pessoas que vivem na aldeia Ngosôkô, no Parque Indígena do Xingu.
Segundo Maria Cristina Cabral Troncarelli (2011), na aldeia kĩsêdjê (TI Wawi) - com exceção de algumas pessoas mais velhas - os jovens e crianças tapayuna falam somente o Suyá, que é a língua corrente na aldeia, pois seus pais e parentes se casaram com pessoas kĩsêdjê. Os jovens têm mostrado interesse em aprender o Tapayuna e desenvolver projetos voltados para sua revitalização.
- Casamento:
O pajé mais velho é casado com duas mulheres, sendo que a mais velha é Tapayuna e a mais jovem é Mebengôkrê (conhecidos como Kayapó). Isto permite levantar a hipótese de que os Tapayuna se casavam com mais de uma esposa, como ocorre com outras etnias. Atualmente, exceção feita ao caso mencionado, os Tapayuna são monogâmicos, assim como os Mebengôkrê.
Há vários casos de intercasamento envolvendo Tapayuna e Mebengôkrê. Como mencionado, em acordo com as regras de casamento vigentes entre os Tapayuna, o homem passa a residir na casa do sogro. Devido a esse fator, muitos índios tapayuna moram em casas de família mebengôkrê. São casos como estes que fazem com que a língua tapayuna perca espaço, pois os filhos do casal falam a língua falada pela mãe, o Mebengôkrê. O mesmo ocorre com homens mebengôkrê que se casam com mulheres tapayuna, porém a língua aprendida pelas crianças será o Tapayuna."
Fotografia: João Américo Peret, 1969.
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