A Influência Indígena entre os Colonos Portugueses no Brasil. “Do indio adotou logo o colono numerosos hábitos, abandonando os da Europa. Estacio de Sá, desembarcando no Rio de Janeiro, em 1565, fez os "tujupares, que são umas tendas ou choupanas de palha, para morarem"
Fortificou-se como o indio, nas cêrcas de páu a pique. Substituiu o trigo pela mandioca. Aprendeu a moquear a carne, para conservá-la. Não quis outra cama além da rede, que era para os tupis o unico traste.
A rêde ("banguê") é tambem a sua morada. A rêde ("serpentina") é tambem o seu veículo. No trabalho do campo imitou o indio, derrubando e queimando, para a plantação, e cobiçando sempre terras novas, numa ocupação progressiva do solo. Os sertanejos ainda agora andam como os indios, isto é, uns atrás dos outros, "por um carreiro como formigas" Fumam o mesmo pito.
O seu alimento para a jornada é a mesma "farinha de guerra". A canôa, com que passam os rios, é igual á canôa tupica, de uso universal no Brasil. O feiticeiro exerce a mesma influencia e a terapeutica sertaneja é toda indigena (a sucção das feridas para expelir o mal, o emprego de inumeras ervas, as mezinhas).
Do indio, tem o sertanejo a natural imprevidencia, a resignação, a incapacidade de poupança. A sua industria caseira (balaios, esteiras, tecidos de algodão que as mulheres fiam, a ceramica de barro) é indígena.
Conserva no índio a atitude habitual de descamo, a maneira de trazerem as mães os filhos ás costas, o jeito de desbravarem o mato e descobrir-lhe as veredas. Comem na cuia, defumam os legumes, como os tupis o faziam no seculo passado e a modo destes, não bebem quando fazem as refeições.
O colono, contemporâneo de Tomé de Souza, adaptou-se, imitando o gentio.” Fonte: História da Civilização Brasileira. Pedro Calmon.
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