Entre 1549 e 1550 Hans Staden de Homberg, um cidadão da região de
Hessen (Alemanha) foi feito prisioneiro pelos Tupinambás, com os quais
conviveu por nove meses, tendo conseguido escapar de ser devorado.
No ano 1556, em Wolfhagen, escreveu seus relatos nas obras "Duas
viagens ao Brasil" e "Breve relato verídico sobre os modos e costumes
dos Tupinambás".
Adiante alguns trechos de tais relatos:
Entre eles não há comércio, e também não conhecem o dinheiro. Suas
preciosidades são penas de pássaro. Quem tem muitas é considerado rico e
aquele que tiver belas pedras para lábios e as bochechas está entre os
mais ricos.
(Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás,
Capítulo 21. Hans Staden)
Para um homem, a honra máxima é capturar muitos inimigos e abatê-los, o
que entre eles é muito comum. Ele tem tantos nomes quantos inimigos
tiver matado, e os mais nobres entre eles são os que tem muitos nomes.
(Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás,
Capítulo 22. Hans Staden. Hessen.
Quando trazem para casa um inimigo, os primeiros a bater nele são as
mulheres e as crianças. Depois colam nele penas cinzas, raspam as
sobrancelhas dançam em volta dele e atam-no direito de forma não poder
fugir. Depois dão-lhe uma mulher que o alimenta e também se entretem com
ele. Se ela recebe um filho dele criam-no até que fique grande e
depois, quando eles vêm à mente, matam-no.
...
Alimentam bem o
prisioneiro, mantendo assim durante algum tempo e preparam-se para
festa. Nessa ocasião produzem boa quantidade vasos nos quais colocam sua
bebida. Confeccionam ainda ramos de pena e amarram a maça, a que chamam
ibira-pema, com a qual o matam.
...
Fazem uma fogueira. O
prisioneiro é arrebatado por um grupo de cerca de 14. Pintam-no corpo
com cinzas. A seguir aquele que o matar a volta pegar a Ibirá pema e diz
"estou aqui para matá-lo" nisto o golpeia o prisioneiro na nuca de
forma que dele jorre o cérebro. Imediatamente as mulheres pegam o morto e
arrastam-no para cima da fogueira, arrancam toda sua pele, deixam-no
inteiramente branco e tapam com seu traseiro para que nada lhe escape.
...
Depois que a pele foi limpa, um homem o segura e lhe corta as pernas
acima dos joelhos e os braços em ter ao tronco. Aproximam-se então
quatro mulheres, pegam os quatro pedaços, andam ao redor das cabanas e
fazem uma grande gritaria de contentamento. A seguir separam as costas
junto com o traseiro da parte dianteira. Dividem tudo entre si. As
vísceras ficam com as mulheres. Fervem-nas e com o caldo fazem uma massa
fina chamada mingau, que elas e as crianças sorvem. As mulheres comem
as vísceras da mesma forma que a carne da cabeça. O cérebro a língua e o
que mais as crianças puderem apreciar, eles comem. Quando tudo estiver
sido dividido voltam para casa e cada um leva o seu pedaço.
(Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás,
Capítulo 29. Hans Staden.)
Os Tupinambás vivem próximo ao mar, ao pé da Grande Serra ... São
pressionados por adversários de todos os lados, ao norte seus vizinhos
são od Goytacaz. Seus adversários ao sul são os Tupiniquins. Os que
vivem em direção ao interior das terras são chamados Carajás. Perto
deles na serra vivem os Guaianases, e entre esses vive uma mais uma
tribo, dos Maracajás, que os perseguem continuamente. Todas essas tribos
guerreiam entre si. Quando alguém é capturando um inimigo ele é comido.
(Capítulo 4)
Por que comem seus inimigos. Não fazem isto para
saciar sua fome, mas por hostilidade e muito ódio, e quando estão
guerreando uns contra os outros gritam cheio de ódio: - Sobre você
abata-se toda desgraça.
- Você será minha comida.
-Eu ainda quero esmagar a sua cabeça.
- Hoje estou aqui para vingar em você a morte do meu amigo.
- Sua carne, ainda hoje antes que o sol se ponha, será o meu assado.
Tudo isso fazem-no por grande inimizade.
(Capítulo 26)
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