terça-feira, 21 de julho de 2020

Ritual Antropofágico

Entre 1549 e 1550 Hans Staden de Homberg, um cidadão da região de Hessen (Alemanha) foi feito prisioneiro pelos Tupinambás, com os quais conviveu por nove meses, tendo conseguido escapar de ser devorado.
No ano 1556, em Wolfhagen, escreveu seus relatos nas obras "Duas viagens ao Brasil" e "Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás".
Adiante alguns trechos de tais relatos:
Entre eles não há comércio, e também não conhecem o dinheiro. Suas preciosidades são penas de pássaro. Quem tem muitas é considerado rico e aquele que tiver belas pedras para lábios e as bochechas está entre os mais ricos.
(Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás,
Capítulo 21. Hans Staden)
Para um homem, a honra máxima é capturar muitos inimigos e abatê-los, o que entre eles é muito comum. Ele tem tantos nomes quantos inimigos tiver matado, e os mais nobres entre eles são os que tem muitos nomes.
(Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás,
Capítulo 22. Hans Staden. Hessen.
Quando trazem para casa um inimigo, os primeiros a bater nele são as mulheres e as crianças. Depois colam nele penas cinzas, raspam as sobrancelhas dançam em volta dele e atam-no direito de forma não poder fugir. Depois dão-lhe uma mulher que o alimenta e também se entretem com ele. Se ela recebe um filho dele criam-no até que fique grande e depois, quando eles vêm à mente, matam-no.
...
Alimentam bem o prisioneiro, mantendo assim durante algum tempo e preparam-se para festa. Nessa ocasião produzem boa quantidade vasos nos quais colocam sua bebida. Confeccionam ainda ramos de pena e amarram a maça, a que chamam ibira-pema, com a qual o matam.
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Fazem uma fogueira. O prisioneiro é arrebatado por um grupo de cerca de 14. Pintam-no corpo com cinzas. A seguir aquele que o matar a volta pegar a Ibirá pema e diz "estou aqui para matá-lo" nisto o golpeia o prisioneiro na nuca de forma que dele jorre o cérebro. Imediatamente as mulheres pegam o morto e arrastam-no para cima da fogueira, arrancam toda sua pele, deixam-no inteiramente branco e tapam com seu traseiro para que nada lhe escape.
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Depois que a pele foi limpa, um homem o segura e lhe corta as pernas acima dos joelhos e os braços em ter ao tronco. Aproximam-se então quatro mulheres, pegam os quatro pedaços, andam ao redor das cabanas e fazem uma grande gritaria de contentamento. A seguir separam as costas junto com o traseiro da parte dianteira. Dividem tudo entre si. As vísceras ficam com as mulheres. Fervem-nas e com o caldo fazem uma massa fina chamada mingau, que elas e as crianças sorvem. As mulheres comem as vísceras da mesma forma que a carne da cabeça. O cérebro a língua e o que mais as crianças puderem apreciar, eles comem. Quando tudo estiver sido dividido voltam para casa e cada um leva o seu pedaço.
(Breve relato verídico sobre os modos e costumes dos Tupinambás,
Capítulo 29. Hans Staden.)
Os Tupinambás vivem próximo ao mar, ao pé da Grande Serra ... São pressionados por adversários de todos os lados, ao norte seus vizinhos são od Goytacaz. Seus adversários ao sul são os Tupiniquins. Os que vivem em direção ao interior das terras são chamados Carajás. Perto deles na serra vivem os Guaianases, e entre esses vive uma mais uma tribo, dos Maracajás, que os perseguem continuamente. Todas essas tribos guerreiam entre si. Quando alguém é capturando um inimigo ele é comido. (Capítulo 4)
Por que comem seus inimigos. Não fazem isto para saciar sua fome, mas por hostilidade e muito ódio, e quando estão guerreando uns contra os outros gritam cheio de ódio: - Sobre você abata-se toda desgraça.
- Você será minha comida.
-Eu ainda quero esmagar a sua cabeça.
- Hoje estou aqui para vingar em você a morte do meu amigo.
- Sua carne, ainda hoje antes que o sol se ponha, será o meu assado.
Tudo isso fazem-no por grande inimizade.
(Capítulo 26)

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