Após seu casamento, June mudou-se para o Canadá e, a partir de 1954, começou a trabalhar como técnica em microscopia eletrônica no Instituto do Câncer de Ontário. Nessa função, seu talento ficou evidente, June se tornou especialista no uso do microscópio eletrônico e passou a assinar diversos artigos científicos acerca de estruturas de vírus que ainda não eram visualizadas.
Em 1964, ela retorna a Londres e é premiada com um diploma de “doutor em Ciências” por causa da qualidade de seus artigos, passando a colaborar com o pesquisador David Tyrrell na análise de amostras de pacientes com gripe. A partir dessas amostras e utilizando uma técnica denominada imunoeletronmicroscopia, na qual se usava contraste negativo, June pôde identificar os vírus do resfriado comum, que ainda não podiam ser cultivados convencionalmente em laboratório, e novos vírus ainda desconhecidos, dentre eles, a família de coronavírus, responsável por novas infecções respiratórias.
Em seu trabalho, June Almeida descreveu o coronavírus como um vírus parecido com o influenza, porém com estruturas diferentes. Entretanto, seu artigo foi rejeitado, os avaliadores consideraram que ela apenas tinha produzido imagens ruins de um vírus influenza. Sua descoberta da cepa B814, no entanto, acabou sendo publicada no British Medical Journal, em 1965, e as primeiras fotografias do que June viu em seu microscópio foram publicadas no Journal of General Virology dois anos depois.
June e Tyrrel batizaram o coronavírus com esse nome por causa da coroa que envolvia a partícula vista na imagem. Além desse feito, June foi a responsável pela primeira visualização do vírus da rubéola e a descoberta da existência de dois componentes diferentes no vírus da hepatite B.
Ane encerrou sua carreira no Wellcome Research Laboratory, trabalhando no desenvolvimento de vacinas. Ela aposentou-se em 1985 e passou a atuar como professora de ioga, mas, no final dos anos 80, voltou ao Hospital St. Thomas e ajudou a registrar imagens do vírus HIV. Ela morreu em 2007, aos 77 anos. Nos últimos dias, seu nome tem sido muito lembrado por ter sido pioneira na descoberta do vírus que tanto tem preocupado a humanidade.
Texto - Adriana de Paula e Joel Paviotti
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