quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O Ano Novo Egípcio.

Diferente das sociedades contemporâneas, o Antigo Egito não contava os anos a partir da Criação do Mundo ou uma data única de maior importância geral, mas pelo ano de reinado de seus soberanos. O calendário era regulado pelo ciclo solar e das estrelas, em combinação com o regime das cheias do Nilo. Esse ciclo das cheias não ocorriam quando completavam os 365 dias e seis horas do ano solar, mas um pouquinho antes. Coincidentemente, quanto a estrela Sírius, da constelação do Cão Maior, chamada pelos egípcios de Sopd, surgia no horizonte no exato ponto onde o sol nascia. Assim, não era o ano solar, mas o ano sótico (de Sothis, o nome helenizado de Sopd) que contava. Isso fazia com que o ano oficial recuasse lentamente a cada ano solar, fazendo com que coincidissem apenas a cada 1460 anos, que compreendia o chamado Ciclo Sótico. Este ano era dividido em 3 estações com 4 meses cada uma, cujos nomes variavam com o tempo, mas cujos nomes adotados na época ptolomaica é até hoje usada no calendário copta:
1. Thoth
2. Paophi
3. Athyr
4. Koiak
5. Tybi
6. Mechir
7. Pamenoth
8. Parmuti
9. Pachons
10. Payni
11. Epiphi
12. Mesore
"13". Pi Kogi Enavot (o pequeno mês)
Os meses 1 a 4 correspondem à estação Akhet, ou Inundação, que vai de setembro/outubro a dezembro/janeiro, pelo calendário copta e julho/agosto a outubro/novembro no Antigo Egito; os meses 5 a 8 ao Peret, ou Germinação, que vai de janeiro/fevereiro a abril/maio pelo calendário copta e novembro/dezembro a fevereiro/março no Antigo Egito, e os meses 9 a 12 correspondem ao Shemu, ou Colheita, indo de maio/junho a agosto/setembro pelo calendário copta e março/abril a junho/julho no Antigo Egito, seguido pelo “pequeno mês” de 5 dias, há dois mil anos acrescido de mais um dia por causa do ano bissexto, mas que no Antigo Egito eram mesmo apenas 5, chamados de “dias acima do ano”, ou heru heriu renpet, que os gregos denominaram “dias de acréscimo”, ou epagomenais.
Um mito cujos traços mais antigos remontam ao Médio Império, conta que Ra, revoltado com a humanidade desobediente, enviou sua filha Sekhmet para destruir tudo. Nut, a deusa céu, se compadeceu do mundo, e quis enviar seus filhos para aplacar Sekhmet, mas Ra a havia amaldiçoado, não permitindo que nenhum de seus filhos nascesse na terra em qualquer dia do ano. O Ano tinha então 360 dias, e o deus da sabedoria, Thot socorreu Nut acrescentando 5 dias ao ano, nos quais nasceram seus filhos Osíris, Hórus o Antigo (Haroéris), Set, Ísis e Néftis, e a humanidade pôde ser salva por intermédio destes deuses, e afinal todos puderam celebrar o começo (tep) ou a abertura (wep) de um novo ano (renpet).
Hotep wep renpet nebu remtju!
Feliz Ano Novo a todos!
Robson Cruz
Equipe Egiptologia Brasil #EBRC
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IMAGEM: As Três Estações do Ano - Mastaba do Vizir Mereruca, 6ª Dinastia.

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