Facas, garfos e colheres utilizam um mecanismo tão simples que
parecem terem sido inventados em um passado remoto. E foram. Mas seu uso
só popularizou-se da maneira como utilizamos hoje durante o século 18.
Ou seja, até bem pouco tempo atrás, os participantes de qualquer
refeição (desde os almoços triviais até grandes banquetes) usavam as
mãos para pegar a comida do prato.
A falta de talheres
influenciava também o cardápio nas mesas nobres. “Durante os séculos 18 e
19, as pessoas comuns comiam espaguete com as mãos. Quando o garfo foi
inventado, massa virou comida para a realeza também, porque agora eles
podiam comer sem perder a dignidade”, diz a americana Linda Stradley,
especialista em culinária. Talvez tenha sido por isso que os italianos
se interessaram logo por talheres. Já no século 16, eles eram os únicos
na Europa que comiam com garfos e facas individuais.
Na
Inglaterra e França, as mesas só tinham duas ou três facas. Todos
serviam-se da mesma travessa, usando as mãos. As sopas eram colocadas em
uma mesma tigela, de onde bebiam duas, três ou mais pessoas. Talheres
eram tão raros que apareciam em testamentos e garfos chegavam a ser
malvistos pela Igreja. “Deus em sua sabedoria deu ao homem garfos
naturais – seus dedos. Assim, é um insulto a Ele substituí-los por
garfos de metal”, diziam os padres no século 18, segundo James Cross
Giblin em From Hand to Mouth (Da Mão à Boca, sem versão em português).
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