sábado, 9 de novembro de 2019

O Último Baile do Império ocorreu no dia 9 de novembro de 1889, um sábado, em homenagem aos oficiais do navio chileno "Almirante Cochrane". Realizado na ilha Fiscal, no centro histórico do Rio de Janeiro, então capital do Império. Foi a última grande festa da monarquia antes da Proclamação da República .

Por volta das 22 horas, o Imperador, junto com a Imperatriz e o neto D. Pedro Augusto, foram recebidos ao som do Hino Nacional brasileiro. A festa, por sinal, era muito bem servida de músicos. No alto da torre, a banda do Arsenal de Guerra tocava, e duas orquestras estavam nos coretos ao lado de cada um dos dois grandes pavilhões. Uma sala luxuosamente decorada foi reservada para descanso da Família Imperial. Às 23 horas, o baile teve início no mesmo momento em que a princesa imperial entrou no salão. Haviam saído às 21 horas do Paço da Cidade e só então conseguiam entrar na ilha devido à concentração da população no cais. À 1h30 da manhã, foi servida a ceia, presidida pelo Imperador.
Na ocasião, brasileiros e chilenos discursaram. Apesar do avanço da hora sobre a cidade, que naquela noite não dormiria, quando Ouro Preto concluiu o seu discurso com um viva ao Chile, a fortaleza de Villegagnon salvou 21 vezes. A Família Imperial retirou-se por volta das 3 horas da madrugada, mas D. Pedro Augusto ficou um pouco mais; fora o único a valsar. Inúmeras foram as histórias que recobriram o fausto do baile, assunto até mesmo de obras literárias, como Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Também surgiram histórias lendárias, com indícios de terem sido inventadas posteriormente, como o tropeço do imperador. Ao desembarcar na Ilha Fiscal, D. Pedro II teria quase ido ao chão, se não fosse o braço prestativo do dr. Mota Maia. Na ocasião, o monarca teria dito que “a monarquia tropeçou, mas não caiu”. Outra história, pouco lembrada, mas que se ventilou na época, diz respeito à ida do monarca ao baile. Quando a sua carruagem e a escolta passavam pelo Campo de Santana, ouviu-se um grande barulho. Parando a comitiva para ver o que acontecera, descobriram que a coroa imperial que ornava um edifício estatal havia desabado e jazia estilhaçada no chão.
REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II, a história não contada.
Publicado originalmente pelo historiador e escritor Paulo Rezzutti

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