FUNDAÇÃO
FRANCISCO MASCARENHAS
FACULDADES
INTEGRADAS DE PATOS
PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO
DE ESPECIALIZAÇÃO EM HISTÓRIA DO BRASIL E DA PARAIBA
MEMÓRIA
VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA
JUAREZ
RIBEIRO DE ARAÚJO
CAMPINA
GRANDE – PB
2011
JUAREZ
RIBEIRO DE ARAÚJO
MEMÓRIA
VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA
Trabalho
de conclusão de Curso Artigo Científico, apresentado ao Programa de
Pós-Graduação Lato Senso do Curso de Especialização em História do Brasil e da
Paraíba das Faculdades Integradas de Patos, em cumprimento às exigências para a
obtenção do título de Especialista.
Orientadora:
Keila Queiroz e Silva Ramos, Drª.
Campina
Grande – PB
2011.
JUAREZ
RIBEIRO DE ARAÚJO
MEMÓRIA
VISUAL DO TRABALHO EM SERRA BRANCA
Trabalho aprovado em ____/_____/________
Nota: __________________________
___________________________________________
Keila
Queiroz e Silva Ramos, Drª
Orientadora
Campina
Grande – PB
2011.
Dedicatória
Dedico
este artigo a minha esposa Urbanita Brito e aos meus filhos Rhaman Bento Brito
de Araújo e a Ana Gilda Brito de Araújo que me deram apoio e carinho nesta
trajetória.
Lista
de Imagens:
Foto
1 – Serra do Jatobá
Foto
2 – Serra Branca nos tempos dos Almocreves
Foto
3 – Caminhão carregado com algodão
Foto
4 – Armazém do Povo
Foto
5 – Construção da cadeia
Foto
6 – Seu Janúncio e o motor que fornecia energia
Foto
7 – Ferreiros Trabalhando
Lista
dos Entrevistados
01
– Juviniano Limeira de Araújo
02
– Vera Lúcia Maciel
03
– Celina Rodrigues de Araújo
04
– Robson Feitosa dos Santos.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo
analisar e conhecer algumas atividades produtivas na cidade de Serra Branca
através de fotografias, mostrando a sua
importância do ponto de vista histórico, cultural, artístico e
econômico. Sabemos que o trabalho é um dos pilares do capitalismo, é neste
sentido que vamos conhecer o processo de organização destas atividades, como
também conheceremos o universo deste trabalhadores que com sua força produtiva
construíram casas, armazéns, igrejas, abrigos, delegacias, escolas e também
outros produtos que fazem parte do nosso cotidiano. É importante salientar que
as fotografias deixaram uma memória destas pessoas dos objetos de trabalhos que
contribuíram de forma significativa para o resgate histórico destes
profissionais que com a força do seu trabalho deixaram um legado cultural,
muitas vezes não sendo reconhecidos economicamente, nem como agentes transformadores
do nosso processo histórico. É neste contexto que vamos conhecer algumas
atividades que não são mais praticadas no nosso meio, histiricizando o processo
de trabalho da cidade de Serra Branca e suas manifestações em nossa sociedade,
como também reconhecer o quanto estas atividades foram geradores de riquezas
para uns, enquanto para outros foram geradora de explorações da maioria de
nossa população que tinha apenas a força de seu trabalho para ganhar o pão de
cada dia.
Palavra
– chave: fotografia, trabalho, memória, desenvolvimento.
ABSTRACT
This study aims to analyze and
understand some productive activities in the city of Serra Branca through
photographs, showing their importance in terms of historical, cultural,
artistic and economic. We know that work is one of the pillars of capitalism,
is in this sense that we know the process of organizing these activities, but
also know the universe of workers who built with his productive power houses,
warehouses, churches, shelters, police stations, schools and also other
products that are part of everyday life. It is important to note that the
photographs of these people left a memory of objects that work contributed
significantly to the historic rescue of these professionals with the strength
of their work left a cultural legacy, often not recognized economically, or as
agents of change in our political process. In this context, we know some
activities that are no longer practiced in our country, histiricizando the
working process of the city of Sierra Blanca and its manifestations in our
society, but also recognize how these activities are creators of wealth for
some, while for other farms were generating the majority of our population that
had only the strength of his work to earn the daily bread.
Word - Key: photography, work, memory development.
1 . Introdução
É
com grande alegria que olharmos para as fotografias pois sabemos que elas
marcam a trajetória das pessoas e do universo, que a cerca. Pois com um simples
clic está registrado para posterioridade aquele objeto ou pessoa que foi
fotografado.
É
mágico, fascinante você observar imagens importantes de sua vida, como por
exemplo: o nascimento, a formatura, o casamento, o passeio com amigos, uma
praça, uma casa etc. Além disso podemos ver o quanto a fotografia é importante
para nossa sociedade, pois ela dá uma comprovação maior dos fatos.
Neste
artigo, por exemplo, pretendo analisar, numa perspectiva histórica as
atividades de trabalho da cidade de Serra Branca do século XX. Com certeza,
essas fotografias sugerem narrativas que se prestariam a múltiplas
interpretações, algumas das quais buscaremos apontar.
Nas
fotografias observei as transformações do trabalho da cidade são frequentes
vejamos um exemplo. Uma das fotografias das últimas década do século XX
mostra-nos o trabalho de um ferreiro, pois essa atividade em nossa cidade não
existe mais.
Portanto
o essencial é poder registrar, pois cada fotografia é única, mostra um momento
especial de você, da sua cidade, do seu trabalho, do seu lazer. Com estas
fotografias você estará contribuindo com o registro da nossa memória.
2. As Fotografias
O
uso das fotografias como documento de pesquisa foi, durante muito tempo,
praticamente desconsiderado. Hoje, entretanto, a História percorre caminhos bem
distintos. As imagens ganham significados com o passar do tempo e,
relativamente, tornam-se testemunhos do passado. Por isso, acreditamos no
recurso da imagem não somente como um mero suporte visual de representação
daquilo que não existe mais, mas como elemento significativo de interpretação
historiográfica.
A
fotografia faz um registro histórico do momento, um instante que não poderá ser
reproduzido novamente, levando-se em consideração a época, os costumes e as
tradições que ficam eternizados no instante fotografado. E é por isso única e
de caráter documental, segundo Roland Barthes (1984).
Nenhuma
obra de arte é contemplada tão atentamente em nosso tempo como a imagem
fotográfica de nós mesmos, de nossos parentes próximos, de nossos seres
9
amados escreveu LichtWark (1907).
Dentro
destas valorização da imagem, se tem um objeto de destaque: a fotografia. Nesse
sentido, nos perece estratégico analisar as fotografias, visando analisar as
transformações no trabalho da cidade de Serra Branca e apontar os elementos
significativos e visíveis, que por sua vez, constroem uma memória da cidade.
3 – PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS
Este
artigo tem como tema central a discussão sobre a Memória Visual do Trabalho em
Serra Branca. Entretanto o recorte espaço temporal é o Brasil e, em especial,
Serra Branca. Proponho conhecer as particularidades e as consequência da
Memória e do trabalho entre os anos 1930 – 1978, como também pesquisar pessoas
que vivenciaram este momento, fazendo com que possamos ter uma compreensão do
processo produtivo e com isto registrar estas manifestações que são
extremamente importante para nossa sociedade, vista que grande parte de nossa
história encontra-se nas fotografias e nas fontes orais.
Para
tanto, neste artigo são apresentado apenas algumas fotografias, aquelas que
ilustram melhor a transformação do trabalho em Serra Branca.
4 – Serra Branca
Foto 1 – Serra
do Jatobá. Fonte: Inaldo Fotografias.
10
Antes da
colonização portuguesa viviam em nossa região os índios sucurus que eram
nômades e se distribuíam entre o planalto da Borborema e o rio Taperoá,
diversos sítios arqueológico representam a presença dos mesmos na nossa região.
A economia era baseada na caça e na coleta, os índios eram ligados a natureza,
valentes e hábeis oleiros. Muitos desses foram mortos através das guerras
justas, os que sobreviveram tornaram-se escravos ou foram levados para as
missões ou reduções jesuítas, foram catequizados facilitando desta maneira o
processo de colonização portuguesa.
A
partir do ano 1820 surgiu o primeiro núcleo de povoamento com o nome de Jericó,
posteriormente outros fazendeiros se fixaram na região através de sesmarias que
eram lotes de terras doados pela Coroa portuguesa e também através de compras.
Com a criação de gado houve um grande desenvolvimento econômico, possibilitando
melhores condições para a região.
Em
1892, Jofily descreveu a sua passagem por Jericó já com a denominação de Serra
Branca: Serra Branca tem boa casaria, uma sofrível feira, casa de mercado,
pequeno capela; é um dos centros produtores na comarca de São João. Os vales
dos seus rios e riachos estão quase cheios de cercados para a lavoura, onde o
algodão produz admiravelmente, apesar das poucas chuvas que caem no sertão.
O
distrito foi criado em 15 de novembro de 1921 e o município em 27 de abril de
1959. Em 1943 o topônimo foi mudado para Itamorotinga que em tupi significa
pedra-mó-toda-branca ou simplesmente pedra branca alusão a serra do Jatobá. Com
o antigo nome de Serra Branca em 1947 foi fixada a sede do município, situação
que permaneceu até 1951, ocasião em que voltou para São João do Cariri. Porem
mediante a nova politica que vem fragmentando os municípios, atualmente Serra
Branca conta somente com dois distritos Santa Luzia do Cariri e Sucuru.
11
Foto 2 Serra Branca nos tempos dos
Almocreves Fonte:Reprodução Inaldo Fotografias
A
industrialização representou uma mudança social profunda na medida em que transformou a vida dos homens,
implicando elevados custo sociais e ambientais.
Uma das primeiras transformações diz
respeito ao próprio significado da palavra trabalho. O que antes significava o
castigo divino pelo pecado original implicando dor e humilhação passou a
designar uma condições básica para salvação perante seus, que poderia propiciar
riqueza e dignidade. O trabalho passou a dignificar o homem e a qualidade
tornando-se um indicador de posição social. (Myrian Becho p. 118).
Neste contexto iremos analisar e
conhecer uma atividade bastante importante nas primeiras décadas do século XX. Os
almocreves eram pessoas que conduziam animais com mercadorias de um lugar para
outro. Numa época de comunicação limitada, os almocreves eram importantes como
agentes de comunicações comunitária, além de serem indispensáveis ao
abastecimento de bens às vilas e cidades.
Encontramos o senhor Juviniano
Limeira de Araújo¹, mais conhecido como seu Juvino nasceu em Maio de 1916, no
Bairro do Ahú na cidade de Serra Branca. Filho de Inácio Limeira e Maria
Limeira, cuja união desencadeou o nascimento de dez filhos, seu Juvino
trabalhava com o pai como almocreve desde os vinte anos.
1-Entrevista
concedida ao autor no dia 19 de Agosto de 2011
12
Ele
é hoje o último dos almocreve ainda em vida na cidade de Serra Branca.
Ele
nos conta que depois que o pai adoeceu continuou o trabalho de almocreve, tinha
uma tropa de cinco burros e nesta época estes animais eram muito caros. O burro
era um dos meios de transporte mais usados em nossa região no inicio do século
XX e era através dele que se vendia cereais e outros produtos como: milho,
feijão, arroz, farinha, algodão e etc.
Nas
suas viagens faziam paradas para alimentar-se e dormir em acampamentos e em
casas de conhecidos e também para descansar e alimentar os animais. Levava em
média quatro dias de viagem de Serra Branca a Campina Grande, vendia e comprava
os produtos na feira central, havia outras cidades onde fazia compras com São
José do Egito, São José dos Cordeiros, Coxixola e etc. Sempre andava em grupo
com outros almocreves: Pedro Jacó, Cícero Jacó, João Menino, Cícero Limeira e
José Felizardo. Nesta atividade trabalhou por mais de quarenta anos, gostava
bastante do que fazia e nos disse que era uma vida boa aperreada.
Com
o tempo a cidade ia se desenvolvendo, mas somente no início do século XX foi
que mudanças econômicas e mudanças nas condições de vida vieram a realmente
acontecer de forma significativa.
Foto
3 – Caminhão com algodão – fonte: Reprodução Inaldo Fotografias 13
O algodão no início do século XX foi
para Serra Branca a principal atividade responsável pelo crescimento da cidade.
Além de beneficiar os produtores, os
agregados e os meeiros, também contribuiu para utilização de um meio de
transporte onde pudesse escoar a produção para Campina Grande. É nesse sentido
que vão atuar os transportadores de algodão, ou seja os caminhoneiros.
Profissionais que vão desempenhar uma importante atividade para o
desenvolvimento de Serra Branca.
Entrevistamos a senhora Vera Lúcia
Maciel², filha do caminhoneiro Waldemar Torreão Maciel que nos contou que seu
pai criou toda família com o trabalho no caminhão, tinha uma família de seis
filhos. Transportava algodão de toda a zona rural para a usina de
beneficiamento do senhor Bento Ribeiro de Assis onde o algodão e o caroço era
transportado para Campina Grande, o maior núcleo de compra de algodão da
Paraíba. Na volta de Campina Grande o caminhão voltava cheio de mercadorias dos
comerciantes da cidade de Serra Branca. Além de transportar o algodão ,
mercadorias, casaca de angico, transportava também feirantes da cidade de Serra
Branca para as cidades circunvizinhos. Neste contexto temos o meio de
transporte o caminhão, que contribuiu para o desenvolvimento da rainha do
cariri, maneira carinhosa de mencionar Serra Branca.
2
– Entrevista concedida ao autor no dia 22 de Agosto de 2011.
14
Foto
4 – Armazém do Povo. Fonte: Reprodução Inaldo fotografias.
Com
a riqueza gerada pelo ouro branco, forma pela qual o algodão era chamado, a
cidade começou a desenvolver o comercio, onde a partir das primeiras décadas do
século XX, comerciantes começaram a abrir seus negócios onde vendiam tecidos,
louças, chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas, ferragens, produtos alimentícios
etc. Entre as principais casas comerciais deste período merecem destaques: Casa
Gaião, Wamberto Torreão e o Armazém do Povo.
Este ultimo foi fundado no inicio do
século XX, pelo comerciante Antônio Bezerra que com empreendorismo, logo
começou a desenvolver chegando a ser um dos grandes comerciantes da região.
Neste período o Armazém do Povo
tinha em torno de 25 funcionários que eram divididos em vários departamentos.
Na sua maioria mulheres, uma das características do inicio do processo
industrial, onde a maioria dos comerciantes dava preferencia a essa mão-de-obra
por ser mais barata.
Conversamos com uma das funcionárias
do Armazém do Povo, a senhora Celina Rodrigues de Araújo³, que começou a
trabalhar na década de 1950 com 12 anos de idade como fiscal na seção de
tecidos com o passar dos anos começou a trabalhar de balconista no setor onde
vendia linhas, botões, agulhas, riri e etc, depois passou para o
3
– Entrevista concedida ao auto no dia 26 de Agosto de 2011.
15
setor
de estivas onde vendia açúcar, sabão, querosene, vinagre, farinha, feijão,
rapadura, pães etc. As compras eram feitas no Recife e em Campina Grande. No
Armazém do povo os produtos ficavam nas prateleiras e o empregado ia pegar o
pedido do cliente, as embalagens eram feitas com papel de embrulho. Faziam as
contas na ponta do lápis e na hora do pagamento faziam diretamente ao
balconista que repassava ao proprietário o senhor Antônio Bezerra de Sousa e
quando era fiado anotava-se numa caderneta para pagar por mês. Além dos
clientes da cidade tinham os clientes da zona rural, os agricultores que
compravam suas feiras todos os sábados e tinha a balconista de sua preferencia.
Além de Dona Celina trabalharam Arlinda, Lurdinha do Ahú, Marinete Oliveira,
Socorro Oliveira, Nevinha, Apolônio Bernardo, Agostinho Oliveira, Severino
Limeira, Zé Bolinha, João Higino entre outros. Trabalharou neste
estabelecimento aproximadamente por 15 anos e recebiam por comissão. Era um
estabelecimento comercial onde de tudo vendia: Tecidos, miudeza, estivas,
cereais, produtos de limpezas, chapéus três x, cosméticos, perfumaria etc.
Observamos neste período que a
cidade mantinha sua vocação para o comercio, pois era neste setor onde mais as
pessoas podiam trabalhar. E também os centros comerciais de Serra Branca eram
muito procurados pelos comerciantes das cidades vizinhas para realizarem suas
compras e revenderem nas suas cidades.
16
Foto
5 – Construção da Cadeia Fonte:
Reprodução Inaldo Fotografias.
A
cadeia pública de Serra Branca foi fundada na segunda metade do século XX, no
governo de José Américo de Almeida. Neste sentido o poder público promove
intervenções voltadas para área de segurança.
Percebemos que a cidade começa a se
desenvolver com as construções de casarões, casas comerciais, escolas, armazéns
e cadeia.
A partir deste crescimento no espaço
urbano, vamos constatar o aumento dos problemas sociais, como por exemplo a
criminalidade, que é um produto das desigualdades sociais.
Neste contexto a cadeia pública
destina-se ao recolhimento de presos provisórios que cada comarca terá, a fim
de resguardar o interesse de administração da justiça criminal e a permanência
de preso em local próximo ao seu meio social e familiar.
É notório que essas construções
públicas geram um grande numero de empregos, proporcionando assim trabalho e renda para um grande numero de trabalhadores.
17
Na construção da cadeia pública de
Serra Branca foram utilizados aproximadamente 26 profissionais dentre
pedreiros, carpinteiros, serventes, mestres de obra etc. fazendo com que a
cidade se desenvolvesse e seus
habitantes tivessem uma fonte de
trabalho para suprir as suas necessidades.
Foto
6 – Seu Januncio e o motor que fornecia energia. Fonte: Reprodução Inaldo
fotografias
A
iluminação pública e privada de Serra Branca teve seu inicio em 1936, a partir
de um motor de caminhão. Algum tempo depois, a energia passou a ser gerada por
vapor à lenha, pertencente ao senhor Francisco Moreira de Albuquerque,
instalado num salão À rua José Morais, vizinho à casa do senhor Gedeão
Maracajá. Depois voltou a ser fornecido
por motor de caminhão. Foram operadores desses motores o senhor Raul da Costa
Leão, que ligava das 18:00 horas às 23:00 horas, às 22 e 30 horas era dado um
sinal, avisando que meia hora depois, a luz ia se apagar. Todas as pessoas que
estavam na rua, inclusive as moças, já sabiam que tinha que voltar para suas
casas, pois após às 23:00 horas, a cidade estava escura e silenciosa. A energia
era cobrada pelo número de lâmpada que tivesse em cada residência. Outro
operador de motor foi o senhor Januncio Rodrigues de Sousa que trabalhou no
motor até a sua substituição pela energia elétrica vindo da hidrelétrica de
Paulo Afonso.
No governo do prefeito Álvaro
Gaudêncio Filho (1964-1969) a cidade de Serra Branca atravessou uma fase de
plena modernização. Neste período construiu o mercado público, o hospital e
Maternidade Alice Gaudêncio, grupos escolares do Pilão,
18
Várzea
Nova e Serrinha. Implantou o calçamento em várias ruas, eletrificações da cidade
através da hidrelétrica de Paulo Afonso, doações de terrenos a família carentes
e a construções de moradias.
Foto
7 – Ferreiros trabalhando. Fonte: reproduções Inaldo fotografias.
Ferreiro
é o profissional que trabalha com metais. Os metais são substância compostos
por elementos químicos, que tem características parecidas, como por exemplo, a
condutibilidade, a maleabilidade e a tenacidade, além de suas especificidades.
O ferreiro é o responsável por moldar os metais, consertar e produzir objetos
do material. O ferreiro trabalha sempre com metais, com seu manuseio, com a
produção de peças e consertos. Pode trabalhar como aprendiz, em oficinas de
outro ferreiros, por conta própria em sua oficina, em associações com outro
profissionais como em cooperativas ou até mesma em grandes fábricas de peças de
metais.
Na segunda metade do século XX,
vamos ter em Serra Branca um número significativo destes profissionais,
chegando a ter nome de rua com o nome de um dos objetos feitos pelos mesmo que
era o beco da foice, hoje a rua chama-se Bento Ribeiro de Assis.
19
Entrevistamos o senhor Robson
Feitosa dos Santos4 que é filho de um dos
mais destacado profissionais deste oficio que era o senhor João Gonçalves mais
conhecido por Ti vila. Ele nos contou que todos os filhos de Ti vila, no total
12, foram criados trabalhando de ferreiro, pois existia muito trabalho para
ferreiro, o trabalho era valorizado e os custos eram poucos. Basicamente para
um ferreiro, o trabalho precisa de um ajudante e a matéria prima era metais que
se arrumava nas sucatas e o carvão de jurema preta era feito pelo próprio
ferreiro, pois ele sabia a hora certa de apagar a fogueira, geralmente com
areia, pois muitas vezes não tinha água no lugar que tinha jurema.
A jurema preta era a escolhida, pois
da um fogo de alta temperatura e não deixa cinzas. As ferramentas utilizadas em
sua oficina eram principalmente o fole, a bigorna, martelos de diferentes pesos
e formatos e limas. O seu trabalho era basicamente fabricar foices, enxadas,
machados, chocalhos, marca para ferrar animais, chibancas, picaretes, alavancas
e até mesmo a fabricações de espingardas sovaqueiras, mas o melhor momento e
que se ganhou muito dinheiro foi quando começou a fabricação de esporas, pois
na região não tinha ninguém para concorrer. A fabricação de esporas gerou
bastante emprego, chegando no melhor momento, a tenda (assim chamava-se a
oficina),
a
trabalharem com dez a doze homens amolando esporas por produção.
Toda essa fabricação de esporas era levada
para Campina Grande na feira central, pois o comprador já era certo. Nessa
época o seu ajudante de confiança era Maurício Fernandes mais conhecido por
Mauricio de Azougue, pois só ele segundo seu João sabia de todo o traquejo para
malhar o ferro. Uma técnica bastante usada por seu João e que chamava atenção
até mesmo dos outros ferreiros era a de caldear, ele emendava as peças quando
as duas partes estavam incandescentes. Hoje para emendar utiliza-se a solda
elétrica.
Robson Feitosa dos Santos mais
conhecidos por Cacá foi quem deu continuidade a profissão de ferreiro, isso em
1976, começando dos 10 anos a puxar o fole, mais tarde começou a fazer serviço
de serralharia, pois os serviços de ferreiro estavam extintos. Nos dias de hoje
a tenda ainda existe e quem toma conta é Maurilio Fernandes (naninhas) o filho
do ajudante Mauricio Fernandes.
4
– Entrevista – concedida ao auto no dia 31 de agosto de 2011.
20
5 – Considerações Finais
É notário constatar as mudanças e o
desenvolvimento ao longo dos anos evidenciados através destas fotografias,
mostram uma cidade em constante movimento através da força do trabalho, e
também pela dinâmica proporcionada pela efervescência e surgia no âmbito do
desenvolvimento de uma cidade.
Por fim, mostramos que as
fotografias são importantes fontes de imagens, de registro temporais e
espaciais para a compreensão da história das cidades.
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7
– REFERÊNCIAS
ARAÚJO,
Juarez Ribeiro (org) Projeto Matimoré. Serra Branca: Escola Estadual Ensino
Fundamental e Médio Senador José Gaudêncio, 2005.
BARTHES,
Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984
BENJAMIN,
Walter. Magia e Técnica Arte e política. São Paulo Brasiliense, 1994.
DINIZ,
Ariosvaldo da Silva: A Maldição do Trabalho. João Pessoa: Manufatura, 2004.
MOTA,
Myrian Becho. Das cavernas ao terceiro milênio: São Paulo: Moderna, 2005
SOUSA,
Estelita Antonino de Fatos Históricos de Serra Branca. Serra Branca: 2008.
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