terça-feira, 6 de agosto de 2019

5 de agosto de 1976 - Noite de estréia do The Frenetic Dancing Days Discotheque.

Os convites traziam os versos de Mário Quintana chamando para a noite de estréia do The Frenetic Dancing Days Discotheque, marcada para o dia 5 de agosto de 1976 no 4º andar do deserto Shopping Center da Gávea. Dancemos todos, dancemos, amadas, mortos, amigos, dancemos todos até não mais saber-se o motivo.
Era uma idéia arriscada de Nelsinho Motta, num lugar sem nenhum charme, mas discoteca era a última novidade em Nova Iorque e Nelsinho tinha importado não só a idéia como trazido uma bola espelhada, refletores, equipamento de som e discos, “muitos discos de Gloria Gaynor, Andrea True Connection, Tavares, os hits do momento.
Os dias de rock estavam ficando para trás, as noites eram de dança, de uma música com pulsação forte e contínua, feita de melodias simples e vocais elaborados, com arranjos luxuosos de cordas e metais, uma música com ênfase no ritmo e na sensualidade, feita exclusivamente para dançar.”
Era a disco music que aterrissava com tudo no Brasil. Com a inauguração da nova casa de shows e de dança, entraram em cena as Frenéticas, seis mulheres — Sandra, Regina, Leiloca, Lidoka, Dudu e Edir — soltando suas feras. Elas eram um misto de garçonetes, cantoras e atrizes, exageradas e picantes que, na noite de estréia, esquentaram o clima local vestidas com malhas colantes de lurex prateado, do pescoço aos pés, de saltos altíssimos e bocas vermelhas.
Bem, elas tinham vindo para acender a libido geral, abrindo suas asas sobre nós, cantando "Perigosa"*, que explodiu de norte a sul do país assim que começou a tocar nas rádios — e acabaram botando fogo no circo.
"Eu sei que eu sou bonita e gostosa e sei que você me olha e me quer. Eu sou uma fera de pele macia. Cuidado, garoto, eu sou perigosa!"
Nessa mesma noite da estréia, Rita Lee também subiu ao palco para apresentar sua nova banda, novo show e nova música em parceria com Paulo Coelho, "Arrombou a Festa" — uma versão atualizada e debochada da "Festa de Arromba" da jovem guarda. “Ai, ai meu Deus, o que foi que aconteceu com a música popular brasileira?”.
Foi um sucesso.
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FONTE: Nelson Motta em "Noites tropicais", citado por Lucy Dias em "Enquanto corria a barca"

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