Os convites traziam os versos de Mário Quintana chamando para a
noite de estréia do The Frenetic Dancing Days Discotheque, marcada para o
dia 5 de agosto de 1976 no 4º andar do deserto Shopping Center da
Gávea. Dancemos todos, dancemos, amadas, mortos, amigos, dancemos todos
até não mais saber-se o motivo.
Era uma idéia arriscada de Nelsinho Motta, num lugar sem nenhum charme,
mas discoteca era a última novidade em Nova Iorque e Nelsinho tinha
importado não só a idéia como trazido uma bola espelhada, refletores,
equipamento de som e discos, “muitos discos de Gloria Gaynor, Andrea
True Connection, Tavares, os hits do momento.
Os dias de rock
estavam ficando para trás, as noites eram de dança, de uma música com
pulsação forte e contínua, feita de melodias simples e vocais
elaborados, com arranjos luxuosos de cordas e metais, uma música com
ênfase no ritmo e na sensualidade, feita exclusivamente para dançar.”
Era a disco music que aterrissava com tudo no Brasil. Com a inauguração
da nova casa de shows e de dança, entraram em cena as Frenéticas, seis
mulheres — Sandra, Regina, Leiloca, Lidoka, Dudu e Edir — soltando suas
feras. Elas eram um misto de garçonetes, cantoras e atrizes, exageradas e
picantes que, na noite de estréia, esquentaram o clima local vestidas
com malhas colantes de lurex prateado, do pescoço aos pés, de saltos
altíssimos e bocas vermelhas.
Bem, elas tinham vindo para acender
a libido geral, abrindo suas asas sobre nós, cantando "Perigosa"*, que
explodiu de norte a sul do país assim que começou a tocar nas rádios — e
acabaram botando fogo no circo.
"Eu sei que eu sou bonita e
gostosa e sei que você me olha e me quer. Eu sou uma fera de pele macia.
Cuidado, garoto, eu sou perigosa!"
Nessa mesma noite da estréia,
Rita Lee também subiu ao palco para apresentar sua nova banda, novo
show e nova música em parceria com Paulo Coelho, "Arrombou a Festa" —
uma versão atualizada e debochada da "Festa de Arromba" da jovem guarda.
“Ai, ai meu Deus, o que foi que aconteceu com a música popular
brasileira?”.
Foi um sucesso.
.....
FONTE: Nelson Motta em "Noites tropicais", citado por Lucy Dias em "Enquanto corria a barca"
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