sexta-feira, 28 de junho de 2019

“O MESTRE DOS MACACOS”

No estado feudal de Chu, um velho sobrevivia mantendo macacos ao seu serviço. O povo de Chu o chamava de “ju gong” (mestre dos macacos). Todas as manhãs, o velho reunia os macacos no seu pátio, e dava ordem ao mais velho para liderar os outros até as montanhas para colher frutos de arbustos e árvores. A regra era que cada macaco tinha que dar um décimo de sua colheita ao velho. Aqueles que não conseguissem fazê-lo seriam chicoteados impiedosamente. Todos os macacos sofriam amargamente, mas não se atreviam a reclamar.
Um dia, um pequeno macaco perguntou aos outros macacos: “Foi o velho quem plantou todas as árvores de fruto e arbustos?” Os outros disseram: “Não, eles cresceram naturalmente.” O pequeno macaco ainda perguntou: “Não podemos colher os frutos sem a permissão do velho?” Os outros responderam: “Sim, todos nós podemos,” O pequeno macaco continuou: “Então, por que devemos depender do velho; por que todos nós devemos servi-lo?”
Antes que o pequeno macaco pudesse terminar sua declaração, todos os macacos de repente se tornaram iluminados e despertos. Naquela mesma noite, vendo que o velho tinha adormecido, os macacos derrubaram todas as barricadas da paliçada em que estavam confinados e destruíram totalmente a paliçada. Eles também levaram os frutos que o velho tinha em stock, trouxeram todos eles consigo para a floresta, e nunca mais retornaram. O velho finalmente morreu de inanição.
Alguns homens no mundo governam seus povos por meio de truques e não através de princípios justos. Eles não são exactamente como o mestre dos macacos? Eles não estão conscientes das suas confusões mentais. Assim que seus povos se tornam iluminados, seus truques não funcionam mais.”
Parábola chinesa do século XIV de autoria de Liu Ji, retirado do livro de Domingos da Cruz, em “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura” Filosofia Política da Libertação para Angola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário