O autor inglês destaca que na América Latina o 1º de Maio é associado a uma “celebração dos mártires”, principalmente os “mártires de Chicago” – e até hoje muita gente aceita essa versão. Houve uma série de manifestações, em 1886, nesta cidade americana, em que milhares de trabalhadores protestavam contra as condições de trabalho e a carga horária pela qual eram submetidos (13 horas diárias). A greve paralisou os Estados Unidos. Houve confrontos com a polícia e muitos manifestantes morreram. Os protestos ficaram conhecidos como a Revolta de Haymarket. Em 1891, na França, houve um acontecimento semelhante. Uma manifestação de trabalhadores foi duramente reprimida na chamada “Fusillade de Fourmies” (Fuzilamento de Fourmies).
Hobsbawm afirma que a origem exata da comemoração é menos importante que seus aspectos simbólicos. Com o tempo, o sentido inicial do 1º de Maio – a redução da jornada de trabalho – passou para segundo plano, e a data se tronou uma afirmação anual da presença de classe. Uma comemoração com raízes populares e a única associada exclusivamente ao proletariado. O Dia do Trabalho carrega também um elemento festivo, tornando-se também uma oportunidade para o trabalhador se divertir e confraternizar. Ainda hoje, sindicatos e organizações programam shows, sorteios e outras distrações.
A data adquiriu, ao longo da História, uma força simbólica muito grande – apesar das desconfianças iniciais dos líderes trabalhistas em relação aos seus aspectos mais festivos. Quando os bolcheviques chegaram ao poder, na Rússia, em 1917, o Dia do Trabalho logo foi incorporado ao calendário oficial. Hobsbawm lembra que Hitler percebeu a importância e o peso do 1º de Maio, transformando-o em feriado nacional e tornando suas comemorações oficiais em 1933.
No Brasil, somente em setembro de 1925 a data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do presidente Artur Bernardes – o que demonstra o crescimento dos movimentos operários na época (lembremos da greve geral de 1917 e das que se seguiram). Getúlio Vargas soube aproveitar o simbolismo da comemoração: em 1º de maio de 1940, o presidente instituiu o salário mínimo; no mesmo dia, um ano depois, seria criada a Justiça do Trabalho. – Márcia Pinna Raspanti
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