sábado, 25 de maio de 2019

A REVOLTA ESCRAVA DE CARRANCAS - 1833.

A Revolta de Carrancas teve início no dia 13 de maio de 1833 nas propriedades da família Junqueira, localizadas ao Sul de Minas Gerais. A revolta começou na Fazenda Campo Alegre, de Gabriel Francisco Junqueira, que era um dos principais políticos da Facção Liberal Moderada e eleito deputado em 1831.
Na parte da manhã, os escravos já haviam tirado o leite e alimentado os animais, como bois vacas e cavalos. E a partir do meio-dia estavam trabalhando na roça, cuidando das plantações de milho, feijão, arroz, etc. Aquela tarde de 1833 seria fatídica e histórica.
O local estava sob os cuidados do filho do deputado, Gabriel Francisco de Andrade Junqueira, que na ausência do pai tomava conta dos negócios da fazenda. Ao meio-dia, como de costume, ele foi até a roça para supervisionar o trabalho dos cativos. Pediu para um escravo arriar o seu cavalo e saiu em direção à roça. Ao chegar lá não notou nada de estranho, porém a normalidade era apenas ilusória. Ainda montado em seu cavalo, ele foi surpreendido pelos escravos, liderados por Ventura Mina, que mataram-no com várias porretadas na cabeça.
Gabriel nesse momento era juiz de paz do distrito de São Tomé das Letras. Os escravos não atacaram a sede da fazenda Campo Alegre porque o terreiro da casa-grande estava fortalecido por capitães do mato. O grupo, então, se dirigiu à Fazenda Bela Cruz e se uniu a outros escravos daquela propriedade e assassinaram vários integrantes da família de José Francisco Junqueira, irmão do deputado, inclusive três crianças. O momento mais grave da revolta teve como palco a Fazenda Bela Cruz. Os escravos invadiram a propriedade e investiram diretamente contra José Francisco Junqueira e sua esposa Antônia Maria de Jesus, que se refugiaram em um quarto, mas não conseguiram escapar. O vassalo Antônio Retireiro pegou um machado na senzala e o entregou a Manoel das Vacas, que ficou tentando arrombar a porta enquanto Antônio voltou a senzala para buscar um revólver carregado. Após arrombarem a porta do cômodo, Antônio disparou no rosto de José Francisco Junqueira. Além disso, todos os outros presentes no quarto foram massacrados, como a mulher, filhas e netas de José
Ana Cândida Costa, viúva de José Francisco Junqueira, foi a próxima vítima. Ela foi assassinada a golpes de foice no quintal da fazenda pelos escravos Sebastião, Pedro Congo, Manoel Joaquim e Bernardo. Ana foi encontrada em um estado deplorável, seu rosto estava desfigurado e sua cabeça não estava unida ao corpo. Além dela, mais três crianças também foram mortas com requintes de crueldade. Uma das testemunhas interrogadas sobre o caso, Raimundo José Rodrigues, afirma que mesmo depois de mortos as vítimas foram castradas e tiveram as mãos machucadas com pedras.
Os escravos rebeldes de Carrancas após serem capturados foram punidos. Dezesseis foram condenados à pena de morte por enforcamento e executados em praça pública. Alguns foram condenados como cabeça da revolução, de acordo com o Artigo 113 do Código Criminal que determinava pena de morte para crimes assim. Outros foram punidos pelo crime de homicídio qualificado, segundo o Artigo 192 do mesmo código.

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