A Revolta de Carrancas teve início no dia 13 de maio de 1833 nas
propriedades da família Junqueira, localizadas ao Sul de Minas Gerais. A
revolta começou na Fazenda Campo Alegre, de Gabriel Francisco
Junqueira, que era um dos principais políticos da Facção Liberal
Moderada e eleito deputado em 1831.
Na parte da manhã, os escravos
já haviam tirado o leite e alimentado os animais, como bois vacas e
cavalos. E a partir do meio-dia estavam trabalhando na roça, cuidando
das plantações de milho, feijão, arroz, etc. Aquela tarde de 1833 seria
fatídica e histórica.
O local estava sob os cuidados do filho do
deputado, Gabriel Francisco de Andrade Junqueira, que na ausência do pai
tomava conta dos negócios da fazenda. Ao meio-dia, como de costume, ele
foi até a roça para supervisionar o trabalho dos cativos. Pediu para um
escravo arriar o seu cavalo e saiu em direção à roça. Ao chegar lá não
notou nada de estranho, porém a normalidade era apenas ilusória. Ainda
montado em seu cavalo, ele foi surpreendido pelos escravos, liderados
por Ventura Mina, que mataram-no com várias porretadas na cabeça.
Gabriel nesse momento era juiz de paz do distrito de São Tomé das
Letras. Os escravos não atacaram a sede da fazenda Campo Alegre porque o
terreiro da casa-grande estava fortalecido por capitães do mato. O
grupo, então, se dirigiu à Fazenda Bela Cruz e se uniu a outros escravos
daquela propriedade e assassinaram vários integrantes da família de
José Francisco Junqueira, irmão do deputado, inclusive três crianças.
O momento mais grave da revolta teve como palco a Fazenda Bela Cruz. Os
escravos invadiram a propriedade e investiram diretamente contra José
Francisco Junqueira e sua esposa Antônia Maria de Jesus, que se
refugiaram em um quarto, mas não conseguiram escapar. O vassalo Antônio
Retireiro pegou um machado na senzala e o entregou a Manoel das Vacas,
que ficou tentando arrombar a porta enquanto Antônio voltou a senzala
para buscar um revólver carregado. Após arrombarem a porta do cômodo,
Antônio disparou no rosto de José Francisco Junqueira. Além disso, todos
os outros presentes no quarto foram massacrados, como a mulher, filhas e
netas de José
Ana Cândida Costa, viúva de José Francisco
Junqueira, foi a próxima vítima. Ela foi assassinada a golpes de foice
no quintal da fazenda pelos escravos Sebastião, Pedro Congo, Manoel
Joaquim e Bernardo. Ana foi encontrada em um estado deplorável, seu
rosto estava desfigurado e sua cabeça não estava unida ao corpo. Além
dela, mais três crianças também foram mortas com requintes de crueldade.
Uma das testemunhas interrogadas sobre o caso, Raimundo José
Rodrigues, afirma que mesmo depois de mortos as vítimas foram castradas e
tiveram as mãos machucadas com pedras.
Os escravos rebeldes de
Carrancas após serem capturados foram punidos. Dezesseis foram
condenados à pena de morte por enforcamento e executados em praça
pública. Alguns foram condenados como cabeça da revolução, de acordo
com o Artigo 113 do Código Criminal que determinava pena de morte para
crimes assim. Outros foram punidos pelo crime de homicídio qualificado,
segundo o Artigo 192 do mesmo código.
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