domingo, 3 de março de 2019

Origens do carnaval na Idade Média.

Por ter sido proibido, condenado como um pecado, o riso tornou-se uma forma de reação contra a opressão.
Fora da ideologia oficial, o culto ao riso, à alegria, aos prazeres acontecia em, pelo menos, duas festas populares: a festa dos loucos e a festa do asno. Eram festividades realizadas nas ruas nas quais as pessoas se permitiam todas as transgressões possíveis: excessos na comida, embriaguez, gestos obscenos, nudez e, logicamente, muito riso.
A princípio a festa dos loucos era realizada dentro das igrejas. Quando foi proibida, passou a se realizar nas tavernas e nas ruas.Durante a festa dos loucos, as pessoas abusavam da bebida e da comida, perdiam o pudor, travestiam-se, riam abandonando a atitude geralmente séria. Usavam as roupas do avesso e colocavam as calças na cabeça.
Mas, o que é mais importante: havia uma inversão do papel que os estamentos sociais representavam. A ordem social, defendida como natural pelos poderosos, era subvertida nos dias de festa. Se na maior parte do ano os camponeses aceitavam com submissão o reinado de terror imposto pelos senhores, durante as festas eles revelavam seu descontentamento, sua indignação com a exploração a que eram submetidos. É como se, durante esses pandemônios públicos, os servos revelassem a consciência que tinham da injustiça social em que viviam.
As festas populares se opunham ao imobilismo social que definia o lugar de cada um na sociedade de acordo com o seu nascimento, sem oferecer a possibilidade de mudança. Também se opunham à rigidez conservadora do regime e das concepções estabelecidas, que não podiam ser contestadas.
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- ARTE: "O Festival dos Tolos" - Pieter Bruegel, o Velho

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