Cada povo possui uma língua própria e a comunicação entre povos
diferentes não é fácil. Para se ter ideia de tamanha diversidade temos
os “Kaiapó, povo do Alto Xingu, falam uma língua do tronco linguístico
Macro-Jê, ao passo que os Guarani falam uma língua pertencente ao tronco
Tupi. A diferença entre essas duas línguas é comparável àquela
existente entre o português e o alemão, ou seja, ninguém se entende. Os
Kaiapó, no entanto, podem estabelecer um
nível mínimo de comunicação com representantes do povo Xerente, uma vez
que ambos falam línguas de um mesmo tronco linguístico.”
“E o que
são troncos linguísticos? Os povos indígenas costumam ser agrupados por
afinidades linguísticas. A linguística é a disciplina que analisa as
línguas, procurando organizá-las em famílias e troncos, de modo a
desvendar origens comuns e divergências que surgiram com o passar do
tempo. A língua portuguesa, por exemplo, faz parte de um tronco
linguístico de origem latina, assim como o espanhol e o italiano. Com as
línguas indígenas, acontece algo semelhante.”
“No Brasil, foram
identificados três grandes troncos linguísticos entre as línguas
indígenas: Tupi, Macro-Jê e Karib. Além destes, foram repertoriadas
também algumas famílias linguísticas e línguas isoladas, ou seja,
línguas que não possuem qualquer semelhança com as demais, como é o caso
daquela falada pelos Tikuna. Trata-se de línguas portadoras de poesia,
música, ideias e tecnologias, entre outros saberes. Assim, a diversidade
delas precisa ser considerada em toda a sua riqueza, como nos alerta a
linguista Bruna Franchetto: Assim como não há um índio genérico, mas
muitas etnias indígenas distintas, também não há apenas uma língua
indígena.
Fonte: Collet, Célia Quebrando preconceitos: subsídios
para o ensino das culturas e histórias dos povos indígenas / Célia
Collet, Mariana Paladino, Kelly Russo. – Rio de Janeiro : Contra Capa
Livraria; Laced, 2014. 110p. : il. (Série Traçados, v. 3). Fotografia:
Kristine Stenzel| Reprodução.
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