quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Reunião histórica em Serra Branca.

Thomas Bruno Oliveira
Festa de padroeira é um acontecimento especial, principalmente no que se refere às cidades de nosso interior. É um momento que propicia o reencontro de quem mora distante com seus familiares e amigos. Reencontros apaixonados, carinhosos, ternos, todos unidos em uma festança só, mas não é só isso: para quem vem de fora, as mudanças da urbe são mais sensíveis, é também um (re)encontro com seu cantinho, seu lugar. Aproveitando a época festiva, marcamos a nossa reunião de confraternização do Instituto Histórico e Geográfico de Serra Branca – IHGSB exatamente na véspera de sua padroeira, a Nossa Senhora da Conceição, que é celebrada no dia oito de dezembro e que, aliás, é festejada em várias cidades do Cariri histórico como Sumé, Cabaceiras, Pocinhos, Campina Grande e a própria Serra Branca.
Segui para a Rainha do Cariri sozinho. E sempre que vou ao Cariri, ao meu Mundo-Sertão, sou absorvido por uma infinidade de sensações que enchem meu peito de emoção. É algo mais profundo do que aquela impressão de estar chegando em casa... é um sentimento de pertença àquele chão, aqueles rincões, algo dificílimo de explicar. Vou tateando, procurando e reconhecendo seus signos e contornos, e a viagem depois da virada do sol – depois do pingo do meio dia – é reveladora! Os galhos secos da caatinga parecem se inclinar para oeste procurando o sol, ficando numa posição obliqua para receber menos raios solares, menos calor, sábia caatinga. Os ventos uivam varrendo a poeira e formando breves nuvens que encobrem o horizonte em véu, quando não fazem pequenos redemoinhos (lá vai Comadre Fulozinha...); não sei o porquê, mas aquele cenário tem um cheiro de passado, de antigo, de ancestral.
Aquelas serras distantes, tendo suas cumeadas beijadas por nuvens esparsas que parecem brincar em meio a imensidão azul, um cenário ímpar que nos leva a reflexão; como é magnífica a natureza e quanto somos miúdos diante de tanta beleza e generosidade. Na margem do Rio Taperoá, ao passar a ponte na “Travessia”, não vemos mais água e sim pedras que de tão lisas refletem o sol de maneira tão intensa que chegam a se esconder e se confundir com a areia fina e branca do rio. A BR 412 vai ganhando aquele Mundo-Sertão, em certo momento ela se alinha com a Serra do Saco, parece buscá-la. No seu chão, dentre os minerais que formam o asfalto se sobressai a mica que, fragmentada, proporciona um espetáculo de brilho ao momento em que reflete o astro rei, até parece um chão de estrelas... E a sentinela, a Craibeira de Daniel Duarte, parei ali e fitei os raios solares tomarem conta da Serra Branca, grande formação rochosa quase que completamente desnuda de sedimento e vegetação que pode ser visto de bem longe. Seu dorso convexo reflete os raios solares a destacando em meio às serras do horizonte. N’aquele olhar, eu imaginava o quão especial seria a reunião no início da noite e de fato foi o que aconteceu.
A reunião solene lotou o pátio da Escola Vasconcelos Brandão, o maior público de todas as reuniões que fizemos! De início a Orquestra Maria Guimarães, regida pelo Maestro Raniery, desfilou nos arredores da escola e na reunião iniciou tocando o hino de Serra Branca. Momento de pura e verdadeira emoção. O seu compositor, Paulo Lopo Saraiva, que tomou posse naquela noite na cadeira nº 09, era um dos mais emocionados. Cantava o hino com força, alegria e orgulho, fazia gestos e vibrava balbuciando “viva Serra Branca!”, gesto bonito de se ver, assim como foi seu belo discurso de posse. Tivemos as falas do Presidente de honra Berilo Borba, do Prefeito Vicente Fialho de Souza Neto (Souzinha) e do Presidente do Instituto Prof. José Pequeno. Através delas foi dito ao público sobre a reunião que houve durante a tarde entre o Prefeito e uma comissão do IHGSB onde foi firmado o compromisso da Prefeitura em viabilizar uma sede provisória para nossa Casa de Memória, algo notável para nossos objetivos já que nossa sede, a Casa dos Borba, não possui ainda condições de ser ocupada. Por fim, o palestrante da noite, o amigo Daniel Duarte, se dedicou a fazer um esboço das padroeiras e padroeiros do nosso Cariri histórico, uma rica aula de história eclesiástica de nossas terras.
Após a reunião, fui observar a festividade. A praça estava bem movimentada numa paisagem de interior aconchegante e bela. Para o dia seguinte, outra festa! Sumé nos esperava para a reunião de aniversário do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri e inauguração do Memorial São Thomé do Sucurú, mas aí já é outra história.
#SerraBranca

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