Em nome da ciência, 27 pesquisadores e aventureiros perderam a vida
no interior do Brasil, entre 1821 e 1829. Eles participaram de uma
expedição audaciosa, que pretendia coletar amostras da fauna e da flora
do país e também conhecer os costumes dos povos nativos. O objetivo até
foi alcançado: a coleta de espécimes deu origem ao Herbário do Museu
Nacional, que sobreviveu ao incêndio que destruiu o edifício, no Rio de
Janeiro, em setembro. Mas a epopeia foi muito mais perigosa e fatal do
que os organizadores podiam imaginar.
Financiada pelo czar
Alexandre I, imperador da Rússia, a viagem foi batizada segundo o nome
de seu principal líder, o naturalista Georg Heinrich von Langsdorff.
Participaram dela, além de pesquisadores respeitados como Lodwig Reidel,
Edouard Ménétriés e Nester Rubtsov, também artistas do porte de
pintores Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay e Hércules Florence.
A viagem percorreu seis estados brasileiros, somando um total de 17 mil
quilômetros. Começou em Porto Feliz (SP) e seguiu até o Amazonas,
passando por Cuiabá. Partiu com 39 pessoas e terminou com apenas 12.
Segundo a historiadora, professora e autora do livro Bastidores da
Expedição Langsdorff, Maria de Fátima Costa, “o ambiente não era dos
mais harmoniosos. Houve muitos conflitos. O primeiro deles com Rugendas.
O pintor e Langsdorff se desentenderam várias vezes”. Rugendas acabou
sendo expulso da expedição e levou de volta para a Europa 500 de suas
ilustrações.
O caminho turbulento
Os caminhos percorridos
foram marcados de intensos conflitos com a natureza. "Apesar do
orçamento generoso e da equipe maravilhosa", afirma a historiadora,
"Langsdorff não contava com uma série de percalços. Já imaginou
atravessar rios encachoeirados a bordo de canoas? A travessia do
Juruena, no Mato Grosso, foi das mais perigosas. Uma verdadeira
odisseia. Muitas vidas se perderam".
Em 1828, um ano antes da
expedição acabar, Langsdorff foi infectado por malária e começou a
apresentar indícios de loucura. O último registro escrito do líder da
expedição foi: “Precisamos apressar nossa marcha. Temos ainda de
atravessar lugares perigosos. Se Deus quiser, hoje continuaremos nossa
viagem. As provisões minguam a olhos vistos, mas ainda temos pólvora e
chumbo". Langsdorff sobreviveu.
Um ano antes do esperado, em 1829
a expedição se encerrou. Foram levados diversos achados da terra
brasileira para o Império Russo, entre eles animais empalhados, amostra
de plantas nativas, mais de 800 documentos e as ilustrações que se
localizam na Academia de Ciências de Leningrado (atual São Petersburgo),
onde foram esquecidas.
O diário de Langsdorff foi descoberto
apenas em 1930 e publicado em 1998. O grupo de pesquisadores que
participou da exposição inspirou mais de 400 livros em 10 idiomas
diferentes.
Apenas uma fração do material coletado ficou no
Brasil. É mais fácil localizar as amostras em dezenas de diferentes
museus da Europa."
AUTORIA: Mariana Ribas
FONTE: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/…/expedicao-langsdor…
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