Com a abdicação e morte de seu pai em 1834, D. Pedro II herda essas
terras, que passam por vários arrendamentos, até que Paulo Barbosa da
Silva, Mordomo da Casa Imperial, teve a iniciativa de retomar os planos
de Pedro I, de construir um palácio de verão no alto da serra da
Estrela. Era uma vultosa empreitada que iria consumir consideráveis
investimentos públicos e privados nos anos seguintes, mas o Império, na
década 1840-50, estava em boa condição financeira, com o afastamento dos
ingleses da nossa economia, com a proibição do tráfego negreiro, que
liberava capitais para investir e, principalmente, com o “boom” do café.
O Mordomo já tinha mandado o engenheiro alemão Júlio Frederico Koeler
construir a Estrada Normal da Serra da Estrela para tornar possível o
acesso de carruagens à Fazenda do Córrego Seco, uma vez que o Caminho
Novo era apenas para tropas de mulas. Paulo Barbosa e Koeler
elaboraram um plano para fundar o que ele denominou “Povoação-Palácio de
Petrópolis”, que compreendia a doação de terras da fazenda imperial a
colonos livres, que iriam não só levantar a nova povoação, mas, também,
seriam produtores agrícolas. Assim nasceu Petrópolis, com a mentalidade
de substituir o trabalho escravo pelo trabalho livre.
No dia 16
de março de 1843, o Imperador, que estava com dezoito anos e
recém-casado com Da. Teresa Cristina, assinou o Decreto Imperial nº 155,
que arrendava as terras da fazenda do Córrego Seco ao Major Koeler para
a fundação da “Povoação-Palácio de Petrópolis”, incluindo as seguintes
exigências:
1- Projeto e construção do Palácio Imperial.
2- Urbanização de uma Vila Imperial com Quarteirões Imperiais.
3- Edificação de uma igreja em louvor a São Pedro de Alcântara.
4- Construção de um cemitério.
5- Cobrar foros imperiais dos colonos moradores.
6- Expulsar terceiros das terras ocupadas ilegalmente.
O Major Koeler fez a planta geral da povoação-palácio, o projeto do
Palácio Imperial e, em janeiro de 1845, colocou na Bolsa de Valores as
ações da Companhia de Petrópolis, criada por ele, para a execução de
seus planos e projetos. As ações da Companhia foram vendidas em quatro
meses e dois meses após, a 29 de junho, começaram a chegar os imigrantes
alemães para se instalarem e começar o trabalho. Com recursos
financeiros e mão-de-obra livre, a construção da povoação-palácio estava
assegurada. Além disso, os governos provinciais de Caldas Vianna, em
1843, e Aureliano Coutinho, em 1845, deram integral apoio ao plano
traçado pelo Mordomo Imperial e por Koeler.
O palácio de verão
era uma tradição das monarquias europeias. A Casa de Bragança, em
Portugal, veraneava no Paço Real e no Palácio da Pena, ambos em Sintra.
No Brasil, desde de Dom João VI, a Família Imperial passava seus verões
no Convento Jesuíta de Sta Cruz, no Rio de Janeiro, tentando, sem muito
sucesso, se livrar do calor do clima de São Cristóvão. Dom Pedro II não
tinha muita simpatia nem pelo Convento, nem pela Fazenda de Sta. Cruz.
Em 1850, Dom Afonso, primeiro filho do Imperador, tinha dois anos e a
Família Imperial estava desde o Natal em Sta Cruz, quando, sem motivo
aparente, o menino apareceu morto no seu berço. O monarca ficou desolado
e tomou horror pelo Convento, decidindo nunca mais ali voltar, passando
a se interessar pelo projeto do seu mordomo. Ele conheceu a Serra da
Estrela em 1844, quando esteve na Fábrica de Pólvora. Em 1845, esteve
hospedado com a imperatriz na casa-grande do Córrego Seco, especialmente
preparada desde outubro de 1843 para recebê-lo.
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